Descarga la aplicación para disfrutar aún más
Vista previa del material en texto
i I Shola y los leones Bernardo Atxaga y. ediciones Bu Él Joaquín Turina 39 28044 Madrid ü N día, e l señor Grogó recibió l a v i s i t a d e u n a m i g o q u e había es tado v i a j ando p o r África y tenía m u c h a s ganas de c o n t a r todo l o q u e había v is to p o r allí. E l a m i g o de 7 Grogó habló m u c h o : habló d e l Sudán, de Z i m b a b u e , d e K e n i a , de N i g e r i a ; habló de l os masáis, d e l os b a t u s i s , d e l os zulúes, y también d e l jefe de u n a t r i b u d e Etiopía q u e se hacía l l a m a r A b e b e - A b a - b a - A b e b e . Y después d e h a b l a r d e todas esas c o sas , habló de l a s e l v a y de l os l e ones . 8 E l león es u n a n i m a l magníf ico d i j o e l a m i g o . E s fuer te , es p o d e r o s o , es n o - b le . E s e l Rey d e l a Se l va . E s c a p a z de v e n c e r a c u a l q u i e r o t ro a n i m a l . E s c apa z de des - t r o za r a u n c a z a d o r c o n e l ú l t imo l a t i do de s u corazón. 9 S h o l a , q u e había es tado d o r m i t a n d o e n e l sofá, l e v a n - tó s u s dos ore jas e n señal de atención: ¿qué c l a se de a n i - m a l e r a a q u e l león q u e tan to se parecía a e l la . . .? E l l a t a m - bién e r a fuer te , p o d e r o s a , n o - b l e . Y a u n q u e n u n c a h u b i e s e p e l e a d o c o n n a d i e n i v i s to ningún c a z a d o r , e s t a b a s e gu - r a de q u e todos e l l o s l a t&: mían; e s t a b a s e g u r a de q u e todos l o s a n i m a l e s y todos los c a z a d o r e s e s t a b a n e n t e r a d o s p e r o q u e m u y e n t e r a d o s - de q u e e l l a podría d e s t r u i r l o s c o n e l ú l t imo l a t i do de s u corazón. Entonces... Sho la m o - vió e l r a b o e n señal de d u - das . S i soy c o m o u n león, ¿por qué se empeña Grogó e n l l a m a r m e perrucha rato- nera? E n esas t e r r i b l e s d u d a s e s t aba S h o l a c u a n d o e l a m i g o d i o p o r t e r m i n a d a l a v i s i t a . Te acompañaré a ca sa , a m i g o d i j o e l señor G r o - gó . M e ape tece d a r u n p a - seo. ¿Vienes tú, Sho la? 13 — Y o n o r e s p o n d i ó e l l a — . . N o m e ape tece s a l i r . T engo m u c h a s cosas e n l as q u e p e n s a r . U n a vez se h u b o q u e d a d o s o l a , S h o l a observó q u e e l a m i g o de Grogó se había o l - v i d a d o u n l i b r o s o b r e e l sofá, y alargó e l c u e l l o p a r a l e e r s u título. S u corazón d i o u n 14 v u e l c o , y eso p o r q u e e n l a t a p a d e l l i b r o ponía l o q u e ponía, y l o q u e ponía e r a : El león, Rey de la Selva. 15 A q u e l l o e r a j u s t o l o q u e n e c e s i t a b a p a r a s a b e r s i e r a u n a p e r r u c h a r a t o n e r a o u n león. S h o l a abrió e l l i b r o p o r l a p r i m e r a página, y leyó l o q u e leyó, y l o q u e leyó decía: El león es un ani- mal fuerte, poderoso, noble, temido por todos. Es el indiscutible Rey de la Selva. «As í q u e todos están de acuerdo» , pensó S h o l a , r e c o r - d a n d o l o q u e había d i c h o e l a m i g o d e Grogó. 16 « T engo q u e e s t u d i a r este l i b r o a f ondo » , pensó a c o n - tinuación. Cogió e l l i b r o y l o llevó a s u e s c o n d i t e , a l s i t i o d o n d e g u a r d a b a s u s h u e s o s y s u s jugue tes . L u e g o volvió a t u m b a r s e e n e l sofá, y p e r - manec ió allí h a s t a q u e e l se - ñor Grogó es tuvo d e v u e l t a . 17 - — S h o l a — d i j o Grogó n a - d a más e n t r a r e n l a s a l a — , ¿has v is to u n l i b r o p o r aquí? M i a m i g o se l o h a de j ado o l - v i d a d o e n a l g u n a pa r t e . 18 — Y o n o h e v i s to n a d a — r e s p o n d i ó e l l a . ¿Seguro? insistió Gro - gó, q u e sabía l o m e n t i r o s a q u e e r a . — L o s a n i m a l e s p o d e r o - sos y n o b l e s c o m o yo ¡no m e n t i m o s n u n c a ! declaró S h o l a , q u e y a se sentía u n p o c o l e o n a . A p a r t i r de ese día, S h o l a mostró m u y p o c o interés p o r s u s paseos . Decía q u e n o te- nía ganas de h a c e r l o q u e había h e c h o s i e m p r e , q u e prefería q u e d a r s e e n casa . E l 19 señor Grogó se encogía d e h o m b r o s y salía so l o . ¿Qué es l o que te traes en t r e m a n o s , Sho l a ? le preguntó c u a n d o e l l a y a l l e - v a b a tres días en t e ros s i n q u e r e r s a l i r a pasea r . — ¡ N o m e traigo n a d a e n - tre garras ! respondió Sho la . P e r o sí q u e se traía a lgo e n t r e ga r ras , d igo , en t r e m a - nos . A esas a l t u r a s , S h o l a es- 20 t a b a c o n v e n c i d a p e r o q u e m u y c o n v e n c i d a — de s e r u n a l e o n a . N o l o decía e l l a , l o decía e l l i b r o : Estos poderosos ani- males son muy perezo- sos. Permanecen tum- bados durante la mayor parte del día, a la som- bra si es posible, y sólo se levantan para salir en busca de comida. « T o d o co inc ide » , p e n s a b a S h o l a a l l e e r esas cosas . « A d e m á s » , seguía p e n - 21 s a n d o , « y o s i e m p r e h e s i d o u n a p e r r u c h a r a t o n e r a r a r a . M i m a d r e m e l o decía s i e m - p r e : " S h o l a , ¡no p a r e c e s h i j a m ía ! Y o soy m u y o r d e n a d a , y tú, e n c a m b i o , ¡no sabes d e - j a r u n a c o s a én s u s i t i o ! ' ' » . 22 A h o r a todo tenía u n a ex- plicación. E l l a n o podía s e r h i j a d e s u m a d r e , e l l a n o p o - día s e r u n a p e r r u c h a ra t o - n e r a o r d e n a d a . N o podía s e r - l o p o r q u e n o e r a u n a p e r r u - c h a . E l l a e r a u n león, o u n a l e o n a , q u e p a r a e l c a so venía a s e r l o m i s m o . E l señor Grogó p r o n t o cayó e n l a c u e n t a de l os c a m b i o s q u e había e x p e r i - m e n t a d o e l c o m p o r t a m i e n t o de S h o l a . N o e r a , t a n sólo, q u e se negase a s a l i r de p a - seo ; también e r a s u m a n e r a de a n d a r , l e n t a , lentísima; s u 23 f o r m a de l e van ta r l a ca j jeza , d e u n a m a n e r a q u e parecía t e n e r tortículis; y s u f o r m a de l a d r a r , a l a q u e y a n o se l e podría l l a m a r ladrar, p u e s t o q u e S h o l a se l i m i t a b a a e m i t i r u n o s s o n i d o s c o m o de t r o m p e t i l l a afónica. E n v i s t a d e e l l o , e l señor Grogó decidió q u e n o había o t r o r e m e d i o q u e a c t u a r c o n d u r e z a . Q u i s i e r a o n o , l a s a - caría a pasea r , l a obligaría a s a l i r a l a ca l l e . C l a r o q u e sí, c ó m o n o , faltaría más, y a es- t a b a b i e n , tenía q u e a c a b a r c o n todas a q u e l l a s r a r e z a s . 24 — ¡ V a m o s a pasear a l pa r - q u e , S h o l a ! ¡Y n o m e d igas q u e n o ! — ¡ N a d i e te h a d i c h o q u e n o ! contestó S h o l a c o n to- do descaro . ¡Yo q u i e r o da r - m e u n a v u e l t a p o r l a s e l - v a ! ¿Por qué l l a m a s selva a l p a r q u e ? q u i s o s a b e r Grogó. — ¡ E s l a m a n e r a de h a - b l a r de los d e m i f a m i l i a ! ¡Por s i n o lo sabías! — P u e s n o , n o l o sabía d i jo Grogó, extrañado. 25 — ¡ P u e s a h o r a y a l o s a - b e s ! -—gritó S h o l a dirigién- dose h a c i a l a p u e r t a c o n a q u e l l a s u n u e v a m a n e r a d e a n d a r , l e n t a , lentísima, y c o n l a c a b e z a l e v a n t a d a es t i l o tor- tículis, más d e culis q u e d e torti. 26 N a d a más l l egar a l a s e l - va , d igo a l p a r q u e , S h o l a q u i - so c o m p r o b a r s i e r a v e r d a d o n o a q u e l l o de q u e todos los a n i m a l e s l a temían. Miró a l - r ededo r ,y n a d a p o r aquí, u n niño p o r allá, t res j u b i - l ados e n l a e s q u i n a , y e n l a o t r a e s q u i n a . . . , ¡en l a o t r a es- q u i n a había c a z a ! . . . — u n a b a n d a d a de p a l o m a s se a r r e - m o l i n a b a f rente a u n a a b u e - l i t a q u e les l a n z a b a m i g a s de p a n . An t e s de q u e Grogó p u - d i e r a h a c e r n a d a , S h o l a y a había s a l i d o d i s p a r a d a h a c i a allí. 28 U n i n s t a n t e después, l as p a l o m a s v o l a b a n e s p a n t a d a s y l a a b u e l i t a g r i t a b a a t odo g r i - tar . S h o l a emit ía e l s o n i d o de t r o m p e t i l l a afónica t r i u n f a n t e . E l señor Grogó tuvo q u e pe - d i r d i s c u l p a s a l a a b u e l i t a . P e r d o n e , señora, p e r o n o sé qué le p a s a . Está m u y r a r a ú l t imamente . H a s t a a h o - 29 r a , n u n c a había a t acado a las p a l o m a s . —¡Un b icho salvaje! - — g r i - t a b a l a a b u e l i t a — . ¡Eso es l o q u e e s ! ¡Un b i c h o sa lva je ! — - M u c h a s g rac i as , seño- r a ——dijo S h o l a m u y sat is fe - 30 c h a . E r a u n a salvaje, e fect i - v a m e n t e . U n a salvaje de l a se lva , e f e c t i vamente . Y t a n fe- l i z se sentía q u e n i r e p a r a b a e n l a regañina d e l señor G r o - gó. E r a fe l i z , e f e c t i vamente . Y seguía fe l i z , e fect iva- m e n t e , c u a n d o u n pa to d e l p a r q u e le echó e n c a r a l o q u e a c a b a b a de h a c e r c o n l a a b u e l i t a y las p a l o m a s . — E s o h a es tado m u y feo. E l p a r q u e es de todos , y s ob r e todo de l os patos , p o r - q u e s o m o s más de dosc i en t o s s i n o s j u n t a m o s totos, d igo , todos . 31 ¡Marcha de aquí, so p a t o ! respondió S h o l a c o n m u c h a a r r o g a n c i a — . ¡De l o c o n t r a r i o , te destruiré c o n e l ú l t imo l a t i do d e m i corazón! ¡Ni q u e fueras u n león! - — d i j o e l pa to c o n i m - p e r t i n e n c i a . 32 ¡Mírame b i e n ! d i j o S h o l a . — Y a te m i r o af irmó e l pa to , y l o q u e veo es q u e eres de c o l o r b l a n c o . ¡Que yo s epa , n o hay u n so l o león e n e l m u n d o q u e t enga ese c o l o r ! D i c h o esto , e l pa to se alejó i g u a l q u e se a l e j aba e l l a desde q u e l e y e r a e l l i b r o so - b r e l e o n e s : c o n l a c a b e z a l e - v a n t a d a , m e d i o torti, m e d i o culis, y c o n u n a n d a r lentí- s i m o . S h o l a l o v i o a le jarse l l e - n a d e preocupación. ¿Sería 33 v e r d a d q u e n o había l e ones b l a n c o s ? «Tengo q u e m i r a r l o e n e l l ibro » , pensó. D e s g r a c i a d a m e n t e , e l l i - b r o conf i rmó l o q u e había d i - c h o e l pa to . La piel del león es de color rubio, muy parecido al Juego, muy bonito. E s o e r a l o q u e decía. N o h a b l a b a de e x c e p c i o n e s p a r a n a d a . S h o l a reflexionó l a r ga - m e n t e . E l l a e r a de l a f a m i l i a 34 de los l e ones , de eso e s t a b a s e g u r a p o r todas l as c o i n c i - d e n c i a s q u e había le ído h a s - t a e n t o n c e s , pe ro . . . ¿por qué había c a m b i a d o de co l o r ? . . . P o r q u e tenía q u e h a b e r u n a razón, de eso n o cabía d u d a . « N o c a b e duda » , se d i j o . « Y o h e d e b i d o s e r r u b i a a l - g u n a v e z » . «S í , y a m e voy a c o r d a n - d o » , se d i j o u n p o c o más t a r - de . « D e pequeña, yo e r a r u - b ia » . «S í , sí, s í » , conf i rmó h o - ras más ta rde . «Ahora l o r e - c u e r d o b i e n , sí, l o r e c u e r d o 35 p e r f e c t a m e n t e . C u a n d o tenía u n o s m e s e s e r a r u b i a , m u y r u b i a . M i p i e l e r a d e l c o l o r d e l fuego, m u y b o n i t o c o l o r , sí señor. T o d o e l m u n d o m e l o decía: t i enes u n p e l o m u y b o n i t o . L o q u e p a s a es q u e m e había o l v i d a d o . N o sé c ó m o tengo uña m e m o r i a t a n m a l a » . « Ya está» , pensó a l f i n . «Ahora m e a c u e r d o de todo . Y o e r a r u b i a y luego e l p a s o d e l t i e m p o m e h a c o n v e r t i d o e n l o q u e soy, u n a l e o n a b l a n c a . L o m i s m o l e h a p a - s a d o a l v e c i n o , q u e antes te- 36 nía e l p e l o a m a r i l l o y a h o r a lo t i ene b lanco» . T ras estas a r d u a s re f l e - x i o n e s , S h o l a corrió a l c u a r t o de baño y se p u s o a r e m o v e r e l a r m a r i o . Después d e m u - c h o r e m o v e r , d i o c o n l o q u e b u s c a b a : u n botell ín c o n u n l íquido p a r a teñir e l p e l o d e r u b i o . S h o l a se l o echó p o r l a e s p a l d a . C u a n d o G r o g ó l a v i o , abrió l a b o c a d e s m e s u r a d a - m e n t e . ¡Pero, S h o l a ! ¡Qué te has h e c h o e n e l p e l o ! ¡Le h e devue l t o s u c o - 37 l o r o r i g ina l ! respondió Sho- l a s i n d i r i g i r l e s i q u i e r a u n a m i r a d a . ¿Su co lor or ig inal? ¡Pe- r o s i s i e m p r e h a s s i do u n a p e r r u c h a b l a n c a ! ¡No m e l l a m e s p e r r u - c h a ! ¡No soy u n a p e r r u c h a ! ¡Estás m u y e q u i v o c a d o ! ¿Pues qué eres , e n t o n - ces? exclamó Grogó s i n s a - l i r d e s u a s o m b r o . -—¡Soy de l a f a m i l i a de l o s l e o n e s ! — ¿ D e los l eones? ¡Pero s i los l e ones v i v en e n l a se l va ! 39 40 D e allí es d e d o n d e p r o c e d o , e f e c t i v amen te . Y d i c h o esto , S h o l a se 41 m i n a r l en to , lentísimo. A l p a - sa r p o r e l p a s i l l o , se mi ró e n e l espe jo , p u s o c a r a de f ie- r e z a y gritó: 42 •—¡ Puedo acabar c o n cua l - q u i e r a c o n e l ú l t imo l a t i do de m i corazón! T ra s estas f e roces p a l a - b r a s , emit ió u n r u g i d o , a q u e l s o n i d o c o m o de t r o m p e t i l l a afónica. Grogó había v i s to t o d a l a e s c e n a y se sentía m u y i n - q u i e t o . ¿Qué i b a a p a s a r allí? Él n o l o sabía, p e r o , p o r s i acaso , i b a a c u i d a r s e m u y m u c h o de l l e v a r l a a l p a r q u e . S h o l a e r a c a p a z de c u a l q u i e r c o s a . « D e j e m o s q u e e l t i e m p o dec ida » , pensó. 43 Y e l t i e m p o decidió, y así fue c o m o pasó: S h o l a había s e gu ido l e - y e n d o e l libró de l os l e ones , p o r a q u e l afán q u e tenía e n r e c o r d a r c ó m o había s i d o e l l a antes d e q u e l a engañaran y 44 l e h i c i e r a n c r e e r q u e e r a u n a p e r r u c h a r a t o n e r a . E s t a b a a p u n t o de t e r m i n a r e l l i b r o , c u a n d o leyó las s i gu i en t e s p a - l a b r a s : Los leones odian la cautividad, y consideran que recibir comida de manos humanas es in- digno. Todo león que se precie sale a cazar y se busca la comida por sí mismo. S h o l a asintió u n a y o t r a vez c o n l a c a b e z a , sí, sí, sí, 45 a q u e l l o e r a l a v e r d a d p u r a , e l l a se a c o r d a b a m u y b i e n . R e c o r d a b a m u y b i e n c ómo , c u a n d o e r a m u y pequeña, so - lía negarse a c o m e r d e l p l a t o p u e s t o p o r Grogó. L u e g o G r o - gó l a había ob l i gado a c o m e r , y e l l a se había a c o s t u m b r a d o . Así había o c u r r i d o todo . 46 « ¡ P e r o eso se acabó ! » , se d i jo S h o l a c o n m u c h a f i r - m e z a . « ¡Nunca más aceptaré n a d a q u e v e n g a d e m a n o s humanas ! » . E n c u a n t o e l señor Grogó volvió a c a s a , e l l a l e c o m u - nicó s u decisión. V o y a c a z a r , t e n g o h a m b r e . —¿T i enes h a m b r e ? — d i j o Grogó—. Pues espera u npoco, S h o l a ; a h o r a te p r e p a r o l a c e n a . — ¿ Q u é t e n e m o s p a r a ce- n a r ? — p r e g u n t ó S h o l a de te - niéndose e n l a p u e r t a . 47 — C a r n e p i c a d a — r e s - pondió Grogó. S h o l a dudó, dudó m u - c h o . Tenía l a impresión de 48 q u e y a olía a c a r n e p i c a d a , y l a b o c a se le hacía agua . « ¡ N o p u e d o c ede r , n i n - gún león l o har ía ! » , pensó e n t an to a p r e t a b a l os d i en t e s y p r o c u r a b a o l v i d a r a q u e l o l o r de c a r n e p i c a d a ; a q u e l o l o r t r a i c i o n e r o q u e se hacía s e n - t i r an tes de q u e r e a l m e n t e ex i s t i e ra . — C o n s i d e r o d i j o S h o - l a a l f i n q u e r e c i b i r c o - m i d a de l os h u m a n o s es u n a c o s a m u y i n d i g n a . M e voy a ca za r . Y a vendré a v i s i ta r te de vez e n c u a n d o . A n t e s de q u e Grogó r ea c - 49 c i o n a r a , S h o l a y a había. ba jado las e s ca l e r a s de l a c a s a . U n ra to d e s - pués se i n t e r n a b a e n l a se l va , d igo , e n e l p a r - q u e c e r c a n o a c a s a . « ¡Ahora, a cazar ! » , se d i jo . P e ro dec i r l o e r a u n a co- sa , y h a c e r l o o t r a . E n t r e e l d i c h o y e l h e c h o v a u n t re - 52 c h o , c o m o se s u e l e d e c i r , y ese t r e c h o e n e l c a s o de S h o l a — p a r e c í a b a s t a n t e g r a n d e . E n e l p a r q u e n o se veía n a d a . N i u n pa to , n i u n a 53 a b u e l i t a , n i u n a m i s e r a b l e p a l o m a . L a n o c h e había, a h u - yen tado a todos . « ¡ Q u é s o l i t a r i a está l a se lva ! » , pensó c o n t r i s t e za . E n ese m o m e n t o s u s t r i - pas e m i t i e r o n u n l i ge ro so - n i d o , a lgo así c o m o grrup. F u e u n g r r u p pequeñito, u n s o n i d o de n a d a , p e r o s u f i - c iente, a l cabo, p a r a a l a r m a r - l a . N o cabía d u d a : a q u e l r u i - do i n d i c a b a que sus tr ipas es- t a b a n vacías. «Me jo r será q u e m e vaya a o t r a selva» , decidió después de u n ra to . L a v e r d a d e r a 54 q u e le d a b a u n p o c o de m i e - do e l s a l i r de a q u e l l a se l va , p a r q u e o l o q u e fue ra , p e r o n o le q u e d a b a o t r o r e m e d i o . Tenía q u e s a l i r h a c i a l o d es - c o n o c i d o . « A d e m á s » , se an imó, « s i endo c o m o soy, p o d e r o s a y fuer te , n o d e b o t e n e r m i e - d o de nada» . Así, t r anqu i l i z ada , c o m e n - zó a c a m i n a r p o r u n a de las aven idas de l a c i u d a d , e n t r e l u c e s a l tas y c u b o s de b a - s u r a , e n t r e semáforos y au tos d o r m i d o s . L l e v a b a u n b u e n rato c a - 56 m i n a n d o c u a n d o divisó u n gato. ¡Un gato! gritó . ¡Caza a l a v i s t a ! — y S h o l a , e m i t i e n d o u n rug ido de t r o m - p e t i l l a , salió c o r r i e n d o h a c i a s u p r e s a . P e r o sucedió u n a c o s a m u y c u r i o s a . Ocurrió q u e e l gato a q u e l , q u e de le jos p a - recía u n gatito, resultó s e r — d e c e r c a - — u n gatazo. E l gato gatazo revolvía u n c u b o de b a s u r a , y n i s i q u i e r a se inmutó c u a n d o S h o l a rugió e n p l a n t r o m p e t i l l a a pocos m e t r o s de él. 58 « L a v e r d a d es q u e es u n gato e n o r m e » , pensó S h o l a s i n a n i m a r s e a a c o r t a r d i s - t a n c i a s . « Y además de e n o r - m e , es r a r o . E s c o m o s i fue - r a s o r d o . Sí, d ebe de s e r s o r - do . D e l o c o n t r a r i o , h u b i e r a h u i d o n a d a más oír m i s r u - g idos» . Debía de s e r s o r d o , efec- t i v a m e n t e . N o sólo n o huía. L a v e r d a d es q u e i g n o r a b a c o m p l e t a m e n t e a S h o l a . «Espero , a l m e n o s , q u e n o s e a c i ego » , se d i j o S h o l a a l t i e m p o q u e p e g a b a u n s a l - t i to p o r d e l a n t e d e l gato. 59 E l gato n o e r a c iego , e f e c t i vamente . A l f i n se d i o p o r en t e rado . M i r a , c h i q u i t a le d i - jo . Es te c u b o es mío . Así q u e y a te estás l a r gando . S h o l a i b a a c on t e s t a r l e c o n a q u e l l o d e q u e le podría d e s t r u i r c o n e l ú l t imo l a t i do d e s u corazón, p e r o optó p o r ca l l a r s e . E n r e a l i d a d , e l gato gatazo tenía razón: aquél e r a s u cubo» ¿Para qué d i s c u t i r ? ¿Acaso n o e r a b o n i t a l a a r - mon ía e n t r e l os a n i m a l e s ? ¿Entre gatos y l e ones , p o r e j e m p l o ? Sí, sí q u e e r a b o - n i t a . Además, a q u e l gato e r a m u y g r a n d e , grandísimo. — O y e d i jo S h o l a a l f i n — . ¿Conoces a l g u n a se l va p o r aquí? 61 —- ¡Como n o te vayas a B i r m a n i a ! d i jo e l gato c o n miaucha miaucha ironía. — ¡ P u e s allí i ré ! ¡Gra- c i a s ! se despidió S h o l a . N o tenía n i i d e a d e l l u ga r d e l m a p a d o n d e podría cae r B i r - m a n i a , p e r o s e gu i r h a b l a n d o c o n e l gato t a m p o c o le p a - recía u n b u e n p l a n . 62 D e r e p e n t e , s u s t r i pas h i - c i e r o n g r u u p g r u u p , u n p o c o más fuer te q u e l a p r i m e r a vez . ¡No m e estoy p o r t a n - d o c o m o u n v e r d a d e r o león! — r e a c c i o n ó S h o l a . L a ve r - d a d es q u e tengo las t r i pas 63 vacías m u y vacías, y n o hago n a d a p a r a c o n s e g u i r c o m i d a . S u s t r i pas le d i e r o n l a razón c o n u n largo s o n i d o : g r r r u u u u p p . A n d a n d o a n d a n d o , S h o l a llegó h a s t a u n a p l a z a . E s t a b a s o l i t a r i a , s i n gatos, s i n a b u e - l i tas , s i n p a l o m a s , s i n n a d a . B u e n o , e n r ea l i dad sí que h a - bía algo: u n c u b o de b a s u - r a m e d i o t i r ado e n e l s u e l o . Iré a ve r s i hay restos de c o m i d a . A q u e l l o de i r a p o r l os res tos d e c o m i d a n o parecía lo a p r o p i a d o p a r a u n m i e m - 64 b r o d e l a f a m i l i a de los l e o - n e s . E l l i b r o n o decía n a d a a c e r c a d e q u e l os l e o n e s c o - m i e r a n ese t i po de cosas . C l a r o q u e t a m p o c o decía l o 65 c o n t r a r i o . Además, s u s t r i pas hacían c a d a vez más r u i d o . — ¡ Q u é h a m b r e t e n g o ! —-exc lamó cuándo es tuvo f rente a l c u b o de b a s u r a . P e r o e l c u b o olía m u y m a l . A p e s t a b a a tabaco , a p o - 66 d r i d o , a flores m u s t i a s y o l - v i dadas . — ¡ N o p u e d o c o m e r n a d a de l o q u e h a y aquí! ¡Es s u - p e r i o r a m i s f u e r z a s ! gritó S h o l a a l f i n . C a s i le d a b a n ganas de l l o r a r . N o , n o podía s o p o r t a r a q u e l l o s o l o r e s . Y l o p e o r e r a q u e a q u e l l o s o l o r e s , p o r c on t ras t e , l e r e c o r d a b a n e l de l a c a r n e p i c a d a , c a r n e p i c a d a c o c i d i t a c o n s a l , c a r - n e p i c a d a asad i t a , c a r n e p i c a - d a m e z c l a d i t a c o n h u e s e c i - l l o s , c a r n e p i c a d i t a p i c a d i t a p i c a d i t a . Se le hacía l a b o c a agua . 67 S h o l a se sentó e n u n b a n c o de l a p l a z a y se p u s o a r e f l ex i onar . M i e n t r a s l o h a - cía, sus t r i pas e m p e z a r o n c o n e l g r u u p g r u u p de c o s t u m b r e . « L a v e r d a d es q u e n o soy t a n poderosa» , se d i jo c o n h u m i l d a d . 68 « T a m p o c o soy m u y fuer te n i m u y nob l e » , siguió S h o l a . «Rea lmente , soy m u y c h i q u i - t a y m u y ment i rosa » . L a t r i p a h i z o t res g r u u p s s egu idos . ——Hay qu e v e r e l h a m - b r e q u e tengo — c o m e n t ó . S o y u n a m e n t i r o s a , d e sde luego . N o r e c u e r d o h a - b e r s i d o r u b i a . N u n c a h e s i d o r u b i a . S i e m p r e h e s i d o b l a n - c a . N o sé p o r qué m e c u e n t o m e n t i r a s . • E n ese m o m e n t o , , l a t r i - p a se l lenó d e r u i d o s . Y a n o e r a n los s o l i t a r i o s g r r u u p s , 69 a h o r a e r a u n b o m b a r d e o : g ruup , p latz , s sh i ip , g r r u m m m , g r o u m m m . S h o l a c o m p r e n - dió q u e y a n o podía a g u a n t a r más. Miró a l a s o l i t a r i a p l a - za , miró a l s o l i t a r i o c u b o de b a s u r a , miró a las so l i t a r i a s es t re l l as , y gritó: 70 ¡No soy u n a l e o n a ! ¡Soy u n a p e r r u c h a r a t o n e r a ! - ¡Que les d e n m o r c i l l a a los l e o n e s ! S h o l a salió a t odo c o r r e r . Cruzó l a p l a z a , recorr ió l a a v e n i d a , se internó e n l a s e l - va , d igo , e n e l p a r q u e , subió l as e s c a l e r a s d e s u c a s a y 71 rascó l a p u e r t a d e Grogó c o n s u s patas . ¡Vaya! ¡Aquí está n u e s - t ra l e ona ! sonrió Grogó b u r - l o n a m e n t e . ¡Ha h a b i d o u n e r r o r ! — s e excusó Sho la——. ¿Qué pasa? ¿Acaso tú n o te e q u i - vocas n u n c a ? C l a r o q u e m e e q u i v o - co d i j o Grogó. - — E s c i e r t o , te equ i vo cas m u c h a s veces . Yo , e n c a m - b i o , m u y pocas veces . Así es l a v i d a . ¡Me gustaría q u e a l - g u n a vez de ja ras de se r t a n 72 d e s c a r a d a y t a n ar rogante , S h o l a ! E l señor Grogó g r i t aba y se q u e j a b a , p e r o S h o l a n o le podía oír. Se había m a r c h a d o 73 y a a l a c o c i n a , d o n d e comía a todo c o m e r l a c a r n e p i c a - d a q u e le habían p r e p a r a - do u n a s h o r a s antes , c u a n d o aún pertenecía a l a m u y n o - b le y m u y p o d e r o s a f a m i l i a de los l e ones . 74
Compartir