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de Cervantes, S M (2005) Don Quijote de la Mancha Editorial Círculo de Lectores - Eduardo Salazar

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D O N Q U I J O T E 
 
D E L A M A N C H A 
 
 
 
 
M I G U E L D E 
 
C E R V A N T E S 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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M I G U E L D E C E R V A N T E S
DON
QUIJOTE
DE LA MANCHA
MIGUEL DE CERVANTES
DON QUIJOTE DE 
LA M A N C H A
E D IC IÓ N D E L 
IN S T IT U T O C E R V A N T E S 
16 0 5 -2 0 0 5
D IRIG ID A POR
F R A N C I S C O R I C O
con la colaboración de 
JO A Q U Í N F O R R A D E L L A S
ESTUDIO PRELIM IN A R DE 
F E R N A N D O L Á Z A R O C A R R E T E R
GA LA XIA G U T E N B E R G · C ÍR C U L O DE L E C T O R E S 
C E N T R O PA R A LA E D IC IÓ N DE LOS C LÁ SICO S ESPAÑOLES
Armauirumque
Armauirumque
L a presente edición va dedicada a ¡a memoria 
Femando Lázaro Carreter
Con la participación de la
SOCIEDAD
ESTATAL
DE
CONMEMORACIONES
CULTURALES
P O R EL
C E N T R O P A R A L A E D IC IÓ N 
D E L O S C L Á S IC O S E S P A Ñ O L E S :
F e r n a n d o L á z a r o C a r r e t e r 
Estudio preliminar
F r a n c i s c o R ic o 
Texto crítico y Dirección
J o a q u í n F o r r a d e l l a s 
Notas
G u i l l e r m o S e r e s 
Adjunto a la Dirección
G o n z a l o P o n t ó n 
Jefe de redacción
P a t r i z i a C a m p a n a 
L a u r a F e r n á n d e z 
Coordinación general
M o n t g r o n y A l b e r o l a · M a r g a r i t a F r e i x a s 
S i l v i a I r i s o · M a r i b e l M a r t í n e z 
J u l i á n M o l i n a · G e r a r d o S a l v a d o r 
P a t r i c i a S a l v a d o r · A g u s t í n S á n c h e z A g u i l a r 
G e m a V a l l í n ■ Í n g r i d V i n d e l 
Redacción
M o n t s e r r a t A m o r e s · P i l a r B e l t r á n 
J u a n J o s é G o n z á l e z B u e n o ■ M a r c G r a u 
J u a n R a m ó n M a y o l · M a r í a N o g u é s 
V i c e n t e S a n t o l a r i a · O m a r S a n z · X a v i e r T u b a u 
C r i s t i n a U j a l d ó n ■ G u i l l e m U s a n d i z a g a 
Ayudantes de redacción
C O LA B O RA D O RES
E l l e n M . A n d e r s o n 
J e a n C a n a v a g g i o 
A n t h o n y C l o s e 
A n t o n i o D o m í n g u e z O r t i z 
E d w a r d C . R i l e y 
S y l v i a R o u b a u d 
Prólogo
J o a q u í n A l v a r e z B a r r i e n t o s 
C a r m e n B e r n i s 
J o s é M a r í a C a s a s a y a s 
A n t o n i o C o n t r e r a s 
J a i m e F e r n á n d e z , S.J. 
R i c a r d o G a r c í a C á r c e l 
J u a n G u t i é r r e z C u a d r a d o 
B e r n a t H e r n á n d e z 
M a r i C a r m e n M a r í n P i n a 
J u l i á n M a r t í n A b a d 
J o s é M a n u e l M a r t í n M o r á n 
R a f a e l R a m o s 
M i g u e l R e q u e n a M a r c o 
M a r t í n d e R i q u e r 
A l b e r t o S á n c h e z 
Documentación
J o s é M o n t e r o R e g u e r a 
Lecturas del «Quijote»
L E C T U R A S D E L «Q U IJO T E » 
Y R E V I S I Ó N D E N O T A S
J o h n J . A l l e n · I, 25-26, 29-31 
S t e f a n o A r a t a ■ II, i i 
I g n a c i o A r e l l a n o · I I , 25-27 
J u a n B a u t i s t a d e A v a l l e - A r c e · I, 2 1-2 2 
J a v i e r B l a s c o · I, 1 1 - 1 4 
J e a n C a n a v a g g i o · I I, 30-32 
M . S o l e d a d C a r r a s c o U r g o i t i · I I, 54 
M a x i m e C h e v a l i e r · II, 45, 47, 49 
A n t h o n y C l o s e · I I, 33-35 
L o u is C o m b e t · II, 36-39 
C r i s t ó b a l C u e v a s · I I , 6-7 
G i u s e p p e D i S t e f a n o · I, 4-5 
A u r o r a E g i d o ■ II, 22-23 
H e i n z - P e t e r E n d r e s s · II, 40-41 
J o a q u í n F o r r a d e l l a s · I, 1 
C l a u d i o G u i l l e n · I, 7-8 
G e o r g e s G ü n t e r t ■ II, 63-65 
L u is I g l e s i a s F e i j o o - I, 9 -10 
P a b l o J a u r a l d e · I I, 28 
M o n i q u e J o l y · II, 44, 46, 57, 69-70 
J a c q u e s J o s e t ■ I, 43-46 
W i l l a r d F . K i n g · II, 73 
R a f a e l L a p e s a · II, 5 
I s a í a s L e r n e r ■ II, 59 
F r a n c i s c o L ó p e z E s t r a d a · I, 50-52 
N a d i n e L y · II, 50 
H o w a r d M a n c i n g ■ II, 29 
M . C a r m e n M a r í n P i n a ■ I, 2-3 
A d r i e n n e L . M a r t i n · I, Versos preliminares y finales
J a i m e M o i l ■ I y II, Portada y Preliminares 
M i c h e l M o n e r ■ I, 37 -4 2 
M a r g h e r i t a M o r r e a l e · II, 58 
L u ís A n d r é s M u r i l l o · I, 1 5 - 1 7 
H a n s - J ö r g N e u s c h ä f e r · I, 3 3 - 3 5 
J e a n - M a r c P e l o r s o n · II, 5 1 , 53 
H e l e n a P e r c a s d e P o n s e t i ■ II, 42-4 3 
S v e t l a n a P i s k u n o v a · II, 24 
R a n d o l p h P o p e ■ II, 1 6 - 1 8 
A u g u s t i n R e d o n d o ■ II, 1 9 - 2 1 
A l f o n s o R e y · II, 55 
F r a n c i s c o R i c o · I, 1 
E d w a r d C . R i l e y ■ II, 1 
M a r t i n d e R i q u e r · II, 60-62 
E l i a s L . R i v e r s · II, Prólogo y Dedicatoria 
J u l i o R o d r í g u e z - L u i s · II, 8 - 1 0 
C a r l o s R o m e r o M u ñ o z ■ II, 66-68 
S y l v i a R o u b a u d ■ I, 6, 32 
P e t e r R u s s e l l · I, 49 
M a r i a C a t e r i n a R u t a ■ II, 72 
A l b e r t o S á n c h e z · I, 2 3 - 2 4 , 2 7 - 2 8 , 36 
R i c a r d o S e n a b r e ■ II, 2 -4 
H a r r y S i e b e r · II, 7 1 
M a r i o S o c r a t e · I, Prólogo 
E d u a r d o U r b i n a ■ II, 1 2 - 1 5 
D a r i o V i l l a n u e v a · I, 47-48 
B r u c e W. W a r d r o p p e r ■ II, 74 
E d w i n W i l l i a m s o n · I, 18 - 2 0 
D o m i n g o Y n d u r á i n · II, 48, S2, 56
PRESEN TA C IÓ N
En 1994, el Instituto Cervantes confió al Centro para la Ed i­
ción de los Clásicos Españoles* la preparación de un Quijote 
que pudiera ser ventajosamente manejado por un público tan 
amplio como el ámbito del propio Instituto. Amén de dar, por 
primera vez, un texto crítico, establecido según la ecdótica más 
rigurosa, la edición, pues, había de aclarar ágilmente las dudas 
e incógnitas que un libro de antaño, y de semejante enverga­
dura, por fuerza provoca en el lector sin especial formación en 
la historia, la lengua y la literatura del Siglo de Oro; pero tam­
bién debía tomar en cuenta las necesidades del estudiante y, por 
otro lado, prestar algún servicio al estudioso, ofreciéndole, 
por ejemplo, una primera orientación entre la inmensa biblio­
grafía que ha ido acumulando la tradición del cervantismo.
Tales planteamientos coincidían en sustancia con la concep­
ción general de la Biblioteca Clásica por mí dirigida, cuyas nor­
mas de anotación -e n dos estratos: a pie de página y en sección 
aparte- atienden señaladamente a hacer posible que cada uno 
de los distintos tipos de usuarios aproveche la edición de acuer­
do con sus conveniencias peculiares. D e ahí que el Quijote del 
Instituto Cervantes apareciera, en 1998, incorporado a Biblio­
teca Clásica, y, gracias al interés de Editorial Crítica, que en-
* E l Centro para la Edición de los Clásicos Españoles (www.cece. 
edu.es) se constituyó el 1 de octubre de 19 91 con el designio de «realizar o 
favorecer los estudios o proyectos que conduzcan a la publicación de los clá­
sicos españoles en ediciones de la máxima calidad filológica». Los miembros 
fundadores fueron Ignacio Arellano, Eugenio Asensio, Alberto Blecua, José 
M . Blecua, Pedro M . Cátedra, Aurora Egido, Joaquín Forradellas, Luciano 
García Lorenzo, Luisa López Grijera, Rafael Lapesa, Femando Lázaro C a- 
rreter (director), José María M icó, Francisco R ico (secretario general), M ar­
tín de Riquer, Darío Villanueva y Domingo Ynduráin; a ellos se han aña­
dido posteriormente Antonio Carreira, R o g er Chartier, Luis Alberto de 
Cuenca, Inés Fernández-Ordóñez, Víctor García de la Concha y Guiller­
mo Serés. Hasta 1998 estuvoadscrito a la Fundación Duques de Soria, y al 
año siguiente se convirtió en asociación cultural independiente.
XIII
http://www.cece
XIV FR A N C IS C O RICO
tonces la publicaba, acrecentado con materiales no previstos en 
el plan inicial: en particular, la versión del texto en c d - r o m , 
con un sistema de búsqueda y análisis que proporciona el más 
completo vocabulario, concordancia y registro lingüístico de la 
obra maestra de las letras españolas.
Ese Quijote de 1998 ha tenido una fortuna más que próspera, 
y, saludado por la crítica con abrumadora generosidad, ha co­
nocido tres ediciones corregidas y a su vez con varias reimpre­
siones/' E l cuarto centenario de la princeps de E l ingenioso hidal-
* Por diversas razones, quiero agradecer también especialmente los ma­
drugadores comentarios y recensiones de John J . Alien, «A Don Quijote for 
the N ew Millennium», Cavantes, X IX :2 (1999), pp. 204-214; Mónica M a­
ria Arango, «El Quijote interactivo», y Juan José García Posada, «Don Qui­
jote en el ordenador», E l Colombiano (Medellin), suplemento Literario Domi­
nical, 24 de mayo de 1998; R o ger Charrier, «Les vicissitudes de l’âne volé 
puis retrouvé», Le Monde, 7 de mayo de 1999, p. v i de Le Monde des livres (y 
luego en su libro E l juego de las reglas: lecturas, Fondo de Cultura Económi­
ca, M éxico, 2000, pp. 31-33); Daniel Eisenberg, «Rico, por Cervantes», His­
panic Review, LX V III (2001), pp. 84-88; Alejandro González Acosta, «Miguel 
de Cervantes: Don Quijote de la Mancha. Edición: Francisco Rdco», Sábado, 
suplemento de Unomásuno, M C X IX , 13 de marzo de 1999; Juan Goytisolo, 
«Sobre duelos y quebrantos», E l País, 14 de agosto de 1998, p. 26; B .W . Ife, 
«Another sally for the knight», Times Literary Supplement, 9 de octubre de 
1998, p. 15 ; Paul Ingendaay, «Der elektrische Reiter», Frankfurter Allgemeine 
Zeitung, Feuilleton del 19 de septiembre de 1998, p. 33; T . Lathrop, en Bu­
lletin of Hispanic Studies (Liverpool), L X X V II (2000), pp. 298-299; Fernando 
Lázaro Carretel', «El Quijote de Francisco Rico», A B C Literario, 12 de junio 
de 1998, pp. 26-27; François López, «Compte Rendu», Bulletin Hispanique, 
C I (1999), pp. 621-635; José-Carlos Mainer, «Una enciclopedia quijotesca», 
E l País, Babelia, 18 de abril de 1998, p. 9; Cory A. Reed, «The Instituto Cer­
vantes’ Quijote: A Definitive Edition», Bulletin of Hispanic Studies (Glasgow), 
L X X V II (2000), pp. 350-364; Mariarosa Scaramuzza Vidoni, «El Quijote de 
Rico», Revista de Libros, X X IV (diciembre de 1998), pp. 23-24; Elisa'oetta 
Samiati, «L’utilità dei supporti magnetici nello studio di testi letterari: il Don 
Quijote de la Mancha di M. de Cervantes in versione C D -Rom », Critica del 
testo, II/3 (1999), pp. 935-950; Florencio Sevilla Arroyo, «Editar a Cervan­
tes», Voz y Letra, IX :i (1998), pp. 14 1- 15 4 ; Enrique Turpin, «Don Quijote 
de la Mancha», E l Cieri>o, D L X X IV (enero de 1999); Francisco Umbral, «El 
Quijote de Rico», 25 de mayo de 1998, p. 64; y María José Vega, «Novela de 
novelas», Quimera, C L X X III (octubre de 1998), pp. 65-67. En el Anuario bi­
bliográfico cervantino, a partir de 1998, se encontrará indicación de otras rese­
ñas y de algunas de las numerosas informaciones, entrevistas, gacetillas, etc., 
aparecidas en publicaciones de Europa y América.
P R E S E N T A C IÓ N XV
go (acabado de estampar en los últimos días de 1604, pero ya 
con la fecha de 1605 en la portada), el apoyo de la Sociedad Es­
tatal de Conmemoraciones Culturales y la favorable disposición 
del Círculo de Lectores nos brindan ahora la oportunidad de 
presentar una nueva edición, notablemente aumentada y pues­
ta al día, pero siempre dentro del espíritu de la primera.
En efecto: los numerosos cambios y revisiones, incrementos 
y actualizaciones que se han introducido en esta edición del 
2005 siguen respondiendo esencialmente a los mismos propó­
sitos de 1998. Valga, pues, repetirlos al pie de la letra.
«Es obvio, en primer lugar, que un Quijote de dimensiones 
manuales nunca podrá aspirar ni remotamente a ningún género 
de exhaustividad. Com o se imponía, pues, señalar un objetivo 
principal al del Instituto Cervantes, se acordó que el grueso de 
las notas y otros complementos, concentrándose en el plano en 
que asimismo convergen los múltiples destinatarios del proyec­
to, tuviera un carácter más informativo que interpretativo y, 
por ahí, mirara primordialmente a la elucidación del sentido lite­
ral. (A nuestro propósito, bastará caracterizarlo, con Marcel B a­
taillon, y «par opposition à d’autres sens non-littéraux», como el 
núcleo semántico que respetan o deben respetar incluso las exé- 
gesis críticas diametralmente opuestas.) Por tanto, la parte fun­
damental de la anotación, al igual que en otra manera el Prólo­
go, los apéndices o las ilustraciones gráficas, pretende antes de 
nada resolver los interrogantes que hoy suscitan muchos de los 
usos léxicos y gramaticales, referencias a cosas y personas, suce­
sos y costumbres, temas y alusiones de diversa índole, refranes, 
sentencias... que se encuentran en la novela, brindando al lector 
los datos imprescindibles para una correcta comprensión del 
texto en el contexto del autor y de su tiempo.
»Sin embargo, el hincapié en el sentido literal no implicaba 
cerrar el paso a las interpretaciones literarias con categoría de 
clásicas o más estimadas en los últimos tiempos. La ocasión de dar­
les entrada ha venido de la mano de otro de los designios cen­
trales del Instituto Cervantes al fraguar el Quijote que ahora ve 
la luz: allegar una válida muestra de la situación actual de los es­
tudios cervantinos acogiendo las contribuciones de un buen 
número de los más prestigiosos representantes del hispanismo 
internacional.
XVI F R A N C IS C O R IC O
»Para alcanzar ese doble objetivo, un equipo de redacción for­
mado por miembros de número y asociados del Centro para la 
Edición de los Clásicos Españoles se ha ocupado en el estable­
cimiento del texto y del aparato crítico, en la elaboración de las 
notas a pie de página y complementarias y en otros quehaceres 
anejos; pero esa labor básica ha venido a enriquecerse merced a 
las aportaciones, por diferentes vías, de arriba de medio cente­
nar de distinguidos especialistas españoles y extranjeros.
»Los más de entre ellos han tenido encomendado un frag­
mento, capítulo o grupo de capítulos y revisado las corres­
pondientes notas elaboradas por la redacción, velando por la 
exactitud y la pertinencia de las noticias o explicaciones ahí 
ofrecidas (y a veces recomendándonos anotar tal o cual detalle 
en principio no atendido por nosotros), mientras por otra par­
te escribían un comentario crítico al segmento en cuestión, 
para subrayar sus elementos y aspectos más importantes, cada 
cual desde el punto de vista que libérrimamente juzgaba más 
oportuno (dentro de una extensión, ella sí, draconianamente li­
mitada) y todos con la misma voluntad de proponer las exege­
sis más penetrantes y reveladoras. La suma de esos comentarios, 
en la sección Lecturas del «Quijote», y junto al admirable ensayo 
preliminar de Femando Lázaro Carretel·, constituye una anto­
logía única de la mejor crítica cervantina de nuestros días y, al 
correr paralela a una anotación asentada en el sentido literal, da, 
creemos, una óptima idea de la inagotable riqueza del libro y 
de la multiplicidad de enfoques a que se presta. (Ni que decir­
se tiene que quizá ningún otro se aviene mejor con un trata­
miento colectivo de tal estilo: someter el Quijote a una pers­
pectiva única, por aguda que sea, ¿no implica acaso reducir el 
alcance de una obra cuyo supremo atractivo está en la capaci­
dad de responder inagotablemente a las preguntas que en cada 
época le han dirigido, los talantes, intereses y métodos más di­
versos y aun contradictorios?)
»Junto a los responsables de las Lecturas y de la revisión de 
nuestras notas, otros eminentes estudiosos nos han favorecidocon su concurso, haciéndose cargo de los varios apartados del 
Prólogo (y aceptando las cortapisas que suponía su derrotero 
predominantemente factual), proporcionándonos documenta­
ción para las notas, apéndices e ilustraciones, asesorándonos a
P R E S E N T A C IÓ N XVII
propósito de la bibliografía, y en algunos casos participando en 
más de uno de tales cometidos. U n reconocimiento especial 
queremos expresar a dos insignes decanos del cervantismo: E d ­
ward C. R iley , quien desde el primer momento nos aconsejó 
en puntos tan delicados como la segmentación de la obra en las 
series de capítulos glosadas por cada uno de los autores de las Lec­
turas·, y Martín de R iquer, que no sólo puso a nuestra disposi­
ción preciosas informaciones sobre el arnés de don Quijote y la 
Barcelona de Cervantes, sino que además nos regaló un m on­
tón de atinadas sugerencias.
»Nuestra gratitud, como sea, alcanza a todos los colaborado­
res, no ya por la calidad de su aportación tangible, sino aun más 
por el entusiasmo con que acogieron la empresa y nos anima­
ron a llevarla hasta el cabo. Debemos agradecerles en particular 
la extrema generosidad con que han tratado el trabajo de la re­
dacción, por lo regular limitándose a la corrección de erratas y 
a la introducción de pequeños retoques o de adiciones menu­
das. (En los casos en que han insertado alguna nota enteramen­
te nueva o modificado o incrementado de forma significativa la 
propuesta por la redacción, su firma figura en la nota comple­
mentaria.) Pero también estamos convencidos de que críticos e 
investigadores de tanta solvencia no hubieran dejado pasar des­
lices de alguna cuantía, y por ello mismo nos sentimos confor­
tados al pensar que cada una de nuestras notas lleva un respal­
do de máxima autoridad, que, si no le asegura el acierto, 
cuando menos avala que se mueve en el terreno de lo admisi­
ble u opinable dentro de nuestros conocimientos.»
N o otros principios fundamentales han gobernado la presen­
te edición, en el cuarto centenario de la princeps. E l texto, aco­
modado a la ortografía académica de 1999, incorpora nuevas 
lecciones, y el aparato crítico se enriquece con el cotejo de más 
ediciones antiguas. E l Prólogo y las notas, tanto complementa­
rias como a pie de página, se han variado o reformulado de 
acuerdo con los estudios recientes, propios y ajenos. Las Lectu­
ras del «Quijote» han sido revisadas por sus autores o, cuando 
ello no era posible, actualizadas bibliográficamente por la re­
dacción. Los apéndices y las ilustraciones se acrecen en núme­
ro y calidad. E l c d - r o m ofrece una versión superior del banco 
de datos. Los cuerpos tipográficos son ahora mayores, y el for-
XVIII F R A N C IS C O R IC O
mato viene a coincidir con el que Francisco de Robles eligió 
para las impresiones de Juan de la Cuesta.11' Pero todas esas in­
novaciones respecto a nuestra edición anterior no pretenden 
sino aproximarnos un poco más a las mismas metas de 1998, a 
sabiendas de que nunca conseguiremos alcanzarlas plenamente 
ni habrá jamás un Quijote que pueda reputarse «definitivo».
Llegado el momento de entregar el nuevo original a la impren­
ta, recordamos con emoción a los miembros del Centro para la 
Edición de los Clásicos Españoles que ya no han podido volver 
a prestamos sus luces: Fernando Lázaro Carreter, nuestro primer 
director; don Rafael Lapesa, maestro de todos nosotros, y el in­
olvidable compañero que fue Dom ingo Ynduráin. U n tributo 
no menos sentido queremos rendir a nuestro correspondiente 
Edward C . R iley , cervantista impar, que nos guió con el tino y 
el eficaz fervor que le eran propios. C on cariño traemos tam­
bién a la memoria a los otros colaboradores de 1998 a quienes 
la muerte se ha llevado: Stefano Arata, Carmen Bernis, Antonio 
Domínguez Ortiz, Monique Jo ly y Alberto Sánchez.
Obligación harto más grata, pero no menos de justicia, es decir 
que detrás de los entes y entidades mentados en los primeros pá­
rrafos con sus denominaciones oficiales están o han estado hom­
bres y nombres con quienes tenemos contraída una deuda de 
extraordinario peso. Detrás del Instituto Cervantes, Nicolás Sán­
chez-Albornoz y Juan Gimeno, y más tarde el marqués de Ta- 
marón, Femando Rodríguez Lafuente, Jo n Juaristi y César Anto­
nio Molina. Detrás de la Fundación Duques de Soria, a la que el 
Centro para la Edición de los Clásicos Españoles estuvo adscrito 
hasta 1998, Rafael Benjumea, José María Rodríguez Ponga y M a­
ría Pardo de Santayana. Detrás de Editorial Crítica, que tanto puso 
en nuestra primera salida, Gonzalo Pontón (el Viejo). Detrás del 
Círculo de Lectores, Femando Carro y Joan Tarrida. Detrás de la 
Sociedad Estatal de Conmemoraciones Culturales, Luis Miguel 
Enciso R ecio y, al cabo, José García Velasco. U n recuerdo es­
pecial merecen aún la Biblioteca Nacional y la Biblioteca de 
Cataluña.
* Una exposición más detallada de otros criterios y modos de proceder, 
así como del reparto de tareas, se hallará en las páginas c c c v y ss.
P R E S E N T A C IÓ N X IX
N o son todos los que están, pero sí quienes mejor pueden re­
presentarlos a todos. Finalmente, no como director del pro­
yecto, sino en mi concreto papel de encargado del texto críti­
co, me urge dejar constancia de que no habría podido seguir 
todas las pistas que los materiales me apuntaban, dedicándoles 
un libro aparte, si no hubiera contado con la largueza de la 
Fundación Juan March y con la amistad de José Luis Yuste.
Francisco Rico
E S T U D IO P R E L I M I N A R
LAS VO CES DEL «QUIJOTE»
La mutación fundamental que introduce el Renacimiento en la litera­
tura de ficción consiste, esencialmente, en la independencia creciente de 
los personajes. Frente a su subordinación absoluta al autor en la edad 
anterior, tienden ahora a escapar de tal dominio, afirmándose, cada vez 
más, dueños de su albedrío. Quizá en La Celestina se observa ya este 
proceso autonómico; con la oposición inicial de Pármeno a la alcahue­
ta, el autor primitivo parece dejar el triunfo de ésta a merced de que a 
Calisto lo persuadan las fuertes razones del criado, lo cual habría des­
mantelado su plan, autorizado y vigente desde el Pamphilus, que im­
plicaba la mediación victoriosa de la vieja. Más claramente ocurre en 
aquel momento de singular penetración psicológica en que Celestina, en ca­
mino hacia la casa de Melibea después de asegurar a Calisto y a Sem­
pronio lo infalible de su tercería, duda de sí misma con el largo monó­
logo del acto V, se confiesa insegura de sus poderes y tiembla ante su 
compromiso. Otra vez el autor parece dejar a la libre decisión del per­
sonaje el curso que ha pensado para la acción facultándolo para desba­
ratar su proyecto. Hubiese bastado con que algún presagio hubiera con­
firmado los miedos de la ensalmadora —un perro ladrándole o un ave 
nocturna volando a deshora: ella lo dice- para que hubiese quedado en 
nada la tragedia prevista.
En la narrativa, la emancipación renacentista de las criaturas de fic­
ción es ya declaradamente visible en el Lazarillo, donde el anónimo 
autor se propone mostrar el hacerse de una vida que nace y cursa fuera 
de su mente, para lo cual se subroga en el pregonero de Toledo y le cede 
la palabra con el fin de que cuente a su modo sus fortunas y adversi­
dades. Si en el tratado VII resulta perceptible que el autor se burla del 
maridillo cornudo y contento, ello prueba hasta qué punto lo ha deja­
do desbarrar por su cuen ta, sin hacerse cómplice de su vergonzosa fe li­
cidad.
E l admirable, el áspero Mateo Alemán da un paso definitivo en esa 
concesión de autonomía cuando permite que Guzmán obre abierta­
mente en contra de su propio sentido del lícito obrar, dejándolo hacer 
libremente: pero, eso sí, manifestando su total desacuerdo con él y pro-
XXIII
XXIV FE R N A N D O L Á Z A R O C A R R E T E R
pillándole una tunda moral en las digresiones cada vez que lo soli­
vianta la conducta del picaro. Se diría que no es suyo.
Algoimportante ha ocurrido, sin duda. Algo tan aparentemente sen­
cillo, sin embargo, como el descubrimiento por parte del narrador de que 
el mundo circundante puede ser ámbito de la ficción y de que los vecinos 
del lector pueden ocuparlo con peripecias interesantes. E l Lazarillo ha 
revelado que cuanto pasa o puede pasar al lado es capaz de subyugar 
con más fuerza que las cuitas de azarosos peregrinos, pastores refinados 
o caballeros andantes por la utopia y la ucronía. Ha sido obra de aquel 
genial desconocido que ha afrontado el riesgo de introducir la vecindad 
del lector en el relato e instalar en ella su propia visión de un mundo ya 
no remoto e improbable, sino abiertamente comprobable. Autor, perso­
najes y público habitan un mismo tiempo y una misma tierra, compar­
ten un mismo censo y han de ser otras sus mutuas relaciones.
E l riesgo estriba en que la visión personal del escritor no tiene por 
qué coincidir con la particular del lector; sus respectivos puntos de vista 
pueden ser discordantes y hasta hostiles, por cuanto ya no los aúna lo 
consabido y lo coaceptado. De ahí que Lázaro se vele, hable con se­
gundas intenciones, pero que, osadamente, avise de ellas: quiere que 
sus cosas se aireen, «pues podría ser que alguno que las lea halle algo 
que le ayude, y a los que no ahondaren tanto, los deleite». Tal pro­
puesta de dos lecturas es el signo de la nueva edad, porque el escritor 
ya no repite siempre enseñanzas inmutables, sino que aventura con 
riesgo su propio pensamiento. Cervantes va a proclamarlo en las pri­
meras palabras del prólogo del Quijote, declarando su libro «hijo del 
entendimiento».
Esta nueva actitud del narrador impone un nuevo tipo de lector. Po­
drá buscar mera recreación en la lectura, pero, inevitablemente, al to­
parse con cosas que ocurren en sus cercanías, se convierte en coloquian- 
te activo con el relato y con el autor, dotado de facultades para disentir: 
«Libertad tienes, desenfrenado eres, materia se te ofrece; corre, destro­
za, rompe, despedaza como mejor te parezca», dice Mateo Alemán al 
vulgo que le lea. Cervantes le brinda el libro que llama hijo suyo, acep­
tando que, pues tiene libre albedrío, puede decir de la historia todo lo 
bien o lo mal que le parezca. Y una cosa fundamental que tiene que 
■someter a su aprobación es el idioma, el cual ha de ser tan reconocible 
como el mundo que se le muestra.
A partir de los estudios de Bajtín, se ha caído en la cuenta de la ín­
tima relación que existe entre el descubrimiento de lo cotidiano como
E S T U D IO P R E L IM IN A R X XV
objeto del relato y la irrupción de 1o que él llamó polifonía lingüística. 
En efecto, la narración mundial, que se había movido en ámbitos y 
tiempos indefinidos o inaccesiblemente lejanos, podía y hasta debía em­
plear un idioma muy distante del común y ordinario, fuertemente re- 
torizado, abismalmente remoto. Pero el Lazarillo se propone contar p e­
ripecias muy poco maravillosas, que ocurren entre Salamanca y Toledo, 
en años precisos del reinado de Carlos I, acaecidas a un muchacho me­
nesteroso que sirve a amos ruines. No es posible narrar sus cuitas y re­
producir las palabras con los primores y ornamentos que se aprendían 
en las escuelas de latinidad. A l introducir la verdad de la calle y de los 
caminos, penetra en el relato la verdad del idioma. Tímidamente aún 
en el Lazarillo; con decisión en el Guzmán; plena y extensamente con 
el Quijote. Cuando se asegura que éste funda la novela moderna, esto 
es esencialmente lo que quiere afirmarse: que Cervantes ha enseñado a 
acomodar el lenguaje a la realidad del mundo cotidiano. Y algo muy 
importante: que ensancha el camino abierto por el autor anónimo y por 
las primeras novelas picarescas; ha respetado, se diría que exhibitorici­
mente, la libertad de sus criaturas de ficción.
Esto último es bien evidente desde el principio, cuando el narrador 
confiesa ignorar el nombre del hidalgo manchego, aunque ha acudido 
a informantes que tampoco lo conocen. Sólo por sospechas colige que 
debe llamarse Quijana, lo cual quizá resulte falso ai final de la no­
vela, cuando sea el propio hidalgo quien declare ser Alonso Quijano 
(II, 74, 1330). No cabe mayor alejamien to del personaje. Cuando las 
exigencias de la narración le obliguen a inventar a Sancho Panza 
—hablaremos luego de ello-, le atribuirá sin vacilación tal nombre; 
pero, en el original de Benengeli hallado en el Alcaná toledano, el 
rótulo que figura junto al retrato del escudero llama a éste Sancho 
Zancas. Y Cervantes ignoraba el apodo, conjeturando, «a lo que 
mostraba la pintura» (nótese: él no sabía antes cómo era Sancho), que el 
mote se debía a que tenía «la barriga grande, el talle corto y las 
zancas largas» (I, 9, 120). E l hecho de que ambos, el hidalgo y el 
criado, se salgan de la novela en la Segunda parte, para enterarse de 
la primera y juzgarla, es muestra preclara de su independencia. R e ­
sulta ostensible el afán de Cervantes por desarraigar de sí los entes de 
ficción.
Hace nacer a su Quijada o Quesada o Quijana, para embarcarlo en 
seguida en una acción por el mundo de la literatura y del lenguaje. E n ­
loquece leyendo. Y no sólo las aventuras de los caballeros lo vuelven
XXVI FE R N A N D O L Á Z A R O C A R R E T E R
orate, sino, tanto como ellas, el modo de contarlas, con la mención ex­
presa de Feliciano de Silva, «porque la claridad de su prosa y aquellas 
entricadas razones suyas le parecían de perlas» (I, i, 40). Don Qui­
jote deviene así un héroe novelesco enteramente insólito, inimaginable 
en época anterior: un enfermo por la mala calidad del idioma consu­
mido.
Antes, fue posible la enajenación mediante contagio por el desvarío 
de los disparates narrados, y no por la prosa que los narraba. La Igle­
sia, desde la difusión impresa de los libros, no había cesado de preve­
nir contra el efecto letal de ciertas lecturas, protegiendo a los fieles con­
tra ellas mediante condenas y censuras previas. No era difícil atribuir 
festivamente ese poder infeccioso a ciertas lecturas autorizadas, y un 
desconocido escribe el Entremés de los romances, cuyo influjo deci­
sivo en la invención del Quijote probó irrefutablemente don Ramón 
Menéndez Pidal en 1920. Es bien conocido su asunto: el labrador Bar­
tolo pierde la razón leyendo el Romancero, abandona su hogar imagi- 
~nándose héroe de aquellos poemas y habla con fragmen tos de ellos aco­
modados a su demencia; confunde a una pareja campesina con Tarfe y 
Daraja, desafia al imaginario moro y éste le rompe la lanza en las cos­
tillas. Los trozos de romance que declama coinciden en gran parte con 
los de don Quijote en su primera salida. Hallado Bartolo por quienes 
han ido en su busca, lo devuelven a casa y lo acuestan; pero, al mo­
mento, sufre otro ataque de locura y prorrumpe en nuevos versos que 
dan fin a la breve pieza, la cual, por su insignificancia, no parecía des­
tinada a tan importante consecuencia.
Aparte de su precedencia cronológica respecto del Quijote (Menén­
dez Pidal la fecha hacia 1591), su influjo en los orígenes de la novela 
inmortal es patente: también el hidalgo empieza enajenándose en di­
versos personajes del Romancero, coincidiendo abundantemente con 
Bartolo en los pasajes que declama. Se trata, sin duda, de un hecho 
enigmático. Porque si en el designio primero de Cervantes entraba que 
el agen te nocivo fueran los libros de caballerías, no se explica que, des­
de el primer momento, sean otros héroes quienes invaden los sesos del 
protagonista.
Menéndez Pidal atribuye el hecho a que el autor empieza a escribir 
bajo el influjo del Entremés y que, agotado éste como modelo ar­
gumentai, rectifica «la conexión de la locura del hidalgo con el R o­
mancero» - aunque no del todo- y la establece con el Amadís. En esta 
decisión, habría intervenido, según el maestro, una suerte de arrepen­
E S T U D IO P R E L IM IN A R XXVII
timiento de Cetvantes por haberse burlado cruelmente de los admira­
bles romances que, como español, debíade amar. Pero si eso hubiera 
ocurrido de ese modo, sigue careciendo de explicación el que, desde el 
principio, lo alucinen los libros de caballerías, y que, sin embargo, al 
ponerse a actuar como caballero se nos presente con una enajenación 
romancesca.
No podemos exigir a don Quijote, tal vez ni a Cetvantes mismo, 
la precisión en la distinción de géneros que nosotros nos imponemos. 
La identificación de lo caballeresco con lo romanceril aparece ya en el 
Entremés de los romances, donde se dice de Bartolo que «de leer 
el Romancero, / ha dado en ser caballero, /por imitar los romances». 
No es preciso, pues, suponer con don Ramón que haya dos fases en 
la elaboración del hidalgo; la inducida por el Romancero, de la que se 
arrepiente el autor por haberse encarnizado en género tan noble; y otra 
en la que apela al de caballerías, que Menéndez Pida! llama «bastar­
do». Los dos géneros andaban tan confundidos en la opinión general, 
que Covarrubias (s.v. «arma») asegura que los versos «Mis arreos son 
las armas, mi descanso el pelear» que don Quijote recita ante el ven­
tero que imagina alcaide (I, 2, 55), los repetía «un caballero andan­
te». Los hechos fabulosos de la caballería se mezclaban en los roman­
ceros impresos con los de los paladines épicos; en ellos, junto con los 
temas de la pérdida de España o de las hazañas del Cid, aparecían 
las proezas del Marqués de Mantua o la penitencia de Amadís, se­
gún ocurre, por ejemplo, en el Cancionero de romances de Ambe­
res. O, como en el Rom ancero historiado (Alcalá, 1572), se ju n ­
taban la traición de Vellido Dolfos con largas metrificaciones que 
narraban las peripecias del Caballero del Febo (el que escribió uno de 
los poemas preliminares del Quijote, saludando a su cofrade), y sus 
andanzas por la Insula Solitaria. Tan personajes del Romancero ca­
paces de enloquecer son unos como otros y, juntos, volvieron tarumba 
a don Quijote.
De igual modo, son grandes amadores románcenles los pastores. M e­
néndez Pidal notó que el episodio de Cardenio está directamente ins­
pirado por un popular romance de Juan del Encina. Podemos añadir 
que también obedece a parecida motivación la trágica historia de G ri­
sóstomo, muerto por los desdenes de Marcela. En varios romances, el 
pastor fenece por amar; recuérdese el que vertió a lo divino San Juan 
de la Cruz o aquel otro, «Al pie de, un hermoso sauce», del R om an­
cero historiado, en que un pastor acaba sus días habiendo previsto su
XXVIII FE R N A N D O L A Z A R O C A R R E T E R
epitafio y su inhumación al pie de un árbol, igual que Grisóstomo, del 
mismo modo, ha dejado unos papeles con versos de queja elegiaca por 
el desamor de la pastora que pretendía.
Lógicamente, Cervantes no sale del ámbito del Romancero cuando 
pasa de lo heroico a lo caballeresco o a lo pastoril D e haberse produci­
do la contrición que postulaba Menéndez Pidal, lo normal es que hu­
biera reelaborado los capítulos en que imitaba el Entremés. Pero, evi­
dentemente, los dio por buenos. Y eso conduce a un viejo problema no 
resuelto y de imposible solución, pero siempre provocativo. Es la sos­
pecha apuntada por Heinrich M o f en 1905, más tarde asumida o dis­
cutida por no pocos cervantistas, según la cual el proyecto inicial del 
autor consistió en un relato breve («la novela ejemplar de un loco», de­
cía el hispanista germano). Menéndez Pidal desechó tal hipótesis pa- 
reciéndole que «el primer capítulo, sin olvidar otros pasajes convincen­
tes, anuncia ya una novela mayor». Eso es así, en efecto, ¿pero quién 
puede asegurar que todo ese arranque anunciador de un empeño largo, 
no fue reescrito cuando a Cervantes se le reveló que tenía entre manos 
algo digno de mayor desarrollo? E l relato inicialmente previsto podría 
haberse limitado a aprovechar la ocurrencia malograda por el Entremés 
de los romances que tanta ocasión proporcionaba para escarnecer las 
lecturas neciamente imaginativas. La novelita podría muy bien acabar 
con el retorno del caballero a casa con el labrador que lo ha encontrado 
molido a palos por el mozo de los mercaderes toledanos.
Mientras el caballero descansa, el cura y el barbero hacen el escruti­
nio de su biblioteca. En ella no aparece ninguno de los romanceros que 
han contribuido a enloquecerlo. Esa ausencia chocaba a Menéndez P i­
dal, que asegura: «Para Cervantes, los poemitas contenidos en esas 
colecciones eran como obra de todo el pueblo español y no podían ser 
causantes de la locura del nobilísimo caballero de la Mancha ni debían 
estar sujetos al juicio del cura y el barbero». ¿Por qué no, si lo estaba 
La Galatea misma? Es difícil imaginar que Cervantes tuviera de los 
romances un concepto crítico-literario tan exactamente coincidente con 
el de don Ramón. E l licenciado Pero Pérez y Maese Nicolás expur­
gan los anaqueles del hidalgo en el momento justo en que el Entre­
més ha terminado su influjo inspirador. Aceptemos la probabilidad de 
que con ese final coincidiera el del primer proyecto del autor. Es en­
tonces cuando Cervantes cae en la cuenta de que dispone de un filón 
incompletamente explotado y de que puede beneficiarlo mucho más si 
prolonga la demencia romanceril del manchego con la demencia caba-
E S T U D IO P R E L IM IN A R X X IX
Ueresca, E l capítulo 6, el del examen de la biblioteca, marcaría el 
arranque de este Quijote ensanchado. De ahí que los censores se apli­
quen a juzgar principalmente libros de caballerías. Y con un furor que 
Cervantes acaba de atribuirles. Porque, y esto no parece haber sido no­
tado, el cura y el barbero, antes de ser aquejados por esa furia, eran 
bien aficionados a las lecturas de que ahora, inesperadamente, abomi­
nan. En el capítulo primero se lee que el hidalgo «tuvo muchas veces 
competencia con el cura de su lugar ... sobre cuál había sido mejor ca­
ballero: Palmerín de Ingalaterra o Amadís de Gaula; mas maese N i­
colás, barbero del mesmo pueblo, decía que ninguno llegaba al Caba­
llero del Febo, y que si alguno se le podía comparar era don Galaor, 
hermano de Amadís de Gaula» (1, i , 41). Y he aquí que ahora, cin­
co capítulos más adelante, aquellos expertos en caballerías se revuelven 
contra éstas, y quienes antes discutían sobre los méritos de Amadís y 
de su hermano, ahora parecen conocerlos sólo de oídas: «Según he oído 
decir, este libro [el Amadís] fue el primero de caballerías que se im­
primió en España» (I, 6, 84), dice el cura; «...también he oído decir 
que es el mejor de todos los libros que de este género se han compues­
to», responde el barbero (I, 6, 84).
Da la impresión de que si han variado tanto es porque Cervantes ha 
cambiado de proyecto. No juzga necesario reemplazar los sucesos ro- 
manceriles de la primera salida, pues, como he dicho, se podía llegar a 
ser caballero andante a través del Romancero. Pero ahora se aplica con 
vehemencia al nuevo rumbo recién hallado y son sólo los libros de sus 
aventuras los que escrutan los censores.
Cuando la gran pareja de caballero y escudero Im quedado ya cons­
tituida, la novela halla camino definitivo hacia su destino inmortal. 
Pero lo hace, según he dicho antes, transitando por el mundo del len­
guaje y de la literatura. La búsqueda de altos simbolismos en la in­
tención de Cervantes ha ocultado este aspecto del Quijote que es el 
fundamento de todos los demás. E l alcalaíno es un obseso de la pala­
bra: ya vimos cuánto contribuyó su mal empleo a la demencia del ca­
ballero. La necesidad de usar un lenguaje actual, que ya habían senti­
do los autores de los primeros relatos picarescos, es en él agudísima y 
no sólo en el Quijote, sino en obras como el R inconete o El rufián 
dichoso. E l rigor con el que asume la propiedad del idioma es paten­
te, por ejemplo, cuando libra del fuego el Palmerín de Inglaterra, 
porque, entre sus virtudes, el cura estima «las razones, cortesanas y cla­
ras, que guardan y miran el decoro del que habla, con mucha propie­
X X X F E R N A N D O L Á Z A R O C A R R E T E R
dad y entendimiento» (I, 6, 89).E l decoro, esto es, la adecuación jus­
ta del modo de expresarse el personaje a su calidad y carácter, variable 
según las circunstancias en que habla, y bien diferenciado del de los 
otros personajes, era una de las dificultades que Cervantes debía afron­
tar para escribir el libro. Va a ser la única que va a ocuparme, y aun 
así, limitada a don Quijote y Sancho.
¿Cómo se expresa el caballero en ¡os primeros momentos de su in­
vención? Los primeros esfuerzos de su demencia ¡os realiza con las pa­
labras. Cuatro días tardó en hallar nombre a Rocinante; ocho, en pro­
curárselo a él. No se dice cuántos, pero aún debieron de ser más, para 
nominar a Dulcinea del Toboso. Y se holgó máximamen te cuando acer­
tó a acuñar aquella fórmula con que algún gigante vencido por su brazo 
iría a tributar homenaje a su dama: «Yo, señora, soy el gigante Cara- 
culiambro, señor de la ínsula Malindrania, a quien venció en singular 
batalla el jamás como se debe alabado caballero don Quijote de la Man­
cha...» (I, 1, 47). Esta es la primera vez que oímos su voz directa­
mente. La segunda, cuando, apenas iniciada su salida, imagina la li­
teralidad con que será contada: «Apenas había el rubicundo Apolo 
tendido por la fa z de la ancha y espaciosa tierra las doradas hebras de 
sus hermosos cabellos...» (I, 2, 5o). Es obviamente una burla de los li­
bros de caballeros o de pastores que leía (sin excluir su propia GalateaJ.
Esa intención burlesca patentiza la intención primaria con que Cer­
vantes afronta su tarea. Eso es lo que parece querer hacer: parodia, lin­
güística también, por supuesto, de tales géneros falaces. Tras ese ama­
necer, continúa exclamando don Quijote: «¡Oh princesa Dulcinea, 
señora deste cautivo corazón! Mucho agravio me habedes fecho en des­
pedirme y reprocharme con el riguroso afincamiento de mandarme no 
parecer ante la vuestra fermosura. Plégaos, señora, de membraros deste 
vuestro sujeto corazón, que tantas cuitas por vuestro amor padece» (I, 2, 51). 
Su locución se llena de arcaísmos, al modo caballeresco; el autor advierte 
ahí, en efecto, que el demente habla «imitando en cuanto podía» el len­
guaje de sus libros.
Llega a la venta que imagina castillo y hace reír a las dos coimas con 
la insólita vetustez de su saludo. Y él se enfada. Hasta ahora don 
Quijote existe sólo por su raro idioma. Pero este procedimiento de ca­
racterizarlo no podía prolongarse mucho; hubiera resultado insoportable 
para el lector. Y el autor lo alterna luego con otro, en contraste cómico, 
cuando el hidalgo experimenta el vulgar apremio del hambre y rebaja 
su lenguaje hasta el chiste ramplón y a los modos más vulgares, para
E S T U D IO P R E L IM IN A R X X X I
responder a las mozas que le advierten que sólo hay truchuelas: «Como 
haya muchas truchuelas ... podrán servir de una trucha, porque eso se 
me da que me den ocho reales en sencillos que en una pieza de a ocho. 
Cuanto más, que podría ser que fuesen estas truchuelas como la terne­
ra, que es mejor que la vaca, y el cabrito que el cabrón. Pero, sea lo 
que fuere, venga luego, que el trabajo y peso de ¡as armas no se puede 
llevar sin el gobierno de las tripas» (I, 2, 57).
Se trata de un juego impensable antes del Quijote; ni el Lazarillo 
ni el Guzmán ofrecen nada comparable. Cervantes lleva hasta el lí­
mite aquel propósito suyo, expuesto en el prólogo, de hacer perfecta la 
imitación; que incluye, obviamente, no sólo la de lugares, acciones y 
caracteres, sino, sobre todo, la del lenguaje, la de los múltiples lengua­
jes con que la vida se manifiesta. Don Quijote, a partir de ese primer 
momento en que el autor le puebla el habla de arcaísmos, empieza a 
dosificarlos. Se los administra con sabia prudencia y confia la caracteri­
zación de su parla al énfasis oratorio que se gastan en la orden que pro­
fesa. Vuelve a la dicción pretérita cuando, al traerlo apaleado el labra­
dor, ha de manifestar intensamente su insania ante las mujeres de su 
casa y sus amigos: «Ténganse todos, que vengo malferido, por la cul­
pa de mi caballo. Llévenme a mi lecho, y llámese, si fuere posible, a 
la sabia Urganda, que cure y cate de mis feridas» (I, 5, 81). E l autor 
da una muestra de agudeza psicológica cuando el cura, tratando de 
aquietarle, le habla en el mismo estilo: «...atienda vuestra merced a su 
salud por agora, que me parece que debe de estar demasiadamente can­
sado, si ya no es que está malferido» (I, 7, 96). Luego, ese modo de 
dirigirse a don Quijote con arcaísmos será repetido por otros personajes.
Y aun con mejor instinto idiomático, el propio Cervantes, al narrar 
en estilo indirecto, esto es, cuando escribe por su cuenta y no reprodu­
ce lo que dicen o piensan sus personajes, se cuida a veces de evocar cómo 
lo dicen o piensan, con toques que los definen. A sí cuenta el ataque de 
don Quijote a los benedictinos: «.. .picó a Rocinante y, la lanza baja, 
arremetió contra el primero fraile, con tanta furia y denuedo, que si el 
fraile no se dejara caer de la muía él le hiciera venir al suelo mal de su 
grado, y aun malferido, si no cayera muerto» (I, 8, 109). Si el narra­
dor emplea ahí primero antepuesto al nombre por única vez en sus es­
critos, y ferido, es perceptiblemente para que oigamos el pensamiento 
del andante mientras arremete. Pero ya antes, al aparecer Sancho, y sin 
que haya transcrito aún ninguna frase suya, se las ingenia para impo­
ner al lector en el habla villanesca que se gasta. Su amo le encarga que
XXXII FE R N A N D O L A Z A R O C A R R E T E R
lleve alforjas: «El dijo que sí llevaría y que ansimesmo pensaba llevar 
un asno que tenía muy bueno, porque él no estaba duecho a andar mu­
cho a pie» (I, 7, 100). Pese a las continuas vacilaciones de los tipógra­
fos de Cuesta, que ansimesmo reproduce exactamente lo que dijo 
Sancho parece confirmarlo el hecho de que sólo seis líneas más arriba el 
narrador ha empleado asimesmo. Comoquiera que sea, el raro voca­
blo duecho por ducho ya era diagnosticado por Covarrubias como 
«lenguaje antiguo castellano»; nunca más escribió Cervantes duecho 
en obra suya alguna.
Este es el sistema expresivo con que se caracteriza al hidalgo en lo 
que muy bien pudiera ser el primer proyecto cervantino: arcaísmos api­
ñados al principio, que luego se entreveran en una elocución de léxico 
más llano, pero muy retorizada. Cuando don Quijote habla descuida­
do de su condición de héroe, su idioma pierde tales rasgos y deja paso 
a una espontaneidad coloquial que puede recaer en la vulgaridad, con­
trastando cómicamente con el énfasis anterior. Frecuentemente, el na­
rrador avisa de las circunstancias de ¡a enunciación que van a condicio­
nar la expresión del personaje: «Con gentil talante y voz reposada les 
dijo...» (I, 2, 53); «Don Quijote alzó los ojos al cielo y, puesto el pen­
samiento —a lo que pareció- en su señora Dulcinea, dijo...» (I, 3, 62); 
«levantó don Quijote la voz y con ademán arrogante dijo...» (1, 4, 73). 
Este acomodar lo que se dice a la manera como se enuncia, es ya com­
pletamente moderno.
Con todo, tal sistema de conferir verdad al hidalgo no podía mante­
nerse durante mucho tiempo sin cansar e impedía que la obra se re­
montara a mayores trascendencias. Por otra parte, al ampliar el pro­
yecto inicial, una vez extinguido el modelo del Entremés de los 
romances, de tan limitados alcances, y al introducirse amo y criado en 
ámbitos más amplios y complejos, las exigencias de su elocución aumen­
tan. Y Cervantes vuelve a escuchar la variedad de los lenguajes habla­
dos y escritos para hacerlos resonar en la novela. La polifonía se hace 
más compléja y en la prosa de su narración y en la heterofonía dife- 
renciadora del habla de los protagonistas se hacen presentes múltiples 
estilos orales y escritos de su época, a veces, pero no siempre, reprodu­
cidos paródicamente. Veamos unos pocos ejemplos significativos.
He aquí a don Quijote derrengado en el suelo tras una paliza. San­
cho lo cree muerto. E l instante es apropiado para un planto funerario 
en el tonoelegiaco de la novela sentimental: «¡O hflor de la caballería, 
que con sólo un garrotazo acabaste la carrera de tus tan bien gastados
E S T U D IO P R E L IM IN A R XXXIII
años! ¡Oh honra de tu linaje...! ... ¡Oh liberal sobre todos los A le­
jandros...! ... ¡Oh humilde con los soberbios y arrogante con los hu­
mildes...!» (I, 52, 643). Con esta última invocación, entra, por cierto, 
contrahecha la palabra de Virgilio que, por boca de Anquises, había 
anunciado el destino de Roma: «parcere subiectis et debellare superbos» 
(Eneida, VI, 853). Como vemos, la mera dilatación del relato ha con­
vertido a Sancho, de simple que era, en poseedor de aptitudes retóricas 
dignas de un estudiante de latinidad, aunque las emplee en simplezas.
Ahora don Quijote se dispone a dar consejos al escudero, antes 
de que éste marche a Barataría. Su lenguaje ha de ser precisamente el de 
la doctrina de avisos de buen gobierno. ¿Quién los había dado mejor 
que fray Antonio de Guevara, consejero del Emperador? Cervantes 
había captado exactamente su fórmula prosística esencial, consistente 
—lo he mostrado en otra ocasión— en un exhorto seguido de una expli­
cación causal, con final bimembre: «Cuando pudiere y debiere tener lu­
gar la equidad, no cargues todo el rigor de la ley al delincuente, que no 
es mejor la fama del juez riguroso que la del compasivo» (II, 42, 1061). 
La misma organización sintáctico-retórica, aprendida en el obispo de 
Mondoñedo, sigue articulando la carta que, desde Barataría, dirige 
Sancho al hidalgo.
Oigamos otra voz, que cualquier lector puede y podía recordar: el 
prólogo del Lazarillo. A llí justifica el pregonero su afán de conquistar 
honra o fama. Dice: «¿Quién piensa que el soldado que es primero del 
escala tiene más aborrecido el vivir? No, por cierto; mas el deseo de ala­
banza le hace ponerse al peligro». Oigamos ahora a don Quijote: 
«¿Quién piensas tú que arrojó a Horacio del puente abajo...? ... 
¿Quién abrasó el brazo y la mano a Mudo? ¿Quién impelió a Cur­
do...? ... Todas estas y otras grandes y diferentes hazañas son, fueron 
y serán obras de la fama, que los mortales desean» (II, 8, 753-754)· 
Don Quijote calca, multiplicándolo, el movimiento retórico que el pró­
logo del Lazarillo había hecho bien conocido.
Pero el blanco más constante de esta cetrería cervantina por los esti­
los coetáneos es el oratorio. No son sólo las disertaciones célebres de la 
Edad de Oro, o de las armas y las letras: otras muchísimas veces, don 
Quijote perora con la dignidad del profeta o del tribuno, jugando con 
motivos clásicos. En trance que cree sublime, ante la noche poblada de 
amenazadores ruidos —serán los batanes—, adopta las fórmulas memo­
rables del yo nací para y del yo soy aquel que, resonantes desde el 
Mantuano: «Sancho amigo, has de saber que yo nací por querer del
XXXIV FE R N A N D O L A Z A R O C A R R E T E R
cielo en esta nuestra edad de hierro para resucitar en ella la de oro, o la 
dorada, como suele llamarse» (I, 20, 227; se advertirá el cómico pro­
saísmo). «Yo soy aquel para quien están guardados los peligros, las 
grandes hazañas, los valerosos hechos» (I, 20, 227). E l noble chorro re­
tórico está en marcha, y ¿para qué? Para anunciar aquel esperpento a 
caballo que restaurará la Edad de Oro, la magna utopía - todo lector 
culto la conocía entonces— que había de restablecer aquel misterioso niño 
anunciado por Virgilio en su égloga IV. Cuando amanece y se com­
prueba lo infundado de la preocupación de don Quijote y del terror de 
Sancho, palpable en sus calzones, éste le repite en son de burla aque­
llos yo nací, yo soy aquel. E l hidalgo le propina un par de lanzo- 
nazos; pero, entre tanto, el discurso, engarzado con tan remontados re­
cursos formales, ha saltado hecho trizas, después de contribuir a la 
polifonía de la novela.
No es posible aquí ir comprobando cómo las más ilustres voces escri­
tas de la literatura áurea se suman a ese magno coro con dos solistas 
.que es el Quijote. De todas se aprovecha el hidalgo para dar magni­
ficencia, ironía, contundencia dialéctica y rigor a su elocuencia. Pero sus 
réplicas se cargan también de sencillez urbana o campestre, de emoción 
directa, de vehemencia, de malicia espontánea. Hay muchos don Qui­
jote, como hay muchos Sanchos, según su palabra. Aunque todos ellos 
constituyan una sola persona verdadera. E l hidalgo puede dirigirse así 
a su escudero: «¿De qué temes, cobarde criatura? ¿De qué lloras, cora­
zón de mantequillas? ¿Quién te persigue, o quién te acosa, ánimo de 
ratón casero?» (II, 29, 950). Pero también de este modo: «Hijo San­
cho, no bebas agua; hijo, no la bebas, que te matará» (I, 17, 201). D i­
rige a Dulcinea los más encendidos, castos y retóricos conceptos; pero, 
tras contar el picante cuento de la viuda que, desdeñando para la cama 
a los sabios teólogos del convento, prefirió a un fraile motilón y rollizo, 
apostillará rijoso, casi obsceno: «Así que, Sancho, por lo que yo quie­
ro a Dulcinea del Toboso, tanto vale como la más alta princesa de la 
tierra» (I, 25, 3 11) . Los personajes cambian cien veces de tono y de re­
tórica como lo hacemos todos los hablantes. Y esto sucede así, de modo 
continuo, por primera vez en el Quijote.
Tampoco cabe ahora entretenerse en explicar cómo funciona en él la 
heterofonía, que llega a provocar conflictos como el que ocurre cuando 
un cuadrillero, viendo al hidalgo roto y desastrado, hecho un ecce 
homo, le pregunta qué le ocurre, llamándolo «buen hombre», como 
podía preguntárselo a un insignificante lugareño. «¿Usase en esta tie-
E S T U D IO P R E L IM IN A R X X X V
na hablar desa suerte a los caballeros andantes, majadero?» (I, íy, 
195), le contesta don Quijote, herido idiomáticamente en su dignidad. 
Voy a limitarme a tratar deprisa un solo aspecto de la creación de San­
cho mediante sus modos expresivos. ¿Cuál es el rasgo más chocante en 
su hablar? Nadie dudará de que su continuado empleo de refranes.
Y ello se ha justificado, como hizo Angel Rosenblat, por dos tipos de 
causas: de un lado, porque abundaban en la antigua conversación cas­
tellana; de otro, por la exaltación que de ellos hicieron los humanistas, 
como manifestación admirable de lo natural. Pero estos dos hechos, que 
parecen tan evidentes, ni de lejos explican la adicción refranera de San­
cho, porque son de naturaleza extraliteraria; y es dentro de la literatu­
ra donde los fenómenos literarios deben obtener su primera explicación. 
Tratemos de dársela, aunque sea en esquema. Sancho ha de hablar 
conforme al genus humile que corresponde a su naturaleza. Pero es 
sumamente difícil reflejar ese estilo en un texto literario, porque su ex­
cesiva presencia podría causar un abatimiento estético del conjunto.
En la literatura española se habían dado al problema cuatro solucio­
nes principales, y, a veces, combinadas: a) la creación de un idioma ar­
tificial, el sayagués, para los pastores bobos del teatro; b) las incorrec­
ciones al hablar, esto es, un lenguaje subestándar; c) el empleo de un 
lenguaje estándar, bajo pero no desviante, que sea <grosero», esto es, 
humilde, por la simplicidad, estupidez o vivacidad de lo que se dice: 
así hablan, en buena parte, los necios o los graciosos de la comedia; y 
d) el uso de refranes que ya hacen el Ribaldo del Caballero Zifar, a 
principios del siglo XIV ; varios personajes de los dos Arciprestes, y, por 
supuesto, las heroínas de Rojas, Delicado y López de Úbeda. Cer­
vantes apela al tercer procedimiento algunas veces. No sólo Sancho dice 
necedades: el barbero que reclama por suya la albarda, habla así: «Se­
ñores, así esta albarda es mía como la muerte que debo a Dios, y así 
la conozco como si la hubiera parido, y ahí está mi asno en el establo, 
que no me dejará mentir» (I, 44, 568).
Pero son los refranes lo propio del escudero. Aunque Cervantes no 
renuncia a caracterizar su expresión por faltas de léxico o de prosodia. 
Recurso cómico que, por cierto, no suscita Sancho, sino Pedro el cabre­
ro, en el capítulo I,12, a quien el hidalgo corrige cris por eclipse, es- 
til por estéril, y sarna por Sarra (Sara). Hasta entonces, a Cervantes 
no se le habían ocurrido los errores prosódicos como recurso cómico; será 
mucho más tarde, nueve capítulos después, cuando Panza empiece a 
prevaricar (para decirlo con Amado Alonso). Es una muestra de cómo
XXXVI FE R N A N D O L Á Z A R O C A R R E T E R
Cetvantes no lo tenía todo decidido al ponerse a escribir, y, mucho me­
nos, cómo caracterizar al escudero.
Y es que éste, como personaje ignorante, era muy difícil de elaborar. 
Cervantes lo dice por boca de don Quijote, aunque sea a propósito del 
teatro; asegura, en efecto, el hidalgo: «Decirgracias y escribir donaires 
es de grandes ingenios: la más discreta figura de la comedia es la del 
bobo, porque no lo ha de ser el que quiere dar a entender que es sim­
ple» (II, 3, 712). Un modo de darlo a entender era éste, que Lope de 
Rueda había explotado hasta la saciedad: hacer hablar disparatada­
mente a sus personajes más burdos. Cervantes ve que aquel modo de 
expresarse el cabrero, con las interrupciones doctas del andante, puede 
trasladarse a Sancho. Pero, como siempre, amenaza la fatiga del lector 
si se abusa del procedimiento, y habrá de administrarlo prudentemen­
te, después de un primer aprovechamiento intenso. Será Sancho quien 
advierta a don Quijote que no insista corrigiéndole, como síntoma del 
tiento con que se anda el autor: «Una o dos veces ... si mal no me 
. acuerdo, he suplicado a vuestra merced que no me emiende los vocablos, 
si es que entiende lo que quiero decir en ellos» (II, 7, 741).
Es claro que Cervantes va buscando con ahínco la voz diferente de 
Sancho en la polifonía quijotesca. La logrará, al fin, y se sentirá orgu­
lloso de su victoria. Porque, según dice Sansón Carrasco al escudero, al 
leer la gente la Primera parte de sus aventuras, hay quien «precia más 
oíros hablar a vos que al más pintado de toda ella» (II, 3, 709). Otras 
personas, esperando la Segunda parte, exclaman: «Vengan más quijo­
tadas, embista don Quijote y hable Sancho Panza» (II, 4, 718). E l 
habla de Sancho: el gran desafío en que ha triunfado Cervantes.
Como he recordado, parte esencial de esa palabra son los refranes. 
Los primeros que aparecen en la novela no los pronuncia él, y son bien 
comunes. Los dicen el mercader y el narrador mismo. E l tercero es traí­
do a cuento por la sobrina, y tampoco revela excesivo conocimiento del 
refranero: «Muchos van por lana y vuelven tresquilados» (I, 7, 98). 
Sancho no suelta su primer refrán hasta el capítulo 19 y lo enuncia así, 
nótese bien: «Como dicen, váyase el muerto a la sepultura y el vivo a 
la hogaza» (I, 19, 225). Ese como dicen remite a un dicho que San­
cho Ira oído y que cita sin brotarle de caudal propio alguno, es algo aje­
no a él y traído a la ocasión como un recuerdo. Ello sugiere que Cer­
vantes aún no está seguro del empleo de refranes para forjar a Sancho. 
E l procedimiento se le va revelando poco a poco y sin firmeza. Algu­
no salta en su charla; pero será en el capítulo 25 donde se produce la
ES T U D IO P R E L IM IN A R XXXVII
primera acumulación de una réplica: «Allá se lo hayan, con su pan se 
lo coman ... De mis viñas vengo, no sé nada, no soy amigo de saber vi­
das ajenas, que el que compra y miente, en su bolsa lo siente» (I, 25, 298). 
Pero este primer chorreo queda inexplicablemente aislado, y Cervantes 
ya no volverá a él hasta la Segunda parte.
E l procedimiento de la acumulación de refranes se había empleado en 
otros géneros, pero no, según ha notado Louis Combet, en la novela. 
Menudean en la expresión de Celestina y también en las de Lozana 
y Justina, pero no los prodigan tanto. Y aun con el precedente del R i ­
baldo y Rampín, eran más propios de gente vieja y, sobre todo, de mu­
jeres, de «honorables ancianos y reverendas mujeres», como se dice en 
los anónimos Refranes glosados. A otro propósito, recordó Rodríguez 
Marín que a las viejas los atribuye el Marqués de Santillana y que so­
lía llamárseles ensiemplos de la vieja. Me parece que, en efecto, Cer­
vantes se adueña definitivamente del recurso del chaparrón refraneril 
como estímulo cómico, cuando lo ha hecho pasar por boca de una mu­
jer, de Teresa Panza, aunque no fuera vieja; pero tampoco lo eran Lo­
zana y Justina.
E l descubrimiento ocurre en el importantísimo coloquio de Sancho 
con su mujer, en el capítulo 5 de la Segunda parte. Momento difícil 
para el novelista, porque ha de hacer hablar a dos analfabetos. Se im­
pondría que entre ellos fluyera un coloquio toscamente humilis; pero 
eso hubiera descompensado la ponderada concertación de la obra, tan 
delicadamente equilibrada por el escritor. Imaginemos lo chocante que 
resultaría una larga conversación entre dos personajes tan rudos. Para 
prevenir una estrategia que conjure ese riesgo, Cervantes utiliza una 
admirable argucia. A l frente del capítulo inserta la siguiente adverten­
cia: «Llegando a escribir el traductor desta historia este quinto capítu­
lo, dice que le tiene por apócrifo, porque en él habla Sancho Panza con 
otro estilo del que se podía prometer de su corto ingenio y dice cosas tan 
sutiles, que no tiene por posible que él las supiese, pero que no quiso 
dejar de traducirlo, por cumplir con lo que a su oficio debía» (II, 5, 723). 
De ese modo, haciendo que el escudero alce, aunque sea apócrifamen­
te, su calidad expresiva, evitará el insoportable arrusticamiento de los 
dos aldeanos, y restablecerá el desnivel elocutivo que, mutatis mutan­
dis, mantienen don Quijote y Sancho.
En efecto, a ¡as primeras de cambio, Teresa Panza amonesta a su 
marido: «Mirad, Sancho ... después que os hicistes miembro de caba­
llero andante, habláis de tan rodeada manera, que no hay quien os en­
XXXVIII FE R N A N D O L Á Z A R O C A R R E T E R
tienda» (II, 5, 724). E l traductor señala las réplicas de Panza que, por 
su elevación, le parecen sospechosas de falsedad: «Por este modo de ha­
blar, y por lo que más abajo dice Sancho, dijo el tradutor desta histo­
ria que tenía por apócrifo este capítulo» (II, 5, 727); poco más adelan­
te, avisa: «Todas estas razones que aquí va diciendo Sancho son las 
segundas por quien dice el tradutor que tiene por apócrifo este capítulo, 
que exceden a la capacidad de Sancho» (II, 5, 730). Y es que, en efec­
to, en ausencia de don Quijote, el escudero asume su palabra. Siendo 
él tan gran prevaricador corrige a Teresa por hablar mal, de igual modo 
que él solía ser corregido. Y cuando ella le advierte: «Yo no os entien­
do, marido ... haced lo que quisiéredes y no me quebréis más la cabe­
za con vuestras arengas y retóricas. Y si estáis revuelto en hacer lo que 
decís...» (II, 5, 731), Sancho salta: «Resuelto has de decir, mujer ... 
y no revuelto» (II, 5, 731). A lo que la rústica replica como antes hi­
ciera su marido al hidalgo: «Yo hablo como Dios es servido y no me 
meto en más dibujos» (II, 5, 731).
\ Pues bien, en esta conversación Teresa suelta refranes en cascada: 
«Eso no, marido mío ... viva ¡a gallina, aunque sea con su pepita: vi­
vid vos, y llévese el diablo cuantos gobiernos hay en el mundo ... La 
mejor salsa del mundo es la hambre ... advertid al refrán que dice: “ A l 
hijo de tu vecino, limpíale las narices y métele en tu casa” ... mi hija 
ni yo por el siglo de mi madre que no nos hemos de mudar un paso de 
nuestra aldea: la mujer honrada, la pierna quebrada, y en casa; y la 
doncella honesta, el hacer algo es su fiesta» (II, 5, 723-729). La he­
morragia refranesca de la Panza es incoercible. Su marido ha de ata­
jarla: «¡Válate Dios, la mujer, y qué de cosas has ensartado unas en 
otras, sin tener pies ni cabeza! ¿Qué tiene que ver ... los refranes ... 
con lo que yo digo?» (II, 5, 729).
Dos capítulos más adelante, don Quijote pregunta al escudero qué 
piensa su mujer de la nueva salida; y él contesta: «Teresa dice ... que ate 
bien mi dedo con vuestra merced, y que hablen cartas y callen barbas, 
porque quien destaja no baraja,pues más vale un toma que dos te daré.
Y yo digo que el consejo de la mujer es poco, y el que no le toma es 
loco» (II, 7, 741). Esta réplica representa el trasvase definitivo de la ca­
tarata refraneril de Teresa a Sancho; ella ha dicho una sarta de refra­
nes; él dice —«y yo digo»- otros refranes: el anudamiento se ha produ­
cido, y el escudero es ya dueño del artificio. Don Quijote se da cuenta 
e ironiza: «Decid, Sancho amigo, pasad adelante, que habláis hoy de 
perlas» (II, 7, 742). En ese hoy de la novela, en ese instante, que está
E S T U D IO P R E L IM IN A R X X X IX
bien pasada ya ¡a mitad de ella, se ha afianzado, tras tanteos insegu­
ros, el Sancho ensartador de refranes. Y a Cervantes te urge hacer no­
tar ai lector su decisión; menos de dos páginas después, don Quijote 
afirma: «Y advertid, hijo, que vale más buena esperanza que ruin po­
sesión, y buena queja que mala paga. Hablo de esta manera, Sancho, 
por daros a entender que también como vos sé yo arrojar refranes como 
llovidos» (II, 7, 741-742).
Esta propiedad del lenguaje de Sancho se hará ya consustancial con 
su persona: no tengo «otro caudal alguno, sino refranes y más refra­
nes», declara más adelante (II, 43, 1067); y aún después: «No sé de­
cir razón sin refrán, ni refrán que no me parezca razón» (II, 71, 1316).
Y así ha pasado Panza a la historia de nuestra lengua artística: como 
portador de «un costal de refranes en el cuerpo», según dictamen del 
cura (II, 50, 1138), aunque ello no figurara en el proyecto inicial de su 
creador. A l construir así al escudero, al imponerle un uso del refrán tan 
distinto del que hacen otros personajes, la voz de Sancho ingresa con 
un timbre diferenciado y potente en el gran conjunto polifónico del 
Quijote.
Como ha escrito Martín de Riquer, la idea primitiva de Cervantes 
era que Sancho fuese un tonto. En efecto: fue creado como el comple­
mento que necesitaba don Quijote, proyectado inicialmente como un 
loco. E l escudero nace en la mente del autor cuando éste decide rebasar 
los límites que a su novela sugería la imitación del insustancial Entre­
més. E l mánchego hace su primera salida sin escudero; ni siquiera se 
le ocurre llevar con él al «mozo de campo y plaza» que le servía como 
criado (I, 1, 38), sencillamente porque Bartolo no contaba con seme­
jante compañía. Y ni siquiera se le ocurre a él procurársela: fue el pri­
mer ventero quien le aseguró «que eran pocas y raras veces» en que los 
caballeros andantes «no tenían escuderos» (I, 3, 61). Es al principio del 
capítulo siguiente, el cuarto, cuando don Quijote decide volver a casa y 
«recebir a un labrador vecino suyo que era pobre y con hijos, pero muy 
a propósito para el oficio escuderil de la caballería» (I, 4, 67).
Cervantes lo inventa a impulsos de la misma experiencia con que 
Lope de Vega crea la figura del donaire en la comedia. E l héroe litera­
rio necesita del «otro al lado», que sea su confidente y cooperador. Sin 
alguien junto a él con quien hablar, las andanzas de un orate por la 
Mancha hubieran dado poco juego. Tanto en la comedia áurea como 
en el relato, hacen falta dos conciencias compenetradas, pero en oposi­
ción dialéctica, de modo que una rebote en la otra, y permita revelar el
XL E S T U D IO P R E L IM IN A R
pensamiento del personaje principal, dado que, normalmente, las mi­
ras del amo han de ser altas, sus hazañas valerosas y sus sentimientos 
elevados y sutiles. Pero ocurrió que a Cervantes le fue creciendo la f i ­
gura del tonto, hasta hacerse tan importante como la de su señor. Y que 
éste fue soltando lastre de locura hasta hacerse un tipo humano de má­
xima trascendencia. Basta observar de qué hablan ambos en sus pri­
meras jornadas y el crecimiento progresivo del interés de sus temas.
La famosa interpretación de don Quijote como héroe del ideal, opues­
to al rudo materialismo de Sancho, no parece cierta si se entiende corno 
un proyecto, digamos, filosófico de Cervantes, previo al momento de es­
cribir su libro. Muchas cosas «sublimes» de la literatura tienen su origen 
y fundamento en causas hasta cierto punto mecánicas, que el genio del 
autor dota de sublimidad. Sancho es tosco, gordo, sensato y utilitario 
para que, a su lado, el caballero deje ver su cuerpo esperpéntico y su 
alma fantasiosa y acrisolada, una vez que Cervantes ha decidido dar 
formato grande a su narración. Y es inicialmente tonto, porque sus po­
cas luces no deben impedir el desvarío del héroe. Sólo a medida que éste 
vaya mostrando admirable cordura fuera de lo caballeresco, podrá ir en­
riqueciendo Sancho su personalidad hasta adquirir volumen comparable 
a la del caballero. A esto debe atribuirse la famosa quijotización de San­
cho, tan notada por la crítica. Cervantes advierte varias veces, sutil­
mente, del crecimiento moral solidario de amo y criado, y, en algún mo­
mento, de manera tan clara como en el capítulo 22 de la Segunda parte, 
en que Sancho, tras haber escuchado las reflexiones que hace su señor a 
Basilio sobre el matrimonio, comenta cómo ambos, él y don Quijote, es­
tán dotados de singular discernimiento. Dice: «Este mi amo, cuando yo 
hablo cosas de meollo y de sustancia suele decir que podría yo tomar un 
púlpito en las manos y irme por ese mundo adelante predicando linde­
zas; y yo digo dél que cuando comienza a enhilar sentencias y a dar 
consejos, no sólo puede tomar un púlpito en las manos, sino dos en cada 
dedo, y andarse por esas plazas a ¿qué quieres, boca? ¡Válate el diablo 
por caballero andante, que tantas cosas sabes ! ... no hay cosa donde no 
pique y deje de meter su cucharada» (II, 22, 884).
Y así, picando en todo, hablando cosas de meollo y de sustancia, acu­
ñados como cara y cruz de una medalla de oro, don Quijote y Sancho 
siguen haciendo este milagro secular de reunimos a mujeres y a hombres 
a escuchar o a leer o a interpretar su propia y libre palabra nuestra.
Femando Lázaro Carreter
P R Ó L O G O
I . V ID A Y L I T E R A T U R A : 
C E R V A N T E S E N E L «Q U IJO T E »
Jean Canavaggio
En busca de un perfil perdido
Dos caminos suelen ofrecerse a quien intenta acercarse al vivir 
cervantino. O bien dedicarse a la consulta de documentos y ar­
chivos, cuyo laconismo deja inevitablemente frustrado al que 
no se satisface con los pocos datos sacados de actas notariales y 
apuntes de cuentas, ajenos a la intimidad del escritor; o bien 
buscar esta intimidad en su obra, a riesgo de ceder a un espe­
jismo: el testimonio de unas «fábulas mentirosas» que no han 
tenido nunca como fin el de llenar los vacíos de nuestra infor­
mación. *
Así y todo, tantas experiencias biográficas, intelectuales y li­
terarias del autor vienen a confluir, de un modo u otro, en las 
ficciones cervantinas, que el lector del Quijote no puede resis­
tir al deseo de aventurarse por una senda que le lleva a descu­
brir una nueva forma de entroncar vida y literatura. Aventura, 
por cierto, azarosa, y que el propio Cervantes nos induce a em ­
prender con cautela, al disimularse, como lo hace, detrás de 
unas máscaras, delegando sus poderes en narradores imaginarios 
al estilo de Cide Hamete Benengeli. N o obstante, a quien sabe 
leer entre líneas el Quijote se le aparece impregnado del sentir
* Puede consultarse el Resumen cronológico de la vida de Cervantes, según 
lo reconstruimos al final de este Prólogo, junto a la mención de las fuentes 
documentales en que nos basamos. Citamos el Quijote por el texto de la pre­
sente edición; las Novelas ejemplares, por la de Jorge García López, Crítica, 
Barcelona, 2001; Los tratos de Argel, La Numancia y las Poesías sueltas, por la 
de R . Schevill y A. Bonilla, en Comedias y .entremeses, V y VI, Gráficas R e u ­
nidas, Madrid, 1920 y 1922; las demás citas cervantinas remiten al folio de 
las primeras ediciones, fácilmente accesibles en los facsímiles publicados 
(no sin retoques) por la R eal Academia Española. La ortografía de todos 
los textos se ha modernizado según las normas seguidas en el resto dela 
edición.
X L V
XLVI PRÓ LO GO
del que lo compuso. U n ejemplo sin más tardar: como se sabe, 
la historia del ingenioso hidalgo no se amolda al esquema 
pseudoautobiográfico elegido por M ateo Alemán al concebir 
su Guzmán de Alfarache, el relato retrospectivo de su propia 
vida que nos hace el protagonista. Las reservas de Cervantes 
ante la forma que cobra la confesión del picaro se perfilan en 
el capítulo 22 de la Primera parte de su novela. Ahí nos sale al 
encuentro, en una cadena de forzados, el galeote Ginés de Pa­
samonte, autor de un libro de su vida, y tan bueno, que «mal 
año para Lazarillo de Tonnes y para todos cuantos de aquel gé­
nero se han escrito o escribieren» (I, 22, 265-266). Gom o ha 
mostrado Claudio Guillén, clara denuncia nos ofrece aquí G i­
nés del doble artificio que caracteriza la narración picaresca: 
por un lado, prometiendo un libro que «trata verdades, y no 
mentiras», o sea, sucesos efectivamente ocurridos y no cosas in­
ventadas que se pretenden sucedidas; y, por otro lado, consi­
derando este libro como inconcluso, sin que pueda publicar­
se mientras no se acabe el curso de su propia existencia. Así 
pues, este encuentro con el galeote abre como un resquicio 
por donde vienen a filtrarse las preferencias estéticas de C er­
vantes, como si éste, por medio de su portavoz, nos diera a co­
nocer algo de la circunstancia en que se fraguó su quehacer de 
escritor.
Ahora bien, no siempre permanece Cervantes entre bastido­
res. Hay, a lo largo de su obra, textos clave en que parece asu­
mir su identidad, hablando en primera persona. En primer lu­
gar, los dos prólogos al Quijote, separados por diez años cabales, 
igual que las dos partes del mismo; luego, compuestos en el fe­
cundo crepúsculo de su vida, otros textos liminares, como los 
respectivos prólogos a las Novelas ejemplares y a las Comedias y 
entremeses, el prólogo al Persiles o la conmovedora dedicatoria al 
Conde de Lemos, fragmentos dispersos de un retrato de artista 
cuya verdad no exige verificación. Varias razones explican el 
interés que, para nosotros, ofrecen estos fragmentos; pero más 
que nada, quizá, el ser el retratado un hombre cuya existencia 
histórica apenas se conoce. Debido al silencio de los archivos, 
ignoramos, en efecto, casi todo de los años de infancia y ado­
lescencia de nuestro escritor. Podemos afirmar a ciencia cierta 
que nació en 1547 en Alcalá de Henares, de padre cirujano;
V ID A Y L IT E R A T U R A XLVII
pero no se sabe en qué fecha exacta, y la supuesta ascendencia 
conversa que se le atribuye sigue siendo tema controvertido. 
Tal vez empezara a estudiar en Sevilla, donde habría visto re­
presentar a Lope de Rueda; pero su traslado a Madrid no que­
da documentado. Hace falta esperar al año de 1569 para ver 
comprobada su presencia en la Villa y Corte, la cual se infiere 
de su contribución a las Exequias publicadas por su maestro L ó ­
pez de Hoyos con motivo de la muerte de Isabel de Valois, ter­
cera esposa de Felipe II.
M ejor conocimiento tenemos de los años heroicos que m e­
dian entre 15 7 1 y L580: el contacto de Cervantes con la «vida 
libre de Italia», primero en R om a, en el séquito del cardenal 
Acquaviva, luego como soldado, a las órdenes de D iego de U r­
bina; las heridas recibidas en Lepanto, el 7 de octubre de 15 7 1 , 
donde, a bordo de La Marquesa, pelea «muy valientemente» y 
pierde de un arcabuzazo el uso de la mano izquierda; al año si­
guiente, las acciones militares llevadas con desigual suerte por 
don Juan de Austria en Corfú, Navarino, Túnez y La Goleta; 
en 1575, la captura por corsarios turcos, al volver a España en 
la galera Sol; por fin, los cinco años del cautiverio argelino, do­
lorosa experiencia marcada por cuatro intentos frustrados de 
evasión y concluida con un inesperado rescate, conseguido por 
obra de los padres trinitarios.
La falta casi completa de escritos íntimos no nos permite con­
cretar el cómo y el porqué de estas peripecias: así la partida a 
Italia, quizás a consecuencia de un misterioso duelo; la vida an- 
cilar llevada durante unos meses en Rom a; el alistamiento en 
los tercios; la vuelta proyectada a la madre patria; y en Argel, a 
pesar de reiteradas tentativas de fuga, la extraña clemencia del 
rey Hazán.
Otro tanto puede decirse de los acontecimientos que siguie­
ron al regreso de M iguel a Madrid, una vez rescatado. Tras una 
breve misión desempeñada en Orán, se inicia entonces su ca­
rrera de escritor: hace representar varias comedias, «sin silbos, 
gritos ni barahúnda», en tanto que, en 1585, publica La Gala- 
tea, novela pastoril al estilo de La Diana de Montemayor. Pero 
no se explica la pérdida casi completa de sus primeras piezas 
(exceptuando E l trato de Argel y La Numancia, conservadas en 
copias del siglo x v m ); tampoco se ha aclarado el misterio que
XL VIII PRÓ LO G O
envuelve el nacimiento de su hija natural, Isabel, habida de Ana 
Franca de Rojas, esposa de un tabernero; apenas se conocen las 
circunstancias de su matrimonio, en 1584, en Esquivias, con 
Catalina de Salazar, dieciocho años menor que él; menos aún 
las razones exactas de su partida del hogar, en 1587, hacia Se­
villa («tuve otras cosas en que ocuparme», nos dice en el pró­
logo a Ocho comedias y ocho entremeses nuevos, £ 3); por no decli­
nada de los motivos de un silencio de casi veinte años, duran­
te los cuales Cervantes recorre Andalucía, primero como pro­
veedor de la Armada Invencible y luego desempeñando varias 
comisiones para la hacienda pública.
Tan sólo adivinamos una vida de dificultades y molestias: en 
1590 solicita del rey un oficio en las Indias que le es negado; 
en 1597, tras haber sido excomulgado, es encarcelado en Sevilla 
por retrasos y quiebras de sus aseguradores. Hay que esperar a 1604 
para verle reaparecer en el campo de las letras, establecido con su 
familia en Valladolid, adonde Felipe III acaba de trasladar la sede 
de la corte. Allí, en este mismo año, concluye la Primera parte 
del Quijote, publicada en diciembre ya con fecha de 1605.
Cervantes en primera persona
Se comprenderá, entonces, lo que viene a representar, en nues­
tra búsqueda de la vivencia cervantina, el prólogo con que se 
abre esta Primera parte; pero no debe engañarnos aquel yo que, 
de entrada, dirige la palabra al «desocupado lector». E l Cervan­
tes de carne y hueso, muerto hace casi cinco siglos, nos es in­
asequible por definición; es una sombra que no podemos al­
canzar. Quien se descubre al hilo de nuestra lectura es más bien 
el doble de aquel sujeto desaparecido, un ente nacido de un 
acto de escritura, establecido como tal por la mirada del lector, 
y que se deja entrever en las muestras dispersas de un autobio- 
grafismo episódico. Pero es así como nos abre una perspectiva 
que contribuye a crear la modernidad del Quijote: el encuentro 
de nuestra voluntad receptiva de lector con una voluntad pro- 
yectiva a la que debemos la inserción de este yo cervantino 
dentro del espacio textual; un espacio al que configura y orde­
na, comunicándole su presencia y su sabor de vida.
V ID A Y L IT E R A T U R A XLIX
Com o era de esperar, este primer prólogo ha llamado la aten­
ción de los cervantistas, preocupados por desentrañar lo que se 
nos sugiere, al parecer, de la génesis del Quijote mediante una 
fugaz e incierta alusión a la cárcel en que hubo de ser engen­
drado el libro, Pero, a decir verdad, no es su contenido infor­
mativo, sino su misma estructura la que fundamenta el interés 
y la radical novedad de este texto. En efecto, aunque parece, a 
primera vista, conformarlo con el género prologal, el yo cer­
vantino va alterando poco a poco sus protocolos, hasta llegar fi­
nalmente a subvertirlos: primero, interpelando, tras veinte años 
de silencio, a aquel «desocupado lector» que se habrá olvidado de 
sus obras de mocedad; luego, manifestando un aparente des­
precio por el libro prologado, nuevo «hijo de su entendimien­
to», por cierto, pero «seco, avellanado, antojadizo»,

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