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D O N Q U I J O T E D E L A M A N C H A M I G U E L D E C E R V A N T E S VISÍTANOS PARA MÁS LIBROS: https://www.facebook.com/culturaylibros M I G U E L D E C E R V A N T E S DON QUIJOTE DE LA MANCHA MIGUEL DE CERVANTES DON QUIJOTE DE LA M A N C H A E D IC IÓ N D E L IN S T IT U T O C E R V A N T E S 16 0 5 -2 0 0 5 D IRIG ID A POR F R A N C I S C O R I C O con la colaboración de JO A Q U Í N F O R R A D E L L A S ESTUDIO PRELIM IN A R DE F E R N A N D O L Á Z A R O C A R R E T E R GA LA XIA G U T E N B E R G · C ÍR C U L O DE L E C T O R E S C E N T R O PA R A LA E D IC IÓ N DE LOS C LÁ SICO S ESPAÑOLES Armauirumque Armauirumque L a presente edición va dedicada a ¡a memoria Femando Lázaro Carreter Con la participación de la SOCIEDAD ESTATAL DE CONMEMORACIONES CULTURALES P O R EL C E N T R O P A R A L A E D IC IÓ N D E L O S C L Á S IC O S E S P A Ñ O L E S : F e r n a n d o L á z a r o C a r r e t e r Estudio preliminar F r a n c i s c o R ic o Texto crítico y Dirección J o a q u í n F o r r a d e l l a s Notas G u i l l e r m o S e r e s Adjunto a la Dirección G o n z a l o P o n t ó n Jefe de redacción P a t r i z i a C a m p a n a L a u r a F e r n á n d e z Coordinación general M o n t g r o n y A l b e r o l a · M a r g a r i t a F r e i x a s S i l v i a I r i s o · M a r i b e l M a r t í n e z J u l i á n M o l i n a · G e r a r d o S a l v a d o r P a t r i c i a S a l v a d o r · A g u s t í n S á n c h e z A g u i l a r G e m a V a l l í n ■ Í n g r i d V i n d e l Redacción M o n t s e r r a t A m o r e s · P i l a r B e l t r á n J u a n J o s é G o n z á l e z B u e n o ■ M a r c G r a u J u a n R a m ó n M a y o l · M a r í a N o g u é s V i c e n t e S a n t o l a r i a · O m a r S a n z · X a v i e r T u b a u C r i s t i n a U j a l d ó n ■ G u i l l e m U s a n d i z a g a Ayudantes de redacción C O LA B O RA D O RES E l l e n M . A n d e r s o n J e a n C a n a v a g g i o A n t h o n y C l o s e A n t o n i o D o m í n g u e z O r t i z E d w a r d C . R i l e y S y l v i a R o u b a u d Prólogo J o a q u í n A l v a r e z B a r r i e n t o s C a r m e n B e r n i s J o s é M a r í a C a s a s a y a s A n t o n i o C o n t r e r a s J a i m e F e r n á n d e z , S.J. R i c a r d o G a r c í a C á r c e l J u a n G u t i é r r e z C u a d r a d o B e r n a t H e r n á n d e z M a r i C a r m e n M a r í n P i n a J u l i á n M a r t í n A b a d J o s é M a n u e l M a r t í n M o r á n R a f a e l R a m o s M i g u e l R e q u e n a M a r c o M a r t í n d e R i q u e r A l b e r t o S á n c h e z Documentación J o s é M o n t e r o R e g u e r a Lecturas del «Quijote» L E C T U R A S D E L «Q U IJO T E » Y R E V I S I Ó N D E N O T A S J o h n J . A l l e n · I, 25-26, 29-31 S t e f a n o A r a t a ■ II, i i I g n a c i o A r e l l a n o · I I , 25-27 J u a n B a u t i s t a d e A v a l l e - A r c e · I, 2 1-2 2 J a v i e r B l a s c o · I, 1 1 - 1 4 J e a n C a n a v a g g i o · I I, 30-32 M . S o l e d a d C a r r a s c o U r g o i t i · I I, 54 M a x i m e C h e v a l i e r · II, 45, 47, 49 A n t h o n y C l o s e · I I, 33-35 L o u is C o m b e t · II, 36-39 C r i s t ó b a l C u e v a s · I I , 6-7 G i u s e p p e D i S t e f a n o · I, 4-5 A u r o r a E g i d o ■ II, 22-23 H e i n z - P e t e r E n d r e s s · II, 40-41 J o a q u í n F o r r a d e l l a s · I, 1 C l a u d i o G u i l l e n · I, 7-8 G e o r g e s G ü n t e r t ■ II, 63-65 L u is I g l e s i a s F e i j o o - I, 9 -10 P a b l o J a u r a l d e · I I, 28 M o n i q u e J o l y · II, 44, 46, 57, 69-70 J a c q u e s J o s e t ■ I, 43-46 W i l l a r d F . K i n g · II, 73 R a f a e l L a p e s a · II, 5 I s a í a s L e r n e r ■ II, 59 F r a n c i s c o L ó p e z E s t r a d a · I, 50-52 N a d i n e L y · II, 50 H o w a r d M a n c i n g ■ II, 29 M . C a r m e n M a r í n P i n a ■ I, 2-3 A d r i e n n e L . M a r t i n · I, Versos preliminares y finales J a i m e M o i l ■ I y II, Portada y Preliminares M i c h e l M o n e r ■ I, 37 -4 2 M a r g h e r i t a M o r r e a l e · II, 58 L u ís A n d r é s M u r i l l o · I, 1 5 - 1 7 H a n s - J ö r g N e u s c h ä f e r · I, 3 3 - 3 5 J e a n - M a r c P e l o r s o n · II, 5 1 , 53 H e l e n a P e r c a s d e P o n s e t i ■ II, 42-4 3 S v e t l a n a P i s k u n o v a · II, 24 R a n d o l p h P o p e ■ II, 1 6 - 1 8 A u g u s t i n R e d o n d o ■ II, 1 9 - 2 1 A l f o n s o R e y · II, 55 F r a n c i s c o R i c o · I, 1 E d w a r d C . R i l e y ■ II, 1 M a r t i n d e R i q u e r · II, 60-62 E l i a s L . R i v e r s · II, Prólogo y Dedicatoria J u l i o R o d r í g u e z - L u i s · II, 8 - 1 0 C a r l o s R o m e r o M u ñ o z ■ II, 66-68 S y l v i a R o u b a u d ■ I, 6, 32 P e t e r R u s s e l l · I, 49 M a r i a C a t e r i n a R u t a ■ II, 72 A l b e r t o S á n c h e z · I, 2 3 - 2 4 , 2 7 - 2 8 , 36 R i c a r d o S e n a b r e ■ II, 2 -4 H a r r y S i e b e r · II, 7 1 M a r i o S o c r a t e · I, Prólogo E d u a r d o U r b i n a ■ II, 1 2 - 1 5 D a r i o V i l l a n u e v a · I, 47-48 B r u c e W. W a r d r o p p e r ■ II, 74 E d w i n W i l l i a m s o n · I, 18 - 2 0 D o m i n g o Y n d u r á i n · II, 48, S2, 56 PRESEN TA C IÓ N En 1994, el Instituto Cervantes confió al Centro para la Ed i ción de los Clásicos Españoles* la preparación de un Quijote que pudiera ser ventajosamente manejado por un público tan amplio como el ámbito del propio Instituto. Amén de dar, por primera vez, un texto crítico, establecido según la ecdótica más rigurosa, la edición, pues, había de aclarar ágilmente las dudas e incógnitas que un libro de antaño, y de semejante enverga dura, por fuerza provoca en el lector sin especial formación en la historia, la lengua y la literatura del Siglo de Oro; pero tam bién debía tomar en cuenta las necesidades del estudiante y, por otro lado, prestar algún servicio al estudioso, ofreciéndole, por ejemplo, una primera orientación entre la inmensa biblio grafía que ha ido acumulando la tradición del cervantismo. Tales planteamientos coincidían en sustancia con la concep ción general de la Biblioteca Clásica por mí dirigida, cuyas nor mas de anotación -e n dos estratos: a pie de página y en sección aparte- atienden señaladamente a hacer posible que cada uno de los distintos tipos de usuarios aproveche la edición de acuer do con sus conveniencias peculiares. D e ahí que el Quijote del Instituto Cervantes apareciera, en 1998, incorporado a Biblio teca Clásica, y, gracias al interés de Editorial Crítica, que en- * E l Centro para la Edición de los Clásicos Españoles (www.cece. edu.es) se constituyó el 1 de octubre de 19 91 con el designio de «realizar o favorecer los estudios o proyectos que conduzcan a la publicación de los clá sicos españoles en ediciones de la máxima calidad filológica». Los miembros fundadores fueron Ignacio Arellano, Eugenio Asensio, Alberto Blecua, José M . Blecua, Pedro M . Cátedra, Aurora Egido, Joaquín Forradellas, Luciano García Lorenzo, Luisa López Grijera, Rafael Lapesa, Femando Lázaro C a- rreter (director), José María M icó, Francisco R ico (secretario general), M ar tín de Riquer, Darío Villanueva y Domingo Ynduráin; a ellos se han aña dido posteriormente Antonio Carreira, R o g er Chartier, Luis Alberto de Cuenca, Inés Fernández-Ordóñez, Víctor García de la Concha y Guiller mo Serés. Hasta 1998 estuvoadscrito a la Fundación Duques de Soria, y al año siguiente se convirtió en asociación cultural independiente. XIII http://www.cece XIV FR A N C IS C O RICO tonces la publicaba, acrecentado con materiales no previstos en el plan inicial: en particular, la versión del texto en c d - r o m , con un sistema de búsqueda y análisis que proporciona el más completo vocabulario, concordancia y registro lingüístico de la obra maestra de las letras españolas. Ese Quijote de 1998 ha tenido una fortuna más que próspera, y, saludado por la crítica con abrumadora generosidad, ha co nocido tres ediciones corregidas y a su vez con varias reimpre siones/' E l cuarto centenario de la princeps de E l ingenioso hidal- * Por diversas razones, quiero agradecer también especialmente los ma drugadores comentarios y recensiones de John J . Alien, «A Don Quijote for the N ew Millennium», Cavantes, X IX :2 (1999), pp. 204-214; Mónica M a ria Arango, «El Quijote interactivo», y Juan José García Posada, «Don Qui jote en el ordenador», E l Colombiano (Medellin), suplemento Literario Domi nical, 24 de mayo de 1998; R o ger Charrier, «Les vicissitudes de l’âne volé puis retrouvé», Le Monde, 7 de mayo de 1999, p. v i de Le Monde des livres (y luego en su libro E l juego de las reglas: lecturas, Fondo de Cultura Económi ca, M éxico, 2000, pp. 31-33); Daniel Eisenberg, «Rico, por Cervantes», His panic Review, LX V III (2001), pp. 84-88; Alejandro González Acosta, «Miguel de Cervantes: Don Quijote de la Mancha. Edición: Francisco Rdco», Sábado, suplemento de Unomásuno, M C X IX , 13 de marzo de 1999; Juan Goytisolo, «Sobre duelos y quebrantos», E l País, 14 de agosto de 1998, p. 26; B .W . Ife, «Another sally for the knight», Times Literary Supplement, 9 de octubre de 1998, p. 15 ; Paul Ingendaay, «Der elektrische Reiter», Frankfurter Allgemeine Zeitung, Feuilleton del 19 de septiembre de 1998, p. 33; T . Lathrop, en Bu lletin of Hispanic Studies (Liverpool), L X X V II (2000), pp. 298-299; Fernando Lázaro Carretel', «El Quijote de Francisco Rico», A B C Literario, 12 de junio de 1998, pp. 26-27; François López, «Compte Rendu», Bulletin Hispanique, C I (1999), pp. 621-635; José-Carlos Mainer, «Una enciclopedia quijotesca», E l País, Babelia, 18 de abril de 1998, p. 9; Cory A. Reed, «The Instituto Cer vantes’ Quijote: A Definitive Edition», Bulletin of Hispanic Studies (Glasgow), L X X V II (2000), pp. 350-364; Mariarosa Scaramuzza Vidoni, «El Quijote de Rico», Revista de Libros, X X IV (diciembre de 1998), pp. 23-24; Elisa'oetta Samiati, «L’utilità dei supporti magnetici nello studio di testi letterari: il Don Quijote de la Mancha di M. de Cervantes in versione C D -Rom », Critica del testo, II/3 (1999), pp. 935-950; Florencio Sevilla Arroyo, «Editar a Cervan tes», Voz y Letra, IX :i (1998), pp. 14 1- 15 4 ; Enrique Turpin, «Don Quijote de la Mancha», E l Cieri>o, D L X X IV (enero de 1999); Francisco Umbral, «El Quijote de Rico», 25 de mayo de 1998, p. 64; y María José Vega, «Novela de novelas», Quimera, C L X X III (octubre de 1998), pp. 65-67. En el Anuario bi bliográfico cervantino, a partir de 1998, se encontrará indicación de otras rese ñas y de algunas de las numerosas informaciones, entrevistas, gacetillas, etc., aparecidas en publicaciones de Europa y América. P R E S E N T A C IÓ N XV go (acabado de estampar en los últimos días de 1604, pero ya con la fecha de 1605 en la portada), el apoyo de la Sociedad Es tatal de Conmemoraciones Culturales y la favorable disposición del Círculo de Lectores nos brindan ahora la oportunidad de presentar una nueva edición, notablemente aumentada y pues ta al día, pero siempre dentro del espíritu de la primera. En efecto: los numerosos cambios y revisiones, incrementos y actualizaciones que se han introducido en esta edición del 2005 siguen respondiendo esencialmente a los mismos propó sitos de 1998. Valga, pues, repetirlos al pie de la letra. «Es obvio, en primer lugar, que un Quijote de dimensiones manuales nunca podrá aspirar ni remotamente a ningún género de exhaustividad. Com o se imponía, pues, señalar un objetivo principal al del Instituto Cervantes, se acordó que el grueso de las notas y otros complementos, concentrándose en el plano en que asimismo convergen los múltiples destinatarios del proyec to, tuviera un carácter más informativo que interpretativo y, por ahí, mirara primordialmente a la elucidación del sentido lite ral. (A nuestro propósito, bastará caracterizarlo, con Marcel B a taillon, y «par opposition à d’autres sens non-littéraux», como el núcleo semántico que respetan o deben respetar incluso las exé- gesis críticas diametralmente opuestas.) Por tanto, la parte fun damental de la anotación, al igual que en otra manera el Prólo go, los apéndices o las ilustraciones gráficas, pretende antes de nada resolver los interrogantes que hoy suscitan muchos de los usos léxicos y gramaticales, referencias a cosas y personas, suce sos y costumbres, temas y alusiones de diversa índole, refranes, sentencias... que se encuentran en la novela, brindando al lector los datos imprescindibles para una correcta comprensión del texto en el contexto del autor y de su tiempo. »Sin embargo, el hincapié en el sentido literal no implicaba cerrar el paso a las interpretaciones literarias con categoría de clásicas o más estimadas en los últimos tiempos. La ocasión de dar les entrada ha venido de la mano de otro de los designios cen trales del Instituto Cervantes al fraguar el Quijote que ahora ve la luz: allegar una válida muestra de la situación actual de los es tudios cervantinos acogiendo las contribuciones de un buen número de los más prestigiosos representantes del hispanismo internacional. XVI F R A N C IS C O R IC O »Para alcanzar ese doble objetivo, un equipo de redacción for mado por miembros de número y asociados del Centro para la Edición de los Clásicos Españoles se ha ocupado en el estable cimiento del texto y del aparato crítico, en la elaboración de las notas a pie de página y complementarias y en otros quehaceres anejos; pero esa labor básica ha venido a enriquecerse merced a las aportaciones, por diferentes vías, de arriba de medio cente nar de distinguidos especialistas españoles y extranjeros. »Los más de entre ellos han tenido encomendado un frag mento, capítulo o grupo de capítulos y revisado las corres pondientes notas elaboradas por la redacción, velando por la exactitud y la pertinencia de las noticias o explicaciones ahí ofrecidas (y a veces recomendándonos anotar tal o cual detalle en principio no atendido por nosotros), mientras por otra par te escribían un comentario crítico al segmento en cuestión, para subrayar sus elementos y aspectos más importantes, cada cual desde el punto de vista que libérrimamente juzgaba más oportuno (dentro de una extensión, ella sí, draconianamente li mitada) y todos con la misma voluntad de proponer las exege sis más penetrantes y reveladoras. La suma de esos comentarios, en la sección Lecturas del «Quijote», y junto al admirable ensayo preliminar de Femando Lázaro Carretel·, constituye una anto logía única de la mejor crítica cervantina de nuestros días y, al correr paralela a una anotación asentada en el sentido literal, da, creemos, una óptima idea de la inagotable riqueza del libro y de la multiplicidad de enfoques a que se presta. (Ni que decir se tiene que quizá ningún otro se aviene mejor con un trata miento colectivo de tal estilo: someter el Quijote a una pers pectiva única, por aguda que sea, ¿no implica acaso reducir el alcance de una obra cuyo supremo atractivo está en la capaci dad de responder inagotablemente a las preguntas que en cada época le han dirigido, los talantes, intereses y métodos más di versos y aun contradictorios?) »Junto a los responsables de las Lecturas y de la revisión de nuestras notas, otros eminentes estudiosos nos han favorecidocon su concurso, haciéndose cargo de los varios apartados del Prólogo (y aceptando las cortapisas que suponía su derrotero predominantemente factual), proporcionándonos documenta ción para las notas, apéndices e ilustraciones, asesorándonos a P R E S E N T A C IÓ N XVII propósito de la bibliografía, y en algunos casos participando en más de uno de tales cometidos. U n reconocimiento especial queremos expresar a dos insignes decanos del cervantismo: E d ward C. R iley , quien desde el primer momento nos aconsejó en puntos tan delicados como la segmentación de la obra en las series de capítulos glosadas por cada uno de los autores de las Lec turas·, y Martín de R iquer, que no sólo puso a nuestra disposi ción preciosas informaciones sobre el arnés de don Quijote y la Barcelona de Cervantes, sino que además nos regaló un m on tón de atinadas sugerencias. »Nuestra gratitud, como sea, alcanza a todos los colaborado res, no ya por la calidad de su aportación tangible, sino aun más por el entusiasmo con que acogieron la empresa y nos anima ron a llevarla hasta el cabo. Debemos agradecerles en particular la extrema generosidad con que han tratado el trabajo de la re dacción, por lo regular limitándose a la corrección de erratas y a la introducción de pequeños retoques o de adiciones menu das. (En los casos en que han insertado alguna nota enteramen te nueva o modificado o incrementado de forma significativa la propuesta por la redacción, su firma figura en la nota comple mentaria.) Pero también estamos convencidos de que críticos e investigadores de tanta solvencia no hubieran dejado pasar des lices de alguna cuantía, y por ello mismo nos sentimos confor tados al pensar que cada una de nuestras notas lleva un respal do de máxima autoridad, que, si no le asegura el acierto, cuando menos avala que se mueve en el terreno de lo admisi ble u opinable dentro de nuestros conocimientos.» N o otros principios fundamentales han gobernado la presen te edición, en el cuarto centenario de la princeps. E l texto, aco modado a la ortografía académica de 1999, incorpora nuevas lecciones, y el aparato crítico se enriquece con el cotejo de más ediciones antiguas. E l Prólogo y las notas, tanto complementa rias como a pie de página, se han variado o reformulado de acuerdo con los estudios recientes, propios y ajenos. Las Lectu ras del «Quijote» han sido revisadas por sus autores o, cuando ello no era posible, actualizadas bibliográficamente por la re dacción. Los apéndices y las ilustraciones se acrecen en núme ro y calidad. E l c d - r o m ofrece una versión superior del banco de datos. Los cuerpos tipográficos son ahora mayores, y el for- XVIII F R A N C IS C O R IC O mato viene a coincidir con el que Francisco de Robles eligió para las impresiones de Juan de la Cuesta.11' Pero todas esas in novaciones respecto a nuestra edición anterior no pretenden sino aproximarnos un poco más a las mismas metas de 1998, a sabiendas de que nunca conseguiremos alcanzarlas plenamente ni habrá jamás un Quijote que pueda reputarse «definitivo». Llegado el momento de entregar el nuevo original a la impren ta, recordamos con emoción a los miembros del Centro para la Edición de los Clásicos Españoles que ya no han podido volver a prestamos sus luces: Fernando Lázaro Carreter, nuestro primer director; don Rafael Lapesa, maestro de todos nosotros, y el in olvidable compañero que fue Dom ingo Ynduráin. U n tributo no menos sentido queremos rendir a nuestro correspondiente Edward C . R iley , cervantista impar, que nos guió con el tino y el eficaz fervor que le eran propios. C on cariño traemos tam bién a la memoria a los otros colaboradores de 1998 a quienes la muerte se ha llevado: Stefano Arata, Carmen Bernis, Antonio Domínguez Ortiz, Monique Jo ly y Alberto Sánchez. Obligación harto más grata, pero no menos de justicia, es decir que detrás de los entes y entidades mentados en los primeros pá rrafos con sus denominaciones oficiales están o han estado hom bres y nombres con quienes tenemos contraída una deuda de extraordinario peso. Detrás del Instituto Cervantes, Nicolás Sán chez-Albornoz y Juan Gimeno, y más tarde el marqués de Ta- marón, Femando Rodríguez Lafuente, Jo n Juaristi y César Anto nio Molina. Detrás de la Fundación Duques de Soria, a la que el Centro para la Edición de los Clásicos Españoles estuvo adscrito hasta 1998, Rafael Benjumea, José María Rodríguez Ponga y M a ría Pardo de Santayana. Detrás de Editorial Crítica, que tanto puso en nuestra primera salida, Gonzalo Pontón (el Viejo). Detrás del Círculo de Lectores, Femando Carro y Joan Tarrida. Detrás de la Sociedad Estatal de Conmemoraciones Culturales, Luis Miguel Enciso R ecio y, al cabo, José García Velasco. U n recuerdo es pecial merecen aún la Biblioteca Nacional y la Biblioteca de Cataluña. * Una exposición más detallada de otros criterios y modos de proceder, así como del reparto de tareas, se hallará en las páginas c c c v y ss. P R E S E N T A C IÓ N X IX N o son todos los que están, pero sí quienes mejor pueden re presentarlos a todos. Finalmente, no como director del pro yecto, sino en mi concreto papel de encargado del texto críti co, me urge dejar constancia de que no habría podido seguir todas las pistas que los materiales me apuntaban, dedicándoles un libro aparte, si no hubiera contado con la largueza de la Fundación Juan March y con la amistad de José Luis Yuste. Francisco Rico E S T U D IO P R E L I M I N A R LAS VO CES DEL «QUIJOTE» La mutación fundamental que introduce el Renacimiento en la litera tura de ficción consiste, esencialmente, en la independencia creciente de los personajes. Frente a su subordinación absoluta al autor en la edad anterior, tienden ahora a escapar de tal dominio, afirmándose, cada vez más, dueños de su albedrío. Quizá en La Celestina se observa ya este proceso autonómico; con la oposición inicial de Pármeno a la alcahue ta, el autor primitivo parece dejar el triunfo de ésta a merced de que a Calisto lo persuadan las fuertes razones del criado, lo cual habría des mantelado su plan, autorizado y vigente desde el Pamphilus, que im plicaba la mediación victoriosa de la vieja. Más claramente ocurre en aquel momento de singular penetración psicológica en que Celestina, en ca mino hacia la casa de Melibea después de asegurar a Calisto y a Sem pronio lo infalible de su tercería, duda de sí misma con el largo monó logo del acto V, se confiesa insegura de sus poderes y tiembla ante su compromiso. Otra vez el autor parece dejar a la libre decisión del per sonaje el curso que ha pensado para la acción facultándolo para desba ratar su proyecto. Hubiese bastado con que algún presagio hubiera con firmado los miedos de la ensalmadora —un perro ladrándole o un ave nocturna volando a deshora: ella lo dice- para que hubiese quedado en nada la tragedia prevista. En la narrativa, la emancipación renacentista de las criaturas de fic ción es ya declaradamente visible en el Lazarillo, donde el anónimo autor se propone mostrar el hacerse de una vida que nace y cursa fuera de su mente, para lo cual se subroga en el pregonero de Toledo y le cede la palabra con el fin de que cuente a su modo sus fortunas y adversi dades. Si en el tratado VII resulta perceptible que el autor se burla del maridillo cornudo y contento, ello prueba hasta qué punto lo ha deja do desbarrar por su cuen ta, sin hacerse cómplice de su vergonzosa fe li cidad. E l admirable, el áspero Mateo Alemán da un paso definitivo en esa concesión de autonomía cuando permite que Guzmán obre abierta mente en contra de su propio sentido del lícito obrar, dejándolo hacer libremente: pero, eso sí, manifestando su total desacuerdo con él y pro- XXIII XXIV FE R N A N D O L Á Z A R O C A R R E T E R pillándole una tunda moral en las digresiones cada vez que lo soli vianta la conducta del picaro. Se diría que no es suyo. Algoimportante ha ocurrido, sin duda. Algo tan aparentemente sen cillo, sin embargo, como el descubrimiento por parte del narrador de que el mundo circundante puede ser ámbito de la ficción y de que los vecinos del lector pueden ocuparlo con peripecias interesantes. E l Lazarillo ha revelado que cuanto pasa o puede pasar al lado es capaz de subyugar con más fuerza que las cuitas de azarosos peregrinos, pastores refinados o caballeros andantes por la utopia y la ucronía. Ha sido obra de aquel genial desconocido que ha afrontado el riesgo de introducir la vecindad del lector en el relato e instalar en ella su propia visión de un mundo ya no remoto e improbable, sino abiertamente comprobable. Autor, perso najes y público habitan un mismo tiempo y una misma tierra, compar ten un mismo censo y han de ser otras sus mutuas relaciones. E l riesgo estriba en que la visión personal del escritor no tiene por qué coincidir con la particular del lector; sus respectivos puntos de vista pueden ser discordantes y hasta hostiles, por cuanto ya no los aúna lo consabido y lo coaceptado. De ahí que Lázaro se vele, hable con se gundas intenciones, pero que, osadamente, avise de ellas: quiere que sus cosas se aireen, «pues podría ser que alguno que las lea halle algo que le ayude, y a los que no ahondaren tanto, los deleite». Tal pro puesta de dos lecturas es el signo de la nueva edad, porque el escritor ya no repite siempre enseñanzas inmutables, sino que aventura con riesgo su propio pensamiento. Cervantes va a proclamarlo en las pri meras palabras del prólogo del Quijote, declarando su libro «hijo del entendimiento». Esta nueva actitud del narrador impone un nuevo tipo de lector. Po drá buscar mera recreación en la lectura, pero, inevitablemente, al to parse con cosas que ocurren en sus cercanías, se convierte en coloquian- te activo con el relato y con el autor, dotado de facultades para disentir: «Libertad tienes, desenfrenado eres, materia se te ofrece; corre, destro za, rompe, despedaza como mejor te parezca», dice Mateo Alemán al vulgo que le lea. Cervantes le brinda el libro que llama hijo suyo, acep tando que, pues tiene libre albedrío, puede decir de la historia todo lo bien o lo mal que le parezca. Y una cosa fundamental que tiene que ■someter a su aprobación es el idioma, el cual ha de ser tan reconocible como el mundo que se le muestra. A partir de los estudios de Bajtín, se ha caído en la cuenta de la ín tima relación que existe entre el descubrimiento de lo cotidiano como E S T U D IO P R E L IM IN A R X XV objeto del relato y la irrupción de 1o que él llamó polifonía lingüística. En efecto, la narración mundial, que se había movido en ámbitos y tiempos indefinidos o inaccesiblemente lejanos, podía y hasta debía em plear un idioma muy distante del común y ordinario, fuertemente re- torizado, abismalmente remoto. Pero el Lazarillo se propone contar p e ripecias muy poco maravillosas, que ocurren entre Salamanca y Toledo, en años precisos del reinado de Carlos I, acaecidas a un muchacho me nesteroso que sirve a amos ruines. No es posible narrar sus cuitas y re producir las palabras con los primores y ornamentos que se aprendían en las escuelas de latinidad. A l introducir la verdad de la calle y de los caminos, penetra en el relato la verdad del idioma. Tímidamente aún en el Lazarillo; con decisión en el Guzmán; plena y extensamente con el Quijote. Cuando se asegura que éste funda la novela moderna, esto es esencialmente lo que quiere afirmarse: que Cervantes ha enseñado a acomodar el lenguaje a la realidad del mundo cotidiano. Y algo muy importante: que ensancha el camino abierto por el autor anónimo y por las primeras novelas picarescas; ha respetado, se diría que exhibitorici mente, la libertad de sus criaturas de ficción. Esto último es bien evidente desde el principio, cuando el narrador confiesa ignorar el nombre del hidalgo manchego, aunque ha acudido a informantes que tampoco lo conocen. Sólo por sospechas colige que debe llamarse Quijana, lo cual quizá resulte falso ai final de la no vela, cuando sea el propio hidalgo quien declare ser Alonso Quijano (II, 74, 1330). No cabe mayor alejamien to del personaje. Cuando las exigencias de la narración le obliguen a inventar a Sancho Panza —hablaremos luego de ello-, le atribuirá sin vacilación tal nombre; pero, en el original de Benengeli hallado en el Alcaná toledano, el rótulo que figura junto al retrato del escudero llama a éste Sancho Zancas. Y Cervantes ignoraba el apodo, conjeturando, «a lo que mostraba la pintura» (nótese: él no sabía antes cómo era Sancho), que el mote se debía a que tenía «la barriga grande, el talle corto y las zancas largas» (I, 9, 120). E l hecho de que ambos, el hidalgo y el criado, se salgan de la novela en la Segunda parte, para enterarse de la primera y juzgarla, es muestra preclara de su independencia. R e sulta ostensible el afán de Cervantes por desarraigar de sí los entes de ficción. Hace nacer a su Quijada o Quesada o Quijana, para embarcarlo en seguida en una acción por el mundo de la literatura y del lenguaje. E n loquece leyendo. Y no sólo las aventuras de los caballeros lo vuelven XXVI FE R N A N D O L Á Z A R O C A R R E T E R orate, sino, tanto como ellas, el modo de contarlas, con la mención ex presa de Feliciano de Silva, «porque la claridad de su prosa y aquellas entricadas razones suyas le parecían de perlas» (I, i, 40). Don Qui jote deviene así un héroe novelesco enteramente insólito, inimaginable en época anterior: un enfermo por la mala calidad del idioma consu mido. Antes, fue posible la enajenación mediante contagio por el desvarío de los disparates narrados, y no por la prosa que los narraba. La Igle sia, desde la difusión impresa de los libros, no había cesado de preve nir contra el efecto letal de ciertas lecturas, protegiendo a los fieles con tra ellas mediante condenas y censuras previas. No era difícil atribuir festivamente ese poder infeccioso a ciertas lecturas autorizadas, y un desconocido escribe el Entremés de los romances, cuyo influjo deci sivo en la invención del Quijote probó irrefutablemente don Ramón Menéndez Pidal en 1920. Es bien conocido su asunto: el labrador Bar tolo pierde la razón leyendo el Romancero, abandona su hogar imagi- ~nándose héroe de aquellos poemas y habla con fragmen tos de ellos aco modados a su demencia; confunde a una pareja campesina con Tarfe y Daraja, desafia al imaginario moro y éste le rompe la lanza en las cos tillas. Los trozos de romance que declama coinciden en gran parte con los de don Quijote en su primera salida. Hallado Bartolo por quienes han ido en su busca, lo devuelven a casa y lo acuestan; pero, al mo mento, sufre otro ataque de locura y prorrumpe en nuevos versos que dan fin a la breve pieza, la cual, por su insignificancia, no parecía des tinada a tan importante consecuencia. Aparte de su precedencia cronológica respecto del Quijote (Menén dez Pidal la fecha hacia 1591), su influjo en los orígenes de la novela inmortal es patente: también el hidalgo empieza enajenándose en di versos personajes del Romancero, coincidiendo abundantemente con Bartolo en los pasajes que declama. Se trata, sin duda, de un hecho enigmático. Porque si en el designio primero de Cervantes entraba que el agen te nocivo fueran los libros de caballerías, no se explica que, des de el primer momento, sean otros héroes quienes invaden los sesos del protagonista. Menéndez Pidal atribuye el hecho a que el autor empieza a escribir bajo el influjo del Entremés y que, agotado éste como modelo ar gumentai, rectifica «la conexión de la locura del hidalgo con el R o mancero» - aunque no del todo- y la establece con el Amadís. En esta decisión, habría intervenido, según el maestro, una suerte de arrepen E S T U D IO P R E L IM IN A R XXVII timiento de Cetvantes por haberse burlado cruelmente de los admira bles romances que, como español, debíade amar. Pero si eso hubiera ocurrido de ese modo, sigue careciendo de explicación el que, desde el principio, lo alucinen los libros de caballerías, y que, sin embargo, al ponerse a actuar como caballero se nos presente con una enajenación romancesca. No podemos exigir a don Quijote, tal vez ni a Cetvantes mismo, la precisión en la distinción de géneros que nosotros nos imponemos. La identificación de lo caballeresco con lo romanceril aparece ya en el Entremés de los romances, donde se dice de Bartolo que «de leer el Romancero, / ha dado en ser caballero, /por imitar los romances». No es preciso, pues, suponer con don Ramón que haya dos fases en la elaboración del hidalgo; la inducida por el Romancero, de la que se arrepiente el autor por haberse encarnizado en género tan noble; y otra en la que apela al de caballerías, que Menéndez Pida! llama «bastar do». Los dos géneros andaban tan confundidos en la opinión general, que Covarrubias (s.v. «arma») asegura que los versos «Mis arreos son las armas, mi descanso el pelear» que don Quijote recita ante el ven tero que imagina alcaide (I, 2, 55), los repetía «un caballero andan te». Los hechos fabulosos de la caballería se mezclaban en los roman ceros impresos con los de los paladines épicos; en ellos, junto con los temas de la pérdida de España o de las hazañas del Cid, aparecían las proezas del Marqués de Mantua o la penitencia de Amadís, se gún ocurre, por ejemplo, en el Cancionero de romances de Ambe res. O, como en el Rom ancero historiado (Alcalá, 1572), se ju n taban la traición de Vellido Dolfos con largas metrificaciones que narraban las peripecias del Caballero del Febo (el que escribió uno de los poemas preliminares del Quijote, saludando a su cofrade), y sus andanzas por la Insula Solitaria. Tan personajes del Romancero ca paces de enloquecer son unos como otros y, juntos, volvieron tarumba a don Quijote. De igual modo, son grandes amadores románcenles los pastores. M e néndez Pidal notó que el episodio de Cardenio está directamente ins pirado por un popular romance de Juan del Encina. Podemos añadir que también obedece a parecida motivación la trágica historia de G ri sóstomo, muerto por los desdenes de Marcela. En varios romances, el pastor fenece por amar; recuérdese el que vertió a lo divino San Juan de la Cruz o aquel otro, «Al pie de, un hermoso sauce», del R om an cero historiado, en que un pastor acaba sus días habiendo previsto su XXVIII FE R N A N D O L A Z A R O C A R R E T E R epitafio y su inhumación al pie de un árbol, igual que Grisóstomo, del mismo modo, ha dejado unos papeles con versos de queja elegiaca por el desamor de la pastora que pretendía. Lógicamente, Cervantes no sale del ámbito del Romancero cuando pasa de lo heroico a lo caballeresco o a lo pastoril D e haberse produci do la contrición que postulaba Menéndez Pidal, lo normal es que hu biera reelaborado los capítulos en que imitaba el Entremés. Pero, evi dentemente, los dio por buenos. Y eso conduce a un viejo problema no resuelto y de imposible solución, pero siempre provocativo. Es la sos pecha apuntada por Heinrich M o f en 1905, más tarde asumida o dis cutida por no pocos cervantistas, según la cual el proyecto inicial del autor consistió en un relato breve («la novela ejemplar de un loco», de cía el hispanista germano). Menéndez Pidal desechó tal hipótesis pa- reciéndole que «el primer capítulo, sin olvidar otros pasajes convincen tes, anuncia ya una novela mayor». Eso es así, en efecto, ¿pero quién puede asegurar que todo ese arranque anunciador de un empeño largo, no fue reescrito cuando a Cervantes se le reveló que tenía entre manos algo digno de mayor desarrollo? E l relato inicialmente previsto podría haberse limitado a aprovechar la ocurrencia malograda por el Entremés de los romances que tanta ocasión proporcionaba para escarnecer las lecturas neciamente imaginativas. La novelita podría muy bien acabar con el retorno del caballero a casa con el labrador que lo ha encontrado molido a palos por el mozo de los mercaderes toledanos. Mientras el caballero descansa, el cura y el barbero hacen el escruti nio de su biblioteca. En ella no aparece ninguno de los romanceros que han contribuido a enloquecerlo. Esa ausencia chocaba a Menéndez P i dal, que asegura: «Para Cervantes, los poemitas contenidos en esas colecciones eran como obra de todo el pueblo español y no podían ser causantes de la locura del nobilísimo caballero de la Mancha ni debían estar sujetos al juicio del cura y el barbero». ¿Por qué no, si lo estaba La Galatea misma? Es difícil imaginar que Cervantes tuviera de los romances un concepto crítico-literario tan exactamente coincidente con el de don Ramón. E l licenciado Pero Pérez y Maese Nicolás expur gan los anaqueles del hidalgo en el momento justo en que el Entre més ha terminado su influjo inspirador. Aceptemos la probabilidad de que con ese final coincidiera el del primer proyecto del autor. Es en tonces cuando Cervantes cae en la cuenta de que dispone de un filón incompletamente explotado y de que puede beneficiarlo mucho más si prolonga la demencia romanceril del manchego con la demencia caba- E S T U D IO P R E L IM IN A R X X IX Ueresca, E l capítulo 6, el del examen de la biblioteca, marcaría el arranque de este Quijote ensanchado. De ahí que los censores se apli quen a juzgar principalmente libros de caballerías. Y con un furor que Cervantes acaba de atribuirles. Porque, y esto no parece haber sido no tado, el cura y el barbero, antes de ser aquejados por esa furia, eran bien aficionados a las lecturas de que ahora, inesperadamente, abomi nan. En el capítulo primero se lee que el hidalgo «tuvo muchas veces competencia con el cura de su lugar ... sobre cuál había sido mejor ca ballero: Palmerín de Ingalaterra o Amadís de Gaula; mas maese N i colás, barbero del mesmo pueblo, decía que ninguno llegaba al Caba llero del Febo, y que si alguno se le podía comparar era don Galaor, hermano de Amadís de Gaula» (1, i , 41). Y he aquí que ahora, cin co capítulos más adelante, aquellos expertos en caballerías se revuelven contra éstas, y quienes antes discutían sobre los méritos de Amadís y de su hermano, ahora parecen conocerlos sólo de oídas: «Según he oído decir, este libro [el Amadís] fue el primero de caballerías que se im primió en España» (I, 6, 84), dice el cura; «...también he oído decir que es el mejor de todos los libros que de este género se han compues to», responde el barbero (I, 6, 84). Da la impresión de que si han variado tanto es porque Cervantes ha cambiado de proyecto. No juzga necesario reemplazar los sucesos ro- manceriles de la primera salida, pues, como he dicho, se podía llegar a ser caballero andante a través del Romancero. Pero ahora se aplica con vehemencia al nuevo rumbo recién hallado y son sólo los libros de sus aventuras los que escrutan los censores. Cuando la gran pareja de caballero y escudero Im quedado ya cons tituida, la novela halla camino definitivo hacia su destino inmortal. Pero lo hace, según he dicho antes, transitando por el mundo del len guaje y de la literatura. La búsqueda de altos simbolismos en la in tención de Cervantes ha ocultado este aspecto del Quijote que es el fundamento de todos los demás. E l alcalaíno es un obseso de la pala bra: ya vimos cuánto contribuyó su mal empleo a la demencia del ca ballero. La necesidad de usar un lenguaje actual, que ya habían senti do los autores de los primeros relatos picarescos, es en él agudísima y no sólo en el Quijote, sino en obras como el R inconete o El rufián dichoso. E l rigor con el que asume la propiedad del idioma es paten te, por ejemplo, cuando libra del fuego el Palmerín de Inglaterra, porque, entre sus virtudes, el cura estima «las razones, cortesanas y cla ras, que guardan y miran el decoro del que habla, con mucha propie X X X F E R N A N D O L Á Z A R O C A R R E T E R dad y entendimiento» (I, 6, 89).E l decoro, esto es, la adecuación jus ta del modo de expresarse el personaje a su calidad y carácter, variable según las circunstancias en que habla, y bien diferenciado del de los otros personajes, era una de las dificultades que Cervantes debía afron tar para escribir el libro. Va a ser la única que va a ocuparme, y aun así, limitada a don Quijote y Sancho. ¿Cómo se expresa el caballero en ¡os primeros momentos de su in vención? Los primeros esfuerzos de su demencia ¡os realiza con las pa labras. Cuatro días tardó en hallar nombre a Rocinante; ocho, en pro curárselo a él. No se dice cuántos, pero aún debieron de ser más, para nominar a Dulcinea del Toboso. Y se holgó máximamen te cuando acer tó a acuñar aquella fórmula con que algún gigante vencido por su brazo iría a tributar homenaje a su dama: «Yo, señora, soy el gigante Cara- culiambro, señor de la ínsula Malindrania, a quien venció en singular batalla el jamás como se debe alabado caballero don Quijote de la Man cha...» (I, 1, 47). Esta es la primera vez que oímos su voz directa mente. La segunda, cuando, apenas iniciada su salida, imagina la li teralidad con que será contada: «Apenas había el rubicundo Apolo tendido por la fa z de la ancha y espaciosa tierra las doradas hebras de sus hermosos cabellos...» (I, 2, 5o). Es obviamente una burla de los li bros de caballeros o de pastores que leía (sin excluir su propia GalateaJ. Esa intención burlesca patentiza la intención primaria con que Cer vantes afronta su tarea. Eso es lo que parece querer hacer: parodia, lin güística también, por supuesto, de tales géneros falaces. Tras ese ama necer, continúa exclamando don Quijote: «¡Oh princesa Dulcinea, señora deste cautivo corazón! Mucho agravio me habedes fecho en des pedirme y reprocharme con el riguroso afincamiento de mandarme no parecer ante la vuestra fermosura. Plégaos, señora, de membraros deste vuestro sujeto corazón, que tantas cuitas por vuestro amor padece» (I, 2, 51). Su locución se llena de arcaísmos, al modo caballeresco; el autor advierte ahí, en efecto, que el demente habla «imitando en cuanto podía» el len guaje de sus libros. Llega a la venta que imagina castillo y hace reír a las dos coimas con la insólita vetustez de su saludo. Y él se enfada. Hasta ahora don Quijote existe sólo por su raro idioma. Pero este procedimiento de ca racterizarlo no podía prolongarse mucho; hubiera resultado insoportable para el lector. Y el autor lo alterna luego con otro, en contraste cómico, cuando el hidalgo experimenta el vulgar apremio del hambre y rebaja su lenguaje hasta el chiste ramplón y a los modos más vulgares, para E S T U D IO P R E L IM IN A R X X X I responder a las mozas que le advierten que sólo hay truchuelas: «Como haya muchas truchuelas ... podrán servir de una trucha, porque eso se me da que me den ocho reales en sencillos que en una pieza de a ocho. Cuanto más, que podría ser que fuesen estas truchuelas como la terne ra, que es mejor que la vaca, y el cabrito que el cabrón. Pero, sea lo que fuere, venga luego, que el trabajo y peso de ¡as armas no se puede llevar sin el gobierno de las tripas» (I, 2, 57). Se trata de un juego impensable antes del Quijote; ni el Lazarillo ni el Guzmán ofrecen nada comparable. Cervantes lleva hasta el lí mite aquel propósito suyo, expuesto en el prólogo, de hacer perfecta la imitación; que incluye, obviamente, no sólo la de lugares, acciones y caracteres, sino, sobre todo, la del lenguaje, la de los múltiples lengua jes con que la vida se manifiesta. Don Quijote, a partir de ese primer momento en que el autor le puebla el habla de arcaísmos, empieza a dosificarlos. Se los administra con sabia prudencia y confia la caracteri zación de su parla al énfasis oratorio que se gastan en la orden que pro fesa. Vuelve a la dicción pretérita cuando, al traerlo apaleado el labra dor, ha de manifestar intensamente su insania ante las mujeres de su casa y sus amigos: «Ténganse todos, que vengo malferido, por la cul pa de mi caballo. Llévenme a mi lecho, y llámese, si fuere posible, a la sabia Urganda, que cure y cate de mis feridas» (I, 5, 81). E l autor da una muestra de agudeza psicológica cuando el cura, tratando de aquietarle, le habla en el mismo estilo: «...atienda vuestra merced a su salud por agora, que me parece que debe de estar demasiadamente can sado, si ya no es que está malferido» (I, 7, 96). Luego, ese modo de dirigirse a don Quijote con arcaísmos será repetido por otros personajes. Y aun con mejor instinto idiomático, el propio Cervantes, al narrar en estilo indirecto, esto es, cuando escribe por su cuenta y no reprodu ce lo que dicen o piensan sus personajes, se cuida a veces de evocar cómo lo dicen o piensan, con toques que los definen. A sí cuenta el ataque de don Quijote a los benedictinos: «.. .picó a Rocinante y, la lanza baja, arremetió contra el primero fraile, con tanta furia y denuedo, que si el fraile no se dejara caer de la muía él le hiciera venir al suelo mal de su grado, y aun malferido, si no cayera muerto» (I, 8, 109). Si el narra dor emplea ahí primero antepuesto al nombre por única vez en sus es critos, y ferido, es perceptiblemente para que oigamos el pensamiento del andante mientras arremete. Pero ya antes, al aparecer Sancho, y sin que haya transcrito aún ninguna frase suya, se las ingenia para impo ner al lector en el habla villanesca que se gasta. Su amo le encarga que XXXII FE R N A N D O L A Z A R O C A R R E T E R lleve alforjas: «El dijo que sí llevaría y que ansimesmo pensaba llevar un asno que tenía muy bueno, porque él no estaba duecho a andar mu cho a pie» (I, 7, 100). Pese a las continuas vacilaciones de los tipógra fos de Cuesta, que ansimesmo reproduce exactamente lo que dijo Sancho parece confirmarlo el hecho de que sólo seis líneas más arriba el narrador ha empleado asimesmo. Comoquiera que sea, el raro voca blo duecho por ducho ya era diagnosticado por Covarrubias como «lenguaje antiguo castellano»; nunca más escribió Cervantes duecho en obra suya alguna. Este es el sistema expresivo con que se caracteriza al hidalgo en lo que muy bien pudiera ser el primer proyecto cervantino: arcaísmos api ñados al principio, que luego se entreveran en una elocución de léxico más llano, pero muy retorizada. Cuando don Quijote habla descuida do de su condición de héroe, su idioma pierde tales rasgos y deja paso a una espontaneidad coloquial que puede recaer en la vulgaridad, con trastando cómicamente con el énfasis anterior. Frecuentemente, el na rrador avisa de las circunstancias de ¡a enunciación que van a condicio nar la expresión del personaje: «Con gentil talante y voz reposada les dijo...» (I, 2, 53); «Don Quijote alzó los ojos al cielo y, puesto el pen samiento —a lo que pareció- en su señora Dulcinea, dijo...» (I, 3, 62); «levantó don Quijote la voz y con ademán arrogante dijo...» (1, 4, 73). Este acomodar lo que se dice a la manera como se enuncia, es ya com pletamente moderno. Con todo, tal sistema de conferir verdad al hidalgo no podía mante nerse durante mucho tiempo sin cansar e impedía que la obra se re montara a mayores trascendencias. Por otra parte, al ampliar el pro yecto inicial, una vez extinguido el modelo del Entremés de los romances, de tan limitados alcances, y al introducirse amo y criado en ámbitos más amplios y complejos, las exigencias de su elocución aumen tan. Y Cervantes vuelve a escuchar la variedad de los lenguajes habla dos y escritos para hacerlos resonar en la novela. La polifonía se hace más compléja y en la prosa de su narración y en la heterofonía dife- renciadora del habla de los protagonistas se hacen presentes múltiples estilos orales y escritos de su época, a veces, pero no siempre, reprodu cidos paródicamente. Veamos unos pocos ejemplos significativos. He aquí a don Quijote derrengado en el suelo tras una paliza. San cho lo cree muerto. E l instante es apropiado para un planto funerario en el tonoelegiaco de la novela sentimental: «¡O hflor de la caballería, que con sólo un garrotazo acabaste la carrera de tus tan bien gastados E S T U D IO P R E L IM IN A R XXXIII años! ¡Oh honra de tu linaje...! ... ¡Oh liberal sobre todos los A le jandros...! ... ¡Oh humilde con los soberbios y arrogante con los hu mildes...!» (I, 52, 643). Con esta última invocación, entra, por cierto, contrahecha la palabra de Virgilio que, por boca de Anquises, había anunciado el destino de Roma: «parcere subiectis et debellare superbos» (Eneida, VI, 853). Como vemos, la mera dilatación del relato ha con vertido a Sancho, de simple que era, en poseedor de aptitudes retóricas dignas de un estudiante de latinidad, aunque las emplee en simplezas. Ahora don Quijote se dispone a dar consejos al escudero, antes de que éste marche a Barataría. Su lenguaje ha de ser precisamente el de la doctrina de avisos de buen gobierno. ¿Quién los había dado mejor que fray Antonio de Guevara, consejero del Emperador? Cervantes había captado exactamente su fórmula prosística esencial, consistente —lo he mostrado en otra ocasión— en un exhorto seguido de una expli cación causal, con final bimembre: «Cuando pudiere y debiere tener lu gar la equidad, no cargues todo el rigor de la ley al delincuente, que no es mejor la fama del juez riguroso que la del compasivo» (II, 42, 1061). La misma organización sintáctico-retórica, aprendida en el obispo de Mondoñedo, sigue articulando la carta que, desde Barataría, dirige Sancho al hidalgo. Oigamos otra voz, que cualquier lector puede y podía recordar: el prólogo del Lazarillo. A llí justifica el pregonero su afán de conquistar honra o fama. Dice: «¿Quién piensa que el soldado que es primero del escala tiene más aborrecido el vivir? No, por cierto; mas el deseo de ala banza le hace ponerse al peligro». Oigamos ahora a don Quijote: «¿Quién piensas tú que arrojó a Horacio del puente abajo...? ... ¿Quién abrasó el brazo y la mano a Mudo? ¿Quién impelió a Cur do...? ... Todas estas y otras grandes y diferentes hazañas son, fueron y serán obras de la fama, que los mortales desean» (II, 8, 753-754)· Don Quijote calca, multiplicándolo, el movimiento retórico que el pró logo del Lazarillo había hecho bien conocido. Pero el blanco más constante de esta cetrería cervantina por los esti los coetáneos es el oratorio. No son sólo las disertaciones célebres de la Edad de Oro, o de las armas y las letras: otras muchísimas veces, don Quijote perora con la dignidad del profeta o del tribuno, jugando con motivos clásicos. En trance que cree sublime, ante la noche poblada de amenazadores ruidos —serán los batanes—, adopta las fórmulas memo rables del yo nací para y del yo soy aquel que, resonantes desde el Mantuano: «Sancho amigo, has de saber que yo nací por querer del XXXIV FE R N A N D O L A Z A R O C A R R E T E R cielo en esta nuestra edad de hierro para resucitar en ella la de oro, o la dorada, como suele llamarse» (I, 20, 227; se advertirá el cómico pro saísmo). «Yo soy aquel para quien están guardados los peligros, las grandes hazañas, los valerosos hechos» (I, 20, 227). E l noble chorro re tórico está en marcha, y ¿para qué? Para anunciar aquel esperpento a caballo que restaurará la Edad de Oro, la magna utopía - todo lector culto la conocía entonces— que había de restablecer aquel misterioso niño anunciado por Virgilio en su égloga IV. Cuando amanece y se com prueba lo infundado de la preocupación de don Quijote y del terror de Sancho, palpable en sus calzones, éste le repite en son de burla aque llos yo nací, yo soy aquel. E l hidalgo le propina un par de lanzo- nazos; pero, entre tanto, el discurso, engarzado con tan remontados re cursos formales, ha saltado hecho trizas, después de contribuir a la polifonía de la novela. No es posible aquí ir comprobando cómo las más ilustres voces escri tas de la literatura áurea se suman a ese magno coro con dos solistas .que es el Quijote. De todas se aprovecha el hidalgo para dar magni ficencia, ironía, contundencia dialéctica y rigor a su elocuencia. Pero sus réplicas se cargan también de sencillez urbana o campestre, de emoción directa, de vehemencia, de malicia espontánea. Hay muchos don Qui jote, como hay muchos Sanchos, según su palabra. Aunque todos ellos constituyan una sola persona verdadera. E l hidalgo puede dirigirse así a su escudero: «¿De qué temes, cobarde criatura? ¿De qué lloras, cora zón de mantequillas? ¿Quién te persigue, o quién te acosa, ánimo de ratón casero?» (II, 29, 950). Pero también de este modo: «Hijo San cho, no bebas agua; hijo, no la bebas, que te matará» (I, 17, 201). D i rige a Dulcinea los más encendidos, castos y retóricos conceptos; pero, tras contar el picante cuento de la viuda que, desdeñando para la cama a los sabios teólogos del convento, prefirió a un fraile motilón y rollizo, apostillará rijoso, casi obsceno: «Así que, Sancho, por lo que yo quie ro a Dulcinea del Toboso, tanto vale como la más alta princesa de la tierra» (I, 25, 3 11) . Los personajes cambian cien veces de tono y de re tórica como lo hacemos todos los hablantes. Y esto sucede así, de modo continuo, por primera vez en el Quijote. Tampoco cabe ahora entretenerse en explicar cómo funciona en él la heterofonía, que llega a provocar conflictos como el que ocurre cuando un cuadrillero, viendo al hidalgo roto y desastrado, hecho un ecce homo, le pregunta qué le ocurre, llamándolo «buen hombre», como podía preguntárselo a un insignificante lugareño. «¿Usase en esta tie- E S T U D IO P R E L IM IN A R X X X V na hablar desa suerte a los caballeros andantes, majadero?» (I, íy, 195), le contesta don Quijote, herido idiomáticamente en su dignidad. Voy a limitarme a tratar deprisa un solo aspecto de la creación de San cho mediante sus modos expresivos. ¿Cuál es el rasgo más chocante en su hablar? Nadie dudará de que su continuado empleo de refranes. Y ello se ha justificado, como hizo Angel Rosenblat, por dos tipos de causas: de un lado, porque abundaban en la antigua conversación cas tellana; de otro, por la exaltación que de ellos hicieron los humanistas, como manifestación admirable de lo natural. Pero estos dos hechos, que parecen tan evidentes, ni de lejos explican la adicción refranera de San cho, porque son de naturaleza extraliteraria; y es dentro de la literatu ra donde los fenómenos literarios deben obtener su primera explicación. Tratemos de dársela, aunque sea en esquema. Sancho ha de hablar conforme al genus humile que corresponde a su naturaleza. Pero es sumamente difícil reflejar ese estilo en un texto literario, porque su ex cesiva presencia podría causar un abatimiento estético del conjunto. En la literatura española se habían dado al problema cuatro solucio nes principales, y, a veces, combinadas: a) la creación de un idioma ar tificial, el sayagués, para los pastores bobos del teatro; b) las incorrec ciones al hablar, esto es, un lenguaje subestándar; c) el empleo de un lenguaje estándar, bajo pero no desviante, que sea <grosero», esto es, humilde, por la simplicidad, estupidez o vivacidad de lo que se dice: así hablan, en buena parte, los necios o los graciosos de la comedia; y d) el uso de refranes que ya hacen el Ribaldo del Caballero Zifar, a principios del siglo XIV ; varios personajes de los dos Arciprestes, y, por supuesto, las heroínas de Rojas, Delicado y López de Úbeda. Cer vantes apela al tercer procedimiento algunas veces. No sólo Sancho dice necedades: el barbero que reclama por suya la albarda, habla así: «Se ñores, así esta albarda es mía como la muerte que debo a Dios, y así la conozco como si la hubiera parido, y ahí está mi asno en el establo, que no me dejará mentir» (I, 44, 568). Pero son los refranes lo propio del escudero. Aunque Cervantes no renuncia a caracterizar su expresión por faltas de léxico o de prosodia. Recurso cómico que, por cierto, no suscita Sancho, sino Pedro el cabre ro, en el capítulo I,12, a quien el hidalgo corrige cris por eclipse, es- til por estéril, y sarna por Sarra (Sara). Hasta entonces, a Cervantes no se le habían ocurrido los errores prosódicos como recurso cómico; será mucho más tarde, nueve capítulos después, cuando Panza empiece a prevaricar (para decirlo con Amado Alonso). Es una muestra de cómo XXXVI FE R N A N D O L Á Z A R O C A R R E T E R Cetvantes no lo tenía todo decidido al ponerse a escribir, y, mucho me nos, cómo caracterizar al escudero. Y es que éste, como personaje ignorante, era muy difícil de elaborar. Cervantes lo dice por boca de don Quijote, aunque sea a propósito del teatro; asegura, en efecto, el hidalgo: «Decirgracias y escribir donaires es de grandes ingenios: la más discreta figura de la comedia es la del bobo, porque no lo ha de ser el que quiere dar a entender que es sim ple» (II, 3, 712). Un modo de darlo a entender era éste, que Lope de Rueda había explotado hasta la saciedad: hacer hablar disparatada mente a sus personajes más burdos. Cervantes ve que aquel modo de expresarse el cabrero, con las interrupciones doctas del andante, puede trasladarse a Sancho. Pero, como siempre, amenaza la fatiga del lector si se abusa del procedimiento, y habrá de administrarlo prudentemen te, después de un primer aprovechamiento intenso. Será Sancho quien advierta a don Quijote que no insista corrigiéndole, como síntoma del tiento con que se anda el autor: «Una o dos veces ... si mal no me . acuerdo, he suplicado a vuestra merced que no me emiende los vocablos, si es que entiende lo que quiero decir en ellos» (II, 7, 741). Es claro que Cervantes va buscando con ahínco la voz diferente de Sancho en la polifonía quijotesca. La logrará, al fin, y se sentirá orgu lloso de su victoria. Porque, según dice Sansón Carrasco al escudero, al leer la gente la Primera parte de sus aventuras, hay quien «precia más oíros hablar a vos que al más pintado de toda ella» (II, 3, 709). Otras personas, esperando la Segunda parte, exclaman: «Vengan más quijo tadas, embista don Quijote y hable Sancho Panza» (II, 4, 718). E l habla de Sancho: el gran desafío en que ha triunfado Cervantes. Como he recordado, parte esencial de esa palabra son los refranes. Los primeros que aparecen en la novela no los pronuncia él, y son bien comunes. Los dicen el mercader y el narrador mismo. E l tercero es traí do a cuento por la sobrina, y tampoco revela excesivo conocimiento del refranero: «Muchos van por lana y vuelven tresquilados» (I, 7, 98). Sancho no suelta su primer refrán hasta el capítulo 19 y lo enuncia así, nótese bien: «Como dicen, váyase el muerto a la sepultura y el vivo a la hogaza» (I, 19, 225). Ese como dicen remite a un dicho que San cho Ira oído y que cita sin brotarle de caudal propio alguno, es algo aje no a él y traído a la ocasión como un recuerdo. Ello sugiere que Cer vantes aún no está seguro del empleo de refranes para forjar a Sancho. E l procedimiento se le va revelando poco a poco y sin firmeza. Algu no salta en su charla; pero será en el capítulo 25 donde se produce la ES T U D IO P R E L IM IN A R XXXVII primera acumulación de una réplica: «Allá se lo hayan, con su pan se lo coman ... De mis viñas vengo, no sé nada, no soy amigo de saber vi das ajenas, que el que compra y miente, en su bolsa lo siente» (I, 25, 298). Pero este primer chorreo queda inexplicablemente aislado, y Cervantes ya no volverá a él hasta la Segunda parte. E l procedimiento de la acumulación de refranes se había empleado en otros géneros, pero no, según ha notado Louis Combet, en la novela. Menudean en la expresión de Celestina y también en las de Lozana y Justina, pero no los prodigan tanto. Y aun con el precedente del R i baldo y Rampín, eran más propios de gente vieja y, sobre todo, de mu jeres, de «honorables ancianos y reverendas mujeres», como se dice en los anónimos Refranes glosados. A otro propósito, recordó Rodríguez Marín que a las viejas los atribuye el Marqués de Santillana y que so lía llamárseles ensiemplos de la vieja. Me parece que, en efecto, Cer vantes se adueña definitivamente del recurso del chaparrón refraneril como estímulo cómico, cuando lo ha hecho pasar por boca de una mu jer, de Teresa Panza, aunque no fuera vieja; pero tampoco lo eran Lo zana y Justina. E l descubrimiento ocurre en el importantísimo coloquio de Sancho con su mujer, en el capítulo 5 de la Segunda parte. Momento difícil para el novelista, porque ha de hacer hablar a dos analfabetos. Se im pondría que entre ellos fluyera un coloquio toscamente humilis; pero eso hubiera descompensado la ponderada concertación de la obra, tan delicadamente equilibrada por el escritor. Imaginemos lo chocante que resultaría una larga conversación entre dos personajes tan rudos. Para prevenir una estrategia que conjure ese riesgo, Cervantes utiliza una admirable argucia. A l frente del capítulo inserta la siguiente adverten cia: «Llegando a escribir el traductor desta historia este quinto capítu lo, dice que le tiene por apócrifo, porque en él habla Sancho Panza con otro estilo del que se podía prometer de su corto ingenio y dice cosas tan sutiles, que no tiene por posible que él las supiese, pero que no quiso dejar de traducirlo, por cumplir con lo que a su oficio debía» (II, 5, 723). De ese modo, haciendo que el escudero alce, aunque sea apócrifamen te, su calidad expresiva, evitará el insoportable arrusticamiento de los dos aldeanos, y restablecerá el desnivel elocutivo que, mutatis mutan dis, mantienen don Quijote y Sancho. En efecto, a ¡as primeras de cambio, Teresa Panza amonesta a su marido: «Mirad, Sancho ... después que os hicistes miembro de caba llero andante, habláis de tan rodeada manera, que no hay quien os en XXXVIII FE R N A N D O L Á Z A R O C A R R E T E R tienda» (II, 5, 724). E l traductor señala las réplicas de Panza que, por su elevación, le parecen sospechosas de falsedad: «Por este modo de ha blar, y por lo que más abajo dice Sancho, dijo el tradutor desta histo ria que tenía por apócrifo este capítulo» (II, 5, 727); poco más adelan te, avisa: «Todas estas razones que aquí va diciendo Sancho son las segundas por quien dice el tradutor que tiene por apócrifo este capítulo, que exceden a la capacidad de Sancho» (II, 5, 730). Y es que, en efec to, en ausencia de don Quijote, el escudero asume su palabra. Siendo él tan gran prevaricador corrige a Teresa por hablar mal, de igual modo que él solía ser corregido. Y cuando ella le advierte: «Yo no os entien do, marido ... haced lo que quisiéredes y no me quebréis más la cabe za con vuestras arengas y retóricas. Y si estáis revuelto en hacer lo que decís...» (II, 5, 731), Sancho salta: «Resuelto has de decir, mujer ... y no revuelto» (II, 5, 731). A lo que la rústica replica como antes hi ciera su marido al hidalgo: «Yo hablo como Dios es servido y no me meto en más dibujos» (II, 5, 731). \ Pues bien, en esta conversación Teresa suelta refranes en cascada: «Eso no, marido mío ... viva ¡a gallina, aunque sea con su pepita: vi vid vos, y llévese el diablo cuantos gobiernos hay en el mundo ... La mejor salsa del mundo es la hambre ... advertid al refrán que dice: “ A l hijo de tu vecino, limpíale las narices y métele en tu casa” ... mi hija ni yo por el siglo de mi madre que no nos hemos de mudar un paso de nuestra aldea: la mujer honrada, la pierna quebrada, y en casa; y la doncella honesta, el hacer algo es su fiesta» (II, 5, 723-729). La he morragia refranesca de la Panza es incoercible. Su marido ha de ata jarla: «¡Válate Dios, la mujer, y qué de cosas has ensartado unas en otras, sin tener pies ni cabeza! ¿Qué tiene que ver ... los refranes ... con lo que yo digo?» (II, 5, 729). Dos capítulos más adelante, don Quijote pregunta al escudero qué piensa su mujer de la nueva salida; y él contesta: «Teresa dice ... que ate bien mi dedo con vuestra merced, y que hablen cartas y callen barbas, porque quien destaja no baraja,pues más vale un toma que dos te daré. Y yo digo que el consejo de la mujer es poco, y el que no le toma es loco» (II, 7, 741). Esta réplica representa el trasvase definitivo de la ca tarata refraneril de Teresa a Sancho; ella ha dicho una sarta de refra nes; él dice —«y yo digo»- otros refranes: el anudamiento se ha produ cido, y el escudero es ya dueño del artificio. Don Quijote se da cuenta e ironiza: «Decid, Sancho amigo, pasad adelante, que habláis hoy de perlas» (II, 7, 742). En ese hoy de la novela, en ese instante, que está E S T U D IO P R E L IM IN A R X X X IX bien pasada ya ¡a mitad de ella, se ha afianzado, tras tanteos insegu ros, el Sancho ensartador de refranes. Y a Cervantes te urge hacer no tar ai lector su decisión; menos de dos páginas después, don Quijote afirma: «Y advertid, hijo, que vale más buena esperanza que ruin po sesión, y buena queja que mala paga. Hablo de esta manera, Sancho, por daros a entender que también como vos sé yo arrojar refranes como llovidos» (II, 7, 741-742). Esta propiedad del lenguaje de Sancho se hará ya consustancial con su persona: no tengo «otro caudal alguno, sino refranes y más refra nes», declara más adelante (II, 43, 1067); y aún después: «No sé de cir razón sin refrán, ni refrán que no me parezca razón» (II, 71, 1316). Y así ha pasado Panza a la historia de nuestra lengua artística: como portador de «un costal de refranes en el cuerpo», según dictamen del cura (II, 50, 1138), aunque ello no figurara en el proyecto inicial de su creador. A l construir así al escudero, al imponerle un uso del refrán tan distinto del que hacen otros personajes, la voz de Sancho ingresa con un timbre diferenciado y potente en el gran conjunto polifónico del Quijote. Como ha escrito Martín de Riquer, la idea primitiva de Cervantes era que Sancho fuese un tonto. En efecto: fue creado como el comple mento que necesitaba don Quijote, proyectado inicialmente como un loco. E l escudero nace en la mente del autor cuando éste decide rebasar los límites que a su novela sugería la imitación del insustancial Entre més. E l mánchego hace su primera salida sin escudero; ni siquiera se le ocurre llevar con él al «mozo de campo y plaza» que le servía como criado (I, 1, 38), sencillamente porque Bartolo no contaba con seme jante compañía. Y ni siquiera se le ocurre a él procurársela: fue el pri mer ventero quien le aseguró «que eran pocas y raras veces» en que los caballeros andantes «no tenían escuderos» (I, 3, 61). Es al principio del capítulo siguiente, el cuarto, cuando don Quijote decide volver a casa y «recebir a un labrador vecino suyo que era pobre y con hijos, pero muy a propósito para el oficio escuderil de la caballería» (I, 4, 67). Cervantes lo inventa a impulsos de la misma experiencia con que Lope de Vega crea la figura del donaire en la comedia. E l héroe litera rio necesita del «otro al lado», que sea su confidente y cooperador. Sin alguien junto a él con quien hablar, las andanzas de un orate por la Mancha hubieran dado poco juego. Tanto en la comedia áurea como en el relato, hacen falta dos conciencias compenetradas, pero en oposi ción dialéctica, de modo que una rebote en la otra, y permita revelar el XL E S T U D IO P R E L IM IN A R pensamiento del personaje principal, dado que, normalmente, las mi ras del amo han de ser altas, sus hazañas valerosas y sus sentimientos elevados y sutiles. Pero ocurrió que a Cervantes le fue creciendo la f i gura del tonto, hasta hacerse tan importante como la de su señor. Y que éste fue soltando lastre de locura hasta hacerse un tipo humano de má xima trascendencia. Basta observar de qué hablan ambos en sus pri meras jornadas y el crecimiento progresivo del interés de sus temas. La famosa interpretación de don Quijote como héroe del ideal, opues to al rudo materialismo de Sancho, no parece cierta si se entiende corno un proyecto, digamos, filosófico de Cervantes, previo al momento de es cribir su libro. Muchas cosas «sublimes» de la literatura tienen su origen y fundamento en causas hasta cierto punto mecánicas, que el genio del autor dota de sublimidad. Sancho es tosco, gordo, sensato y utilitario para que, a su lado, el caballero deje ver su cuerpo esperpéntico y su alma fantasiosa y acrisolada, una vez que Cervantes ha decidido dar formato grande a su narración. Y es inicialmente tonto, porque sus po cas luces no deben impedir el desvarío del héroe. Sólo a medida que éste vaya mostrando admirable cordura fuera de lo caballeresco, podrá ir en riqueciendo Sancho su personalidad hasta adquirir volumen comparable a la del caballero. A esto debe atribuirse la famosa quijotización de San cho, tan notada por la crítica. Cervantes advierte varias veces, sutil mente, del crecimiento moral solidario de amo y criado, y, en algún mo mento, de manera tan clara como en el capítulo 22 de la Segunda parte, en que Sancho, tras haber escuchado las reflexiones que hace su señor a Basilio sobre el matrimonio, comenta cómo ambos, él y don Quijote, es tán dotados de singular discernimiento. Dice: «Este mi amo, cuando yo hablo cosas de meollo y de sustancia suele decir que podría yo tomar un púlpito en las manos y irme por ese mundo adelante predicando linde zas; y yo digo dél que cuando comienza a enhilar sentencias y a dar consejos, no sólo puede tomar un púlpito en las manos, sino dos en cada dedo, y andarse por esas plazas a ¿qué quieres, boca? ¡Válate el diablo por caballero andante, que tantas cosas sabes ! ... no hay cosa donde no pique y deje de meter su cucharada» (II, 22, 884). Y así, picando en todo, hablando cosas de meollo y de sustancia, acu ñados como cara y cruz de una medalla de oro, don Quijote y Sancho siguen haciendo este milagro secular de reunimos a mujeres y a hombres a escuchar o a leer o a interpretar su propia y libre palabra nuestra. Femando Lázaro Carreter P R Ó L O G O I . V ID A Y L I T E R A T U R A : C E R V A N T E S E N E L «Q U IJO T E » Jean Canavaggio En busca de un perfil perdido Dos caminos suelen ofrecerse a quien intenta acercarse al vivir cervantino. O bien dedicarse a la consulta de documentos y ar chivos, cuyo laconismo deja inevitablemente frustrado al que no se satisface con los pocos datos sacados de actas notariales y apuntes de cuentas, ajenos a la intimidad del escritor; o bien buscar esta intimidad en su obra, a riesgo de ceder a un espe jismo: el testimonio de unas «fábulas mentirosas» que no han tenido nunca como fin el de llenar los vacíos de nuestra infor mación. * Así y todo, tantas experiencias biográficas, intelectuales y li terarias del autor vienen a confluir, de un modo u otro, en las ficciones cervantinas, que el lector del Quijote no puede resis tir al deseo de aventurarse por una senda que le lleva a descu brir una nueva forma de entroncar vida y literatura. Aventura, por cierto, azarosa, y que el propio Cervantes nos induce a em prender con cautela, al disimularse, como lo hace, detrás de unas máscaras, delegando sus poderes en narradores imaginarios al estilo de Cide Hamete Benengeli. N o obstante, a quien sabe leer entre líneas el Quijote se le aparece impregnado del sentir * Puede consultarse el Resumen cronológico de la vida de Cervantes, según lo reconstruimos al final de este Prólogo, junto a la mención de las fuentes documentales en que nos basamos. Citamos el Quijote por el texto de la pre sente edición; las Novelas ejemplares, por la de Jorge García López, Crítica, Barcelona, 2001; Los tratos de Argel, La Numancia y las Poesías sueltas, por la de R . Schevill y A. Bonilla, en Comedias y .entremeses, V y VI, Gráficas R e u nidas, Madrid, 1920 y 1922; las demás citas cervantinas remiten al folio de las primeras ediciones, fácilmente accesibles en los facsímiles publicados (no sin retoques) por la R eal Academia Española. La ortografía de todos los textos se ha modernizado según las normas seguidas en el resto dela edición. X L V XLVI PRÓ LO GO del que lo compuso. U n ejemplo sin más tardar: como se sabe, la historia del ingenioso hidalgo no se amolda al esquema pseudoautobiográfico elegido por M ateo Alemán al concebir su Guzmán de Alfarache, el relato retrospectivo de su propia vida que nos hace el protagonista. Las reservas de Cervantes ante la forma que cobra la confesión del picaro se perfilan en el capítulo 22 de la Primera parte de su novela. Ahí nos sale al encuentro, en una cadena de forzados, el galeote Ginés de Pa samonte, autor de un libro de su vida, y tan bueno, que «mal año para Lazarillo de Tonnes y para todos cuantos de aquel gé nero se han escrito o escribieren» (I, 22, 265-266). Gom o ha mostrado Claudio Guillén, clara denuncia nos ofrece aquí G i nés del doble artificio que caracteriza la narración picaresca: por un lado, prometiendo un libro que «trata verdades, y no mentiras», o sea, sucesos efectivamente ocurridos y no cosas in ventadas que se pretenden sucedidas; y, por otro lado, consi derando este libro como inconcluso, sin que pueda publicar se mientras no se acabe el curso de su propia existencia. Así pues, este encuentro con el galeote abre como un resquicio por donde vienen a filtrarse las preferencias estéticas de C er vantes, como si éste, por medio de su portavoz, nos diera a co nocer algo de la circunstancia en que se fraguó su quehacer de escritor. Ahora bien, no siempre permanece Cervantes entre bastido res. Hay, a lo largo de su obra, textos clave en que parece asu mir su identidad, hablando en primera persona. En primer lu gar, los dos prólogos al Quijote, separados por diez años cabales, igual que las dos partes del mismo; luego, compuestos en el fe cundo crepúsculo de su vida, otros textos liminares, como los respectivos prólogos a las Novelas ejemplares y a las Comedias y entremeses, el prólogo al Persiles o la conmovedora dedicatoria al Conde de Lemos, fragmentos dispersos de un retrato de artista cuya verdad no exige verificación. Varias razones explican el interés que, para nosotros, ofrecen estos fragmentos; pero más que nada, quizá, el ser el retratado un hombre cuya existencia histórica apenas se conoce. Debido al silencio de los archivos, ignoramos, en efecto, casi todo de los años de infancia y ado lescencia de nuestro escritor. Podemos afirmar a ciencia cierta que nació en 1547 en Alcalá de Henares, de padre cirujano; V ID A Y L IT E R A T U R A XLVII pero no se sabe en qué fecha exacta, y la supuesta ascendencia conversa que se le atribuye sigue siendo tema controvertido. Tal vez empezara a estudiar en Sevilla, donde habría visto re presentar a Lope de Rueda; pero su traslado a Madrid no que da documentado. Hace falta esperar al año de 1569 para ver comprobada su presencia en la Villa y Corte, la cual se infiere de su contribución a las Exequias publicadas por su maestro L ó pez de Hoyos con motivo de la muerte de Isabel de Valois, ter cera esposa de Felipe II. M ejor conocimiento tenemos de los años heroicos que m e dian entre 15 7 1 y L580: el contacto de Cervantes con la «vida libre de Italia», primero en R om a, en el séquito del cardenal Acquaviva, luego como soldado, a las órdenes de D iego de U r bina; las heridas recibidas en Lepanto, el 7 de octubre de 15 7 1 , donde, a bordo de La Marquesa, pelea «muy valientemente» y pierde de un arcabuzazo el uso de la mano izquierda; al año si guiente, las acciones militares llevadas con desigual suerte por don Juan de Austria en Corfú, Navarino, Túnez y La Goleta; en 1575, la captura por corsarios turcos, al volver a España en la galera Sol; por fin, los cinco años del cautiverio argelino, do lorosa experiencia marcada por cuatro intentos frustrados de evasión y concluida con un inesperado rescate, conseguido por obra de los padres trinitarios. La falta casi completa de escritos íntimos no nos permite con cretar el cómo y el porqué de estas peripecias: así la partida a Italia, quizás a consecuencia de un misterioso duelo; la vida an- cilar llevada durante unos meses en Rom a; el alistamiento en los tercios; la vuelta proyectada a la madre patria; y en Argel, a pesar de reiteradas tentativas de fuga, la extraña clemencia del rey Hazán. Otro tanto puede decirse de los acontecimientos que siguie ron al regreso de M iguel a Madrid, una vez rescatado. Tras una breve misión desempeñada en Orán, se inicia entonces su ca rrera de escritor: hace representar varias comedias, «sin silbos, gritos ni barahúnda», en tanto que, en 1585, publica La Gala- tea, novela pastoril al estilo de La Diana de Montemayor. Pero no se explica la pérdida casi completa de sus primeras piezas (exceptuando E l trato de Argel y La Numancia, conservadas en copias del siglo x v m ); tampoco se ha aclarado el misterio que XL VIII PRÓ LO G O envuelve el nacimiento de su hija natural, Isabel, habida de Ana Franca de Rojas, esposa de un tabernero; apenas se conocen las circunstancias de su matrimonio, en 1584, en Esquivias, con Catalina de Salazar, dieciocho años menor que él; menos aún las razones exactas de su partida del hogar, en 1587, hacia Se villa («tuve otras cosas en que ocuparme», nos dice en el pró logo a Ocho comedias y ocho entremeses nuevos, £ 3); por no decli nada de los motivos de un silencio de casi veinte años, duran te los cuales Cervantes recorre Andalucía, primero como pro veedor de la Armada Invencible y luego desempeñando varias comisiones para la hacienda pública. Tan sólo adivinamos una vida de dificultades y molestias: en 1590 solicita del rey un oficio en las Indias que le es negado; en 1597, tras haber sido excomulgado, es encarcelado en Sevilla por retrasos y quiebras de sus aseguradores. Hay que esperar a 1604 para verle reaparecer en el campo de las letras, establecido con su familia en Valladolid, adonde Felipe III acaba de trasladar la sede de la corte. Allí, en este mismo año, concluye la Primera parte del Quijote, publicada en diciembre ya con fecha de 1605. Cervantes en primera persona Se comprenderá, entonces, lo que viene a representar, en nues tra búsqueda de la vivencia cervantina, el prólogo con que se abre esta Primera parte; pero no debe engañarnos aquel yo que, de entrada, dirige la palabra al «desocupado lector». E l Cervan tes de carne y hueso, muerto hace casi cinco siglos, nos es in asequible por definición; es una sombra que no podemos al canzar. Quien se descubre al hilo de nuestra lectura es más bien el doble de aquel sujeto desaparecido, un ente nacido de un acto de escritura, establecido como tal por la mirada del lector, y que se deja entrever en las muestras dispersas de un autobio- grafismo episódico. Pero es así como nos abre una perspectiva que contribuye a crear la modernidad del Quijote: el encuentro de nuestra voluntad receptiva de lector con una voluntad pro- yectiva a la que debemos la inserción de este yo cervantino dentro del espacio textual; un espacio al que configura y orde na, comunicándole su presencia y su sabor de vida. V ID A Y L IT E R A T U R A XLIX Com o era de esperar, este primer prólogo ha llamado la aten ción de los cervantistas, preocupados por desentrañar lo que se nos sugiere, al parecer, de la génesis del Quijote mediante una fugaz e incierta alusión a la cárcel en que hubo de ser engen drado el libro, Pero, a decir verdad, no es su contenido infor mativo, sino su misma estructura la que fundamenta el interés y la radical novedad de este texto. En efecto, aunque parece, a primera vista, conformarlo con el género prologal, el yo cer vantino va alterando poco a poco sus protocolos, hasta llegar fi nalmente a subvertirlos: primero, interpelando, tras veinte años de silencio, a aquel «desocupado lector» que se habrá olvidado de sus obras de mocedad; luego, manifestando un aparente des precio por el libro prologado, nuevo «hijo de su entendimien to», por cierto, pero «seco, avellanado, antojadizo»,
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