El inconsciente, la técnica y el discurso capitalista

Vista previa del material en texto

EL INCONSCIENTE, LA TÉCNICA 
Y EL DISCURSO CAPITALISTA 
Néstor A. Braunstein 
EL INCONSCIENTE, 
L A TÉCNICA Y EL 
DISCURSO CAPITALISTA 
por 
N É S T O R A. BRAUNSTEIN 
1. 
siglo 
veintiuno 
editores 
MÉXICO 
ARGENTINA 
3 a grupo editorial siglo veintiuno 
siglo xxi editores, méxico 
CERRO DEL A G U A 2 4 8 , ROMERO DE TERREPOS, 
0 4 3 1 0 N'TÉXICO, ÜF 
w w w . s i g i o x x i e d i t o r e s . c o m . m x 
salto de página 
A L M A G R O 3 8 , 2 8 0 1 0 
MADRID, ESPAÑA -
w w w . s a l t o d e p á g i n a . c o m , 
biblioteca nueva 
ALMAGRO 3 8 , 2 8 0 1 0 
WADR^D...ESPA^;JA 
WWW, b i b l i o t e c a n L i e v a . e s 
siglo xxi editores, argentina 
GUATEMALA 4 8 2 4 , C 1 4 2 5 BÜP 
B U E N O S WRES, ARGEMTINA 
www.sigloxxiGditores.com.ar 
anthropos 
DIPUTAOÓN 2 6 6 , BAJOS, 
0 8 0 0 7 BARCELONA, ESPAÑA 
www.anthropos-editoriai.com 
B F 2 8 . E 7 
B73 
2012 Braunstein, Néstor \
E l i n c o n s c i e n t e , l a t é c n i c a y e l d i s c u r s o c a p i t a l i s t a / por Néstor A. 
Braunstein. — México : Siglo X X I , 2011. 
194 p. — (Psicología y psicoanálisis) 
ISBN-13: 978-607-03-0352-4 
1. Psicoanálisis. 2. Inconsciente 3. Tecnología — Aspectos psicológicos. 
4. SubjetiN-idad 5. Formas del discurso. I . t. 11. Ser. 
primera edición, 2012 
© siglo xxi editores, s.a. de c.v. 
isbn 978-607-03-0352-4 
derechos reservados conforme a la ley 
impreso en mújica impresor, s.a. de c.v. 
camelia núm. 4 
col. el manto, iztapalapa 
I N T R O D U C C I Ó N : E L M A L E S T A R E N L A C U L T U R A 
T E C N O L Ó G I C A 
S iempre h e m o s c r e í d o y r e p e t i d o q u e F r e u d desestimaba sistemática-
m e n t e los caminos propuestos para superar el malestar e n la c u l t u r a : 
" L a v ida , c o m o nos es impuesta , resulta gravosa: nos trae hartos d o l o -
res, desengaños , tareas insolubles . Para s o p o r t a r l a n o p o d e m o s pres-
c i n d i r de calmantes" . U n a vez asentada esta difícil c o n c l u s i ó n (que 
era, e n v e r d a d , e l p u n t o de p a r t i d a ) se dedicaba a d i s c u t i r los i n c o n -
venientes de cada u n a de las soluciones propuestas a esos impases: n o 
le p a r e c í a n aceptables el d e l i r i o colect ivo q u e es la re l igión, e l d e l i r i o 
s ingular de la l o c u r a , e l a m o r al p r ó j i m o , e l a m o r sensual, e l a m o r c o n 
metas (sexuales) i n h i b i d a s , la satisfacción a t e n u a d a q u e p r o c u r a n la 
sub l imac ión artística y e l trabajo ps íquico o esp i r i tua l " q u e n o c o n m u e -
v e n nues t ra c o r p o r a l i d a d " y sólo s on asequibles p a r a pocos seres h u m a -
nos, e l r e p l i e g u e esteticista sobre la belleza, las i n t o x i c a c i ó n c o n drogas 
, embr iagantes q u e acaban p o r ser "peligrosas y dañinas" , la so ledad y 
e l e x t r a ñ a m i e n t o d e l m u n d o , e l a i s lamiento p a r a " c u l t i v a r el p r o p i o 
j a r d í n " , las tentativas orientales de c o n t r o l a r e l deseo y d o m e ñ a r las 
aspiraciones puls ionales c o n técnicas c o m o e l yoga, la b ú s q u e d a de 
satisfacciones perversas incón d ic ion ad as y sordas a los rec lamos de la 
civilización, e l i n t e n t o de superar la aversión n a t u r a l de los h o m b r e s al 
t raba jo así c o m o la b ú s q u e d a míst ica de fusiones oceánicas . E l f u n d a -
d o r d e l psicoanálisis era escépt ico c o n re lac ión a todas estas estrategias 
de a t e m p e r a r e l malestar de los h u m a n o s e n e l m u n d o y la m e t a p o r 
todos a n h e l a d a de "alcanzar la f e l i c i d a d y m a n t e n e r l a " . Si e l p r o g r a m a 
d e l p r i n c i p i o d e l placer es e l q u e fija su fin a la v ida , forzoso era p a r a 
F r e u d r e c o n o c e r que su c u m p l i m i e n t o "es abs o lu tamen te i r rea l izable 
y q u e las disposiciones d e l T o d o — s i n e x c e p c i ó n — l o c o n t r a r í a n ; se 
dir ía q u e e l propósi to de q u e el h o m b r e sea ' d i c h o s o ' n o está conte -
n i d o e n e l p l a n de la Creac ión" . S in e m b a r g o , pocos h a n observado 
q u e la c o n d e n a que parece recaer sobre la extensa lista de c a m i n o s a 
la f e l i c i d a d deja u n c ier to resquic io i n t o c a d o a u n q u e , e n c ier to m o d o , 
susceptible t a m b i é n de serias reservas. 
8 l N T R O r > U C C I Ó N 
Cabe r e c o r d a r sus palabras : ' 
Hay por cierto otro camino, u n camino mejor, como miembro de la comuni -
dad, y con ayuda de la técnica guiada por la ciencia, pasar a la ofensixm contra 
la naturaleza y someterla a la voluntad del hombre. Entonces se trabaja con todos 
para la dicha de todos (p. 77) [cursivas míasl. 
Es c i e r t o q u e después dé ése e l o g i o a l c á í u i ñ o p r e f e r i b l e s e g u í a n 
ciertas reservas a las q u e a ludía c o m o " u n f a c t o r d e d e s e n g a ñ o " e 
i n d i c a b a q u e 
Se han hecho extraordinarios progresos en las ciencias naturales y su aplica-
ción técnica consolidando el gobierno sobre la naturaleza en una medida antes 
inimaginable. Los detalles son notorios; huelga pasarles revista. Los hombres 
están orgullosos de estos logros y tienen derecho a ello. Pero [sin embargo pa-
rece] que el poder sobre la naturaleza no es la única condición de la felicidad 
humana, como tampoco es la única meta de los afanes de la cultura (p. 86). 
Pese a su " h u e l g a pasarles revista" de algún m o d o se c o m p l a c í a 
F r e u d e n h a c e r l o y n o m b r a r a la t e l e f o n í a , la te legraf ía , e l a u m e n t o 
de la m e m o r i a p o r e l g r a m ó f o n o , los avances de la a r q u i t e c t u r a e n 
la p r o d u c c i ó n d e casas cada día más c o n f o r t a b l e s c o m o susti tutos d e l 
seno m a t e r n o , e l av'unce e n e l d o m i n i o sobre las e n f e r m e d a d e s y la 
m o r t a l i d a d i n f a n t i l , l a antisepsia y u n a " l a r g a serie de tales b e n e f i -
cios q u e d e b e m o s a la t a n v i l i p e n d i a d a é p o c a d e l p r o g r e s o t é c n i c o y 
c i e n t í f i c o " . N u e v a m e n t e , l l e g a d o a ese p u n t o , "se hace o í r la voz d e 
la c r í t i ca pes imis ta" : m u c h o s de los ¿nales a los q u e las tecnoc ienc ias 
p o n e n c o t o son males a t r i b u i b l e s a la t é c n i c a m i s m a ; p o r e j e m p l o : 
" ¿ D e q u é nos sirve h a b e r l i m i t a d o la m o r t a l i d a d i n f a n t i l , si j u s t a m e n -
te eso nos o b l i g a a la m á x i m a reserva e n la c o n c e p c i ó n de h i j o s . . . y 
nos i m p o n e penosas c o n d i c i o n e s e n n u e s t r a v i d a sexual d e n t r o d e l 
m a t r i m o n i o y p r o b a b l e m e n t e c o n t r a r r e s t a la benef ic iosa s e l e c c i ó n 
n a t u r a l ? " ( p . 8 7 ) . P r o s e g u í a m o s t r a n d o la s u c e s i ó n de las hazañas d e l 
h o m b r e e m p e z a n d o p o r la m í t i c a c o n q u i s t a d e l f u e g o hasta l l e g a r 
a la i d e a de q u e todas estas h e r r a m i e n t a s s on p e r f e c c i o n a m i e n t o s 
d e los ó r g a n o s corpora les , t a n t o los m o t r i c e s c o m o los sensoriales 
' S. F reud, El malestar en la cultura, en O.C, vo!. x x i , Buenos aires, Amorrortu, 1976,. 
I N T R O D U C C I Ó N 9 
y hace, a p a r t i r de e l l o , u n " e l o g i o d e l h o m b r e " e n e l q u e r e s u e n a n 
los ecos d e l c o r o de Antígona. S e ñ a l a e l avance desde los ideales de 
c u l t u r a representados p o r los dioses hasta " l a s i tuac ión ac tua l d o n d e 
e l h o m b r e se h a c o n v e r t i d o e n u n a suer te de d ios -prótes i s . . . v e r d a d e -
r a m e n t e g r a n d i o s o c u a n d o se c o loc a t o d o s sus ó r g a n o s a u x i l i a r e s . . . 
q u e e n ocasiones le d a n todavía m u c h o t r a b a j o " ( p . 9 0 ) . 
N o se le escapaba e l c a r á c t e r t r a n s i t o r i o de sus reser\^as: 
Es cierto qué tienederecho a consolarse pensando que ese desarrollo no ha 
concluido en el año 1930 d.G. Épocas hituras traerán consigo nuevos progre-
sos, acaso de magnitud inimaginable, en este ámbito de la cultura, y no harán 
sino aumentar la semejanza con u n dios. A h o r a bien, en interés de nuestra 
indagación no debemos olvidar que el ser h u m a n o de nuestros días no se 
siente feliz en su semejanza con u n dios" (p. 91) . 
L o q u e v i n o d e s p u é s s o b r e p a s ó las expectat ivas de las i m a g i n a c i o -
nes m á s desbocadas t a n t o e n e l avance de l a t é c n i c a g u i a d a p o r la 
c ienc ia c o m o e n los p e l i g r o s i n h e r e n t e s a ese avance y e l males tar e n 
la c u l t u r a d e l sujeto s u m e r g i d o e n l o ac tu a l : u n sistema de c a p i t a l i s m o 
g l o b a l s in al ternativas a la vista. N o p u d o F r e u d i m a g i n a r la v i o l e n c i a 
i n c o m p a r a b l e de la segunda g r a n g u e r r a , e l g e n o c i d i o p l a n i f i c a d o 
c i e n t í f i c a m e n t e , la a p a r i c i ó n de armas devastadoras, la c o n t a m i n a -
c i ó n de las aguas y d e l a i re , las nuevas e n f e r m e d a d e s pr ov oc ad as o r a 
p o r la escasez, o r a p o r la a b u n d a n c i a , la a m e n a z a d e e x t i n c i ó n de re-
cursos natura les y especies an imales y vegetales, la c o n t r a c e p c i ó n c o n 
e l a u m e n t o de la p o s i b i l i d a d de u n a v i d a sexual n o r e g u l a d a n i p o r la 
esperanza n i p o r e l t e m o r á l a r e p r o d u c c i ó n , l a e x p l o s i ó n d e m o g r á -
fica, e l r iesgo a t e r r a d o r q u e i m p l i c a c u a l q u i e r " i n g e n i e r í a g e n é t i c a " 
q u e c o r r i j a e l g e n o m a h u m a n o , e l a u m e n t o b r u t a l e n la d e s i g u a l d a d 
de l a d is t r ibuc ión de la r iqueza , e l d e s a r r o l l o de u n a m e m o r i a u n i v e r -
sal y u n i v e r s a l m e r i t e asequible q u e p o d r í a acabar e n u n m o n o p o l i o 
c o r p o r a t i v o de la i n f o r m a c i ó n , e l a lcance m u n d i a l d e m e d i o s de d i f u -
s ión de masas q u e t i e n d e n a u n i f o r m a r l a a t e n c i ó n y la c o n c i e n c i a , la 
i n v e n c i ó n de sustancias q u í m i c a s q u e p u e d e n a c t u a r c o m o f á r m a c o s , 
es decir , c o m o m e d i c i n a s y c o m o venenos , p o r l o c u a l t e n e m o s tantos 
m o t i v o s p a r a f e l i c i t a r n o s c o m o p a r a d e p l o r a r e l avance de l a q u í m i c a , 
el rechazo d e l p e n s a m i e n t o filo-sófico e n n o m b r e d e l c á l c u l o i n f o r -
m á t i c o c o n d e s d é n d e t o d o l o q u e n o es " d a t o " capaz d e a l i m e n t a r 
l O I N T R O D U C C I Ó N 
a las o m n i p r e s e n t e s y o m n i s c i e n t e s c o m p u t a d o r a s , e l o l v i d o de la d i -
m e n s i ó n m e t a f ó r i c a d e l l e n g u a j e e n b e n e f i c i o de l a p u r a d e n o t a c i ó n 
( n e o l e n g u a o r w e l l i a n a ) , la m a n i p u l a c i ó n de las mayor ías e n n o m b r e 
d e la d e m o c r a c i a e n p a n t a l l a y c o m o p a n t a l l a de la d o m i n a c i ó n , e l 
a u m e n t o d e la d i s c r i m i n a c i ó n c o m o p r o t e c c i ó n de las "sociedades 
avanzadas", las nuevas f o r m a s — m u c h a s veces d e g r a d a d a s — d e l arte , 
la e x p o s i c i ó n a l p e l i g r o de la e n e r g í a n u c l e a r i n c l u s o c u a n d o sus 
usos son "pac í f i cos" . E n síntesis, q u e e l s istema d e p r o d u c c i ó n n o es 
c o m p a t i b l e c o n el p r i n c i p i o d e l p l a c e r s i n o c o n e l goce e n sus f o r m a s 
m á s devastadoras q u e se sos t ienen e n e l r e f o r z a m i e n t o t i r á n i c o d e l 
superyó . 
E l d e s a r r o l l o técn ico l lega a h o r a a eso q u e , según p o d r e m o s cons-
tatar, es u n discurso c o n t r a r i o a l psicoanálisis y a la l u c i d e z f r e u d i a n a , 
u n discurso P S T , "peste" o "post" , v i s l u m b r a d o p o r L ac an . L o relacio-
n a m o s c o n e l pasaje de las sociedades disc ipl inar ias de F o u c a u l t a las 
sociedades de c o n t r o l organizadas p o r los recursos tecnológ icos q u e 
s u p o d e n u n c i a r Deleuze y q u e hace necesario, h o y más q u e n u n c a , u n 
" r e t o m o a F r e u d " , es decir, a la escucha de esa voz q u e resiste a l a m o , la 
d e l inconsc iente . E l discurso d e l psicoanalista h a s ido y sigue s iendo "e l 
revés d e l discurso d e l a m o " . E l a m o c a m b i a de ros t ro , de n o m b r e y de 
h e r r a m i e n t a s al tiempo q u e m u l t i p l i c a sus prótesis . E l inconsc iente n o , 
pues su esencia es la resistencia y l a b ú s q u e d a de caminos p a r a superar 
l a censura. Es así q u e " e l inconsc iente es l a po l í t i ca " ( " L ' i n c o n s c i e n t 
c'est l a p o l i t i q u e " ; Lacan , 10 de m a y o de 1967) y p o r e l lo , p o r "e l ma-
lestar e n l a c u l t u r a " , p o r e l goce q u e se i n f i l t r a y o b t u r a los caminos d e l 
deseo y al deseo m i s m o , es q u e e l s í n t o m a tiene s i e m p r e u n alcance p o -
l í t ico, " b i o p o l í t í c o " dir íamos a l u d i e n d o a F o u c a u l t , ese pensador q u e 
d i o e n el c lavo sin decidirse a l l a m a r al clavo p o r su n o m b r e : "goce", a l 
q u e c o n f u n d í a pensando q u e se t ra taba d e l "uso de los placeres". 
A estas a l turas d e l s iglo x x i F r e u d p o d r í a c o m p r o b a r q u e el " m e -
j o r " c a m i n o q u e él v i s l u m b r a b a p a r a e l h o m b r e está t a n e r izado de 
p e l i g r o s c o m o e l " p e o r " q u e h u b i e r a p o d i d o i m a g i n a r y q u e , s in e m -
b a r g o , e l m o v i m i e n t o d e l avance t é c n i c o es avasal lador e i m p o s i b l e 
de d e t e n e r y m u c h o m e n o s ser ía p o s i b l e v o l v e r atrás e n la h i s t o r i a 
h a c i a u n pasado q u e p o r m i l m o t i v o s d e b í a desvanecerse. ¿ Q u é que-
d a entonces? O í r a l i n c o n s c i e n t e , es dec i r , d a r paso a l d iscurso de su 
su je to . L a p a l a b r a e n l i b e r t a d y é x t r a f i a al c á l c u l o , s u r g i d a d e y e n la 
t r a n s f e r e n c i a , la p a l a b r a q u e r e d i m e y q u e p u e d e crecer e n m e d i o 
I N T R O D U C C I Ó N 
d e l p e l i g r o m o r t a l q u e le acecha e n nues t ros tiempos. L a p a l a b r a 
p o é t i c a e n la q u e p o n í a H ó l d e r l i n sus esperanzas. 
Para estar e n c o n d i c i o n e s de escuchar esa voz a m o r d a z a d a , se i m -
p o n e , c o m o q u e r í a D e r r i d a p a r a sí m i s m o , ser " t o t a l m e n t e h i s t o r i -
zante" , n o o l v i d a r n u n c a " l a p r o c e d e n c i a h is tór ica d e tod os los c o n -
ceptos q u e u t i l i z a m o s así c o m o d e nuestros gestos". Es p o r eso q u e 
c o n v i e n e r e p e t i r : " M e j o r pues q u e r e n u n c i e q i ü e n n o p u e d a u n i r su 
h o r i z o n t e a la s u b j e t i v i d a d de su é p o c a " . 
T o d o el m u n d o se complace e n c i tar y rec i tar esta frase de L a c a n 
de 1953. Pero ¿sabemos cuál es esa sub je t iv idad , p a r t i c u l a r m e n t e e n 
nuestra é p o c a pues n o p o d r í a m o s " r e n u n c i a r " a n i n g u n a otra? ¿Es 
" u n a " esa subjetividad? ¿ T i e n e " la é p o c a " u n a subjet ividad? ¿ Q u é clase 
de sujeto (gramatical ) es " la é p o c a " p a r a t e n e r ese a t r i b u t o —supues-
t a m e n t e filosófico, ya q u e n o p o d r í a ser ps ico lóg ico y m u c h o m e n o s 
c u l t u r a l — de la "subjetividad"? ¿ C ó m o u n i r n u e s t r o h o r i z o n t e a u n a 
sub je t iv idad epocal? ¿Hay u n a sub je t iv idad d i f e r e n t e e n cada é p o c a y 
p o r l o tanto cabr ía c o n c e b i r a la s u b j e t iv id ad c o m o u n p r o d u c t o histó-
rico? ¿A q u é tendr íamos q u e re n u n c i a r , al psicoanálisis? Así l o sugiere 
la in t imac ión re tór ica de la p r e g u n t a q u e sigue: " ¿ C ó m o p o d r í a hacer 
de su ser el eje de tantas vidas a q u e l q u e n o supiese n a d a de la dialéc-
t ica q u e l o lanza c o n esas vidas e n u n m o v i m i e n t o s i m b ó l i c o ? " Estamos 
lanzados c o n "esas vidas" —¿las de q u i é n e s ? — e n u n m o v i m i e n t o q u e 
nos re t iné a u n q u e , a la vez, y desde el párra fo a n t e r i o r d e l m i s m o ar-
t ículo , se nos i m p o n e atravesar " u n a larga ascesis subjet iva q u e n u n c a 
sea i n t e r r u m p i d a " p a r a l legar a ser e l eje de todas esas vidas. 
Desde 2004 (cursos p u b j i c a d o s e n I n t e r n e t ) v e n g o i n s i s t i e n d o e n 
q u e hay u n a i n q u i e t a n t e a n a l o g í a e n t r e e l n u e v o "d iscurso de los 
m e r c a d o s " q u e se expresa e n las "sociedades d e c o n t r o l " y e l d i scurso 
d e l psicoanálisis pues e n ambos e l l u g a r de agente es o c u p a d o p o r 
e l s e m b l a n t e d e l o b j e t o @. E n e l p r i m e r caso s on los "servomeca-
n i s m o s " , estos i n q u i e t a n t e s ob je tos s i e m p r e e n vías de ser obsoletos 
q u e se v e n d e n a los habi tantes d e l m u n d o q u e q u i e r e n estar a l d ía , 
c h i r i m b o l o s a los q u e L a c a n l l a m ó lathouses. E n e l s e g u n d o caso e l 
agente es esa f o r m a de semblante d e l o b j e t o q u e e n c a r n a e l ps icoana-
l ista c u a n d o se d i r i g e al sryeto a t a r a n t a d o p o r esos m i s m o s aparatos . 
A l o l a r g o de mis cursos de 2004 a 2006 a b o r d é esa a n a l o g í a , expuse 
las d i ferenc ias e n t r e ambos y m o s t r é q u e , c o m p a r t i e n d o u n a f ó r m u l a 
e s t r u c t u r a l , e r a n e n t r e sí exc luyentes . O b s e r v é y p u b l i q u é e n dis t intas 
I N T R O D U C C I Ó N 
o p o r t u n i d a d e s la suces ión d e tres f o r m a s históricas d e l discurso d e l 
a m o (c lás ico , capi ta l i s ta y " d e los mercados")*'^ y c o m o c o r r e s p o n d í a n 
a las sociedades de s o b e r a n í a , d i s c i p l i n a r i a s y d e l c o n t r o l . 
S in a b a n d o n a r e l t e m a , los a ñ o s 2007 a 2009 e s t u v i e r o n d e d i c a d o s 
a e s t u d i a r e l t e m a de la m e m o r i a e n psicoanális is y a b u n d a r o n las 
re ferenc ias a las nuevas f o r m a s de a l m a c e n a r la m e m o r i a m e d i a n t e 
s e r v o m e c a n i s m o s c i b e r n é t i c o s y e l i n t e n t o de e x c l u i r la c o n c e p c i ó n 
f r e u d i a n a d e l t e m a cuya p i e d r a basal es e l c o n c e p t o de r e p r e s i ó n . D e 
allí s a l i e r o n dos l i b r o s q u e f u e r o n p u b l i c a d o s p r i m e r o éri e s p a ñ o l y 
l u e g o t r a d u c i d o s ál f rancés y a l inglés y u n t e r c e r o q u e e s p e r a é l m o -
m e n t o d e su a p a r i c i ó n . 
E n 2010 y 2011 volví al t e m a de los "servomecanismos", e n c o n t r é u n a 
convergenc ia p e r o también u n a confus ión c o n e l c o n c e p t o de "disposi-
t i v o " y p u d e p o n e r e n contac to estos conceptos c o n el Gestell (disposit i -
vo) de Heidegger , c o n los "aparatos ideológicos" de Al thusser y c o n los 
c u a t r o discursos p r o c l a m a d o s p o r L a c a n a los que agregó , de repente y 
e n a lgún m o m e n t o , el inesperado "discurso d e l capitalista". D e este re-
c o r r i d o p u e d e seguirse la trayectoria e n las actas de las clases q u e se dic-
t a r o n e n la U N A M y se t r a n s c r i b i e r o n en <\\'ww.nestorbraunstein.com>. 
E l m á s r e c i e n t e semestre de los cursos e n la F a c u l t a d de F i losof ía 
y Le t ras ( p r i m e r o d e l a ñ o 2011) t u v o c o m o t e m a " L a t é c n i c a , e l i n -
c o n s c i e n t e y e l t i e m p o " . E n él , c o n la ayuda i n v a l o r a b l e de u n públi-
co a t e n t o , c r í t i co y e n t r e g a d o a apasionantes discusiones, p u d e d a r 
u n a f o r m a p r o v i s i o n a l m e n t e d e f i n i t i v a a estos a ñ o s de r e f l e x i ó n en la 
q u e tantos colegas, amigos y c o m p a ñ e r o s i n t e r v i n i e r o n y a y u d a r o n , 
e n la q u e tantos autores f u e r o n revisados y c i tados, e n la q u e tantos 
o b s t á c u l o s h u b o q u e r e m o v e r p a r a sostener la m a r c h a d e l m o t o r de 
estas e laborac iones : e l d iscurso d e l psicoanál is is . 
D e e n t r e c ientos de personas q u e p a r t i c i p a r o n e n esta o b r a q u e n o 
es p e r s o n a l s ino efecto de u n a c o l e c t i v i d a d de estudiosos, todos los 
cuales saben de m i a g r a d e c i m i e n t o , h a y u n n o m b r e q u e q u i e r o des-
tacar y a l q u e q u i e r o d e d i c a r estas páginas : V í c t o r Castro San t i l l a n , 
a b a t i d o p o r la b a r b a r i e , e j e m p l o s u p r e m o y s u b l i m e d e l es tudiante 
m e x i c a n o . 
Cuernavaca y Aíéxico, D, F., junio de 2011 
^ "Los mercados", en plural, pues existen el mercado de la producción y el consu-
mo de mercancías , el financiero, el del trabajo y el de las conciencias y la memoria. 
Sería más fácil, aunque menos exacto, decir "discurso del mercado". 
P R I M E R A P A R T E 
L A H I S T O R I A H U M A N A ES L A H I S T O R I A D E L A ( S ) 
T É C N I C A (S) 
1 . E L R E L O J , H E C H O D E P A L A B R A S . 
D I S P O S I T I V O S Y S E R V O M E C A N I S M O S 
C o m e n z a r é c o n u n a a n é c d o t a p e r s o n a l r e f e r i d a a u n a n t i g u o - — q u i -
zás d e b e r í a d e c i r " a l g u i e n q u e f u e " — a m i g o . L a a m i s t a d i m p l i c a u n a 
expec ta t iva o p r o m e s a de r e c i p r o c i d a d p e r o , e n e l caso d e l q u e ha-
b l a r é , t e n g o d u d a s sobre su c o n d i c i ó n de a m i g o a p a r t i r de e x p r e -
siones i n s ó l i t a m e n t e host i les q u e le e s c u c h é d e c i r e n f e c h a r e c i e n t e . 
L a " r a z ó n " d e su e n c o n o era u n a frase q u e m e oyó p r o n u n c i a r hace 
t r e i n t a a ñ o s y q u e , es e v i d e n t e , s igue a r d i e n d o e n él c o m o u n fogoso 
t izón p e r s o n a l d e l q u e n o c on s igu e r e c u p e r a r s e o d e l q u e goza c o n 
r e c ó n d i t a f r u i c i ó n . D i r é , p a r a c ar ac te r izar lo e n l o i n t e l e c t u a l , q u e se 
t r a t a d e u n c i e n t í f i c o r e c o n o c i d o y p r e m i a d o a l q u e desde hace m u -
chos, m u c h o s , a ñ o s he d e s c r i t o , r e c o n o z c o q u e c o n m á s e x a c t i t u d 
q u e c a r i d a d , c o m o " f u n d a m e n t a l i s t a c i e n t í f i c o " . Esta a t r i b u c i ó n , s in 
e m b a r g o , n o h i z o q u e dejase de t r a t a r l o c o m o a m i g o p o r sus gestos, 
p o r su s incera s o l i d a r i d a d e n m o m e n t o s dif íc i les , p o r su i n t e l i g e n c i a 
e n los asuntos e n los q u e es e x p e r t o , p o r l a h u m o r í s t i c a o r i g i n a l i d a d 
de su l e n g u a j e y p o r otras n o m e n o s aprec iables v i r t u d e s . A l i g u a l q u e 
m e s u c e d í a c o n él , n o m e h e p r i v a d o d e la a m i s t a d de otros espec í -
m e n e s d e f u n d a m e n t a l i s t a s c o n los q u e t a m p o c o c o i n c i d o ; re l ig iosos , 
pol í t i cos , moral i s tas y t a m b i é n , p o r supuesto , psicoanalistas q u e s o n 
m i s colegas. S é q u e la exji)resión " f u n d a m e n t a l i s t a c i e n t í f i c o " parece 
ex t ravagante y es b i z a r r a t a n t o si se p iensa esta p a l a b r a e n su s e n t i d o 
e n n u e s t r a l e n g u a c o m o si se l a t r a d u c e desde e l f r a n c é s o e l inglés . 
R e c u r r o a ese r a r o s i n t a g m a ( q u e p a r e c e o x í m o r o n y o p c i ó n e x c l u -
y e n t e : o f u n d a m e n t a l i s t a o c i e n t í f i c o ; n o las dos cosas a la vez) p a r aca-
l i f i c a r la p o s t u r a de este y de m u c h o s invest igadores q u e só lo e n c u e n -
t r a n " v e r d a d " o va l idez e n l o es tab lec ido p o r la c i enc ia pos i t iva . E l los , 
h a c i e n d o gala de u n a a l t a n e r a a r r o g a n c i a , se p e r m i t e n desprec iar y 
agraviar c o n los e p í t e t o s m á s v i o l e n t o s a tod os los q u e n o c o m p a r t e n 
su ca tec i smo: f u n d a m e n t a l i s t a s s o n los q u e n o c o n c u e r d a n c o n el los . 
S o n — p o s i b l e m e n t e tod os c o n o c e m o s a a l g u i e n a s í — esos f a n á t i c o s 
d e l saber e x p e r i m e n t a l " d e m o s t r a d o " q u e d e s d e ñ a n p o r " re t ró gra -
[15] 
i 6 D I S P O S I T I V O S Y S E R V O M E C A N I S M O S 
d o s " a qu ienes p i e n s a n q u e hay razones q u e la r a z ó n desconoce y n o 
c o n d e s c i e n d e n a las sutilezas d e l a filosofía d i a l é c t i c a a la q u e l l a m a n 
" o s c u r a " p o r q u e e n e l la la " r e a l i d a d " e m p í r i c a se p r e s e n t a c o m o sos-
pechosa y c o n t r a d i c t o r i a . Para los m i e m b r o s de esta especie n o hay 
p e c a d o m a y o r q u e d u d a r de la " r e a l i d a d " , de "las cosas c o m o s o n " . E l 
suyo es u n i l u m i n i s m o apas ionado . Son p a r t i d a r i o s apas ionados d e 
la ftmción d e n o t a t i v a de las palabras y se i r r i t a n c u a n d o se les h a c e n 
n o t a r las c o n n o t a c i o n e s o los valores m e t a f ó r i c o s de los s igni f i cantes . 
G u s t a n c i tar a u n F r e u d q u e h a b r í a d i c h o q u e " u n c i g a r r o es t a m b i é n 
u n c i g a r r o " . ( N o se les p i d a q u e d i g a n d ó n d e o c u á n d o F r e u d d i j o 
eso.) 
E n a q u e l l a o p o r t u n i d a d , l e j a n a ya, a c o m i e n z o s d e los o c h e n t a , 
este B o u r n i s i e n ( ¿quién q u e leyó la n o v e l a n o se a c u e r d a d e l f a r m a -
c é u t i c o a teo q u e se e x t e n u a b a d a n d o a r g u m e n t o s " c i e n t í f i c o s " c o n t r a 
H o m a i s , e l c u r a d e l p u e b l o , e n Madame Bovary?), este sacerdote de 
bata b l a n c a , m e oyó d e c i r u n a frase i n s p i r a d a p o r la e p i s t e m o l o g í a de 
Bachelard,^ a u n q u e n u n c a fuese p r o n u n c i a d a e x a c t a m e n t e así p o r e l 
v ie jo Gas tón (1884-1962) . L a frase e n c u e s t i ó n era m u y s i m p l e y p a r a 
m í e v i d e n t e : " U n re lo j está h e c h o d e pa labras" (¿es instrumenls ne sont 
que des théoñes materialisées). N o sé si a tod os esa c o n t u n d e n t e a f i r m a -
c i ó n les p r o d u c e u n a m o l e s t i a seme jante a la s u f r i d a p o r m i a m i g o 
— d e c u a l q u i e r m o d o n o p o r e l l o d e j a r e m o s de i n t e r c a m b i a r o p i n i o -
nes e n la m e d i d a e n q u e m e l o p e r m i t a n — . M i q u e r i d o f u n d a m e n -
talista m i r ó la m u ñ e c a de s u , a n t e b r a z o i z q u i e r d o y n o p u d o ver e n 
e l la o t r a cosa q u e u n o b j e t o m e t á l i c o q u e t e n í a inscr i tos — d e b í a m o s 
r e c o n o c e r l o t a n t o él c o m o y p — u n a c a n t i d a d d e n ú m e r o s r o m a n o s 
( n o h a b í a relojes digi tales e n esa é p o c a ) . E l invest igador , sensualista 
i m p e n i t e n t e c o m o s i e m p r e l o f u e , e r a incapaz de p e r c i b i r e n ese o b -
' Naturellement, des qu'on passe de Tobservation á r e x p é r i m e n t a d o n , le ca-
ractére polémiquc de la conn^issance devient plus net encoré . AJors il faut que le 
p h é n o m é n e soit trié, filtré, épuré, coulé dans le moule des instruments, produit 
sur le plan des instruments. O r les instruments ne sont que des théories materiali-
sées. II en sort des phénoménes qui portent de toutes parís la marque théorique" 
(Gastón Bacheiard, Le nouvelesprit scientifique [1934], París, P U F , 1968, 10a. ed., p. 16). 
Traduzco: "Naturalmente, desde que se pasa de la observación a la experimentación, 
el carácter polémico del conocimiento se hace aun más nítido. Es necesario entonces 
que el f e n ó m e n o sea cribado, filtrado, depurado, volcado en el molde de los instru-
mentos, producido en el plano de los instrumentos. Pero los instrumentos no son sino 
teorías materializadas. Surgen de allí fenómenos que llevan por todas partes la marca 
teórica". 
D I S P O S I T I V O S Y S E R V O M E C A N I S M O S 17 
j e t o q u e m i r a b a c o n ins is tencia o t r a cosa q u e la sustancia r u d a y d u r a , 
a r d u a y u r d i d a p o r la i n d u s t r i a . Se exasperaba a l o í r m e d e c i r q u e esa 
"cosa" n o era s ino " r a z ó n m a t e r i a l i z a d a " y q u e ese cacho de m e t a l , 
c o m o entonces le d i j e , era " m a t e r i a r a c i o n a l i z a d a " , o r g a n i z a d a p o r 
e l l engua je . Yo quise argüir e n sus p r o p i o s t é r m i n o s : si " v e l o c i d a d es 
i g u a l a espacio sobre t i e m p o " , v in móvil c u a l q u i e r a , d i g a m o s p a r a e l 
caso las agujas d e l s u s o d i c h o a p a r a t i t o , q u e r e c o r r e espacios iguales 
en lapsos iguales es u n " r e l o j " , es d e c i r u n i n s t r u m e n t o p a r a m e d i r e l 
t i e m p o . L a razón c i e n t í ñ c a o r g a n i z a a ciertas sustancias i n o r g á n i c a s , 
las somete a su i m p e r i o , las i n t r o d u c e e n e l i m p e r i o d e l c á l c u l o y así 
las palabras d e l p e n s a m i e n t o c i e n t í f i c o p u e d e n d e v e n i r e n utens i l ios , 
e n h e r r a m i e n t a s , q u e sirven a sus usuar ios . Son a d e m á s , y eso t a m p o -
co p u e d e verse e n e l c u a d r a n t e de u n r e l o j , mercancías, cuyo secreto y 
m i s t e r i o es, p o r u n l a d o , la e x t r a c c i ó n de plusvalía y, p o r o t r o , u n plus 
de gozar adscr i to y a d h e r i d o al c u e r p o , a la m u ñ e c a i z q u i e r d a y al o j o 
d e l u s u a r i o . E l m e c a n i s m o d e l r e l o j es s iervo de nuestras i n t e n c i o n e s 
y así nos e n c o n t r a m o s presentes, c o i n c i d i e n d o todos a la m i s m a h o r a , 
p a r a escuchar u n a c o n f e r e n c i a o asistir a u n c o n c i e r t o . Todos c o n -
cer tados p o r los s igni f icantes sociales, los d e l O t r o , e n c a r n a d o s e n 
u n m e c a n i s m o q u e f u n c i o n a c o n " e x a c t i t u d " . ¿ Q u i é n p u e d e d i v i d i r y 
m a t e m a t i z a r e l t i e m p o , q u i é n p u e d e h a c e r l o s in significantes? ¿ Q u é 
es e l t i e m p o c r o n o l ó g i c o m i s m o s ino u n efecto de la p a l a b r a q u e i n -
t r o d u c e d i s c o n t i n u i d a d e s e n el flujo i n a n i m a d o d e l t i e m p o c ó s m i c o ? 
NTo sólo era B a c h e i a r d m i f u e n t e d e inspi rac ión en a q u e l ya leja-
n o e n c u e n t r o c o n m i " a m i g o " . T e n í a fresca t a m b i é n la l e c t u r a d e l 
s e m i n a r i o I I de Lacan^ (19^4-1955) q u e acababa de aparecer e n f r a n -
cés ( c o n m á s de v e i n t e a ñ o s de a t raso) . E n esas páginas e x p l i c a b a 
n u e s t r o m a e s t r o e n psicoanál is is q u e u n r e l o j n o es l o q u e c u a l q u i e r a 
piensa , q u e n o es l o c o n t r a r i o n i t a m p o c o u n s i m u l a c r o de l o v i v i e n t e , 
u n s i m p l e a r t i f i c i o o ar te fac to c o m o p o d r í a n serlo la s i l la o la mesa u 
o t r o s objetos q u e se a c o m o d a n a n u e s t r o c u e r p o y p a r e c e n extensio-
nes de él (c i t . , p . 9 4 ) . Las m á q u i n a s s on a lgo d i s t i n t o pues e n c a r n a n 
la a c t i v i d a d s i m b ó l i c a m á s r a d i c a l de q u e e l h o m b r e es capaz. M i frase 
r e l o j e r a p a r e c í a v e n i r de ese s e m i n a r i o : "Las m á q u i n a s m á s c o m p l i -
cadas n o es tán hechas s ino de palabras" ( c i t . , p . 6 3 ) . A g r e g a b a L a ca n 
^ J . Lacan, Seminarios del 12 de enero y del 22 de j u n i o de 1955. Le Séminaire. Livre 
IL Le moi dans la théorie de Freud et dans la technique de la psychanalse-, París, Seuil, 1978, 
pp. 94 y 343. 
i 8 D I S P O S I T I V O S Y S E R V O M E C A N I S M O S 
— e n u n a r e f l e x i ó n q u e a r t i c u l a b a su p e n s a m i e n t o sobre la t é c n i c a 
c o n el de Descar tes— q u e el filósofo d e l cogito buscaba e n e l h o m b r e , 
p r e c i s a m e n t e , a l engrana je , eso q u e f u n c i o n a b a c o m o u n r e l o j . E l 
m e c a n i s m o q u e ac túa c o m o u n a u t ó m a t a , q u e m a r c h a solo, q u e se 
a u t o r r e g u l a , n o es l o i n h u m a n o s i n o l o m á s e s p e c í f i c a m e n t e p r o p i o 
d e l h o m b r e . Se p r e g u n t a b a : " ¿ E n q u é somos, e n t a n t o q u e h o m b r e s , 
par ientes de la m á q u i n a ? " (c i t . , p . 45) N a d i e antes de Descartes h a b í a 
pensado o d i c h o q u e nuestros c u e r p o s son homeóstatos, u n a h ipótes is 
a n t i c i p a d o r a de esa t e o r í a de sistemas q u e t o m a r í a v u e l o en la d é c a d a 
de 1970.. L a b i o l o g í a p u e d e y d e b e e n t e n d e r s e c o n r e l a c i ó n a los p r o -
cesos mecánicos de a u t o r r e g u l a c i ó n (feed-back) y la b i o l o g í a r e q u e r i d a 
p o r F r e u d e n los p r i n c i p i o s de su acti\'idad t e ó r i c a n o d e r i v a b a de 
n i n g u n a hipótes is especulat iva sobre la v i d a s i n o de l a a p l i c a c i ó n de 
las leyes d e la t e r m o d i n á m i c a , de u n sistema d e ecuaciones de ener-
gía q u e sólo buscaba y e n c o n t r a b a su f u n d a m e n t o e n la m a t e m á t i c a , 
e n e l d e s p l a z a m i e n t o de c a n t i d a d e s de e x c i t a c i ó n . Para F r e u d , en 
u n a p r o v o c a c i ó n equiva lente a l a q u e s ac u d ió a " m i a m i g o " , " e l cere-
b r o es u n a m á q u i n a de s o ñ a r " ( L a c a n , c i t . , p . 96) s in q u e p o r e l l o los 
resultados sean calculables o p r e d e c i b l e s . P o r esa i n c o m p a t i b l i d a d 
se sostiene la d i screpanc ia e n t r e las n e u r o c i e n c i a s y el psicoanál is is . 
E l espacio y el t i e m p o de las re lac iones d e l su jeto , la transferencia, 
c o n c e p t o y h e r r a m i e n t a t é c n i c a , sí, t é c n i c a , f u n d a m e n t a l d e l psicoa-
nálisis escapa y p o r d e f i n i c i ó n e s c a p a r á s i e m p r e a l sistema b i n a r i o de 
ceros y u n o s , a la a l t e r n a n c i a de u n a c o r r i e n t e q u e pasa o n o pasa a 
través de u n switch i n t e r r u p t o r . L a t r a n s f e r e n c i a — n o se l o vayan a de-
c i r a m i a m i g o — es e l espacip d o n d e a c t ú a n los fantasmas ( fantas ías) 
q u e son i r r e d u c t i b l e s al c á l c u l o . V o l v e r e m o s sobre e l l o . 
Así, e l r e l o j es u n p r o d u c t o de l a t é c n i c a , i m m e c a n i s m o q u e nos 
sirve y nos d o t a de u n s e n t i d o exac to d e l pasar d e l t i e m p o , m á s allá 
de nuestras i m p r e c i s i o n e s subjetivas. D e a h í e n m á s es u n servomeca-
nismo, y m e d i s p o n g o —estoy dispuesto — acepto , e l dispositivo de u n a 
e x p o s i c i ó n escrita q u e m e i m p o n e o r g a n i z a r m i s palabras de m o d o 
q u e r e s p o n d a n p o s i t i v a m e n t e al d i s pos i t iv o q u e p i d e c o n g r u e n c i a 
e n t r e e l n o m b r e d e l o b j e t o - l i b r o , su t í tu lo , su g é n e r o , e l ensayo y 
su c o n t e n i d o , a c e n t r a r m e e n t o r n o a la r e l a c i ó n e n t r e los "servo-
mecanismos" , t e m a de m i d iscurso y los "d ispos i t ivos" p e n s a n d o 
q u e , e n p r i n c i p i o , a esta p a l a b r a la t e n d r e m o s q u e i n t e r r o g a r c o n 
u n p r o p ó s i t o ana l í t i co , usarla c o n caute la y acabar p o r i n c l u i r l a e n 
D I S P O S I T I V O S Y S E R V O M E C A N I S M O S 19 
u n "d iscurso" . L a p a l a b r a " d i s - p o n e r " , s in e m b a r g o , se nos presenta 
c o m o e v i d e n t e y unívoca , p e r o h a b r á d e des-com-ponerse e n e l p r e -
f i j o " d i s " ( " p r e f i j o q u e s ign i f i ca n e g a c i ó n o c o n t r a r i e d a d , s e p a r a c i ó n 
o d i s t i n c i ó n " — s e g ú n e l D R A E — ) y e l v e r b o " p o n e r " : " d i s p o n e r " y 
todos sus der ivados , pues, b i e n p o d r í a n i n d i c a r l o c o n t r a r i o de l o q u e 
p r e t e n d o t r a n s m i t i r . Si " d i s - p o n g o " de c i e r t a m a n e r a a las palabras e n 
la fi'ase ( " u n r e l o j está h e c h o de palabras" ) p u e d o i n - d i s p o n e r a m i 
a u d i t o r i o o a mis lectores, i r r i t a d o s p o r u n a supuesta " a u d a c i a " . Pro-
p o n e r , d i s p o n e r , c o m p o n e r , r e p o n e r , s t iponer . S i e m p r e p o n e r , insta-
lar, poser, mettre, put, síellen, setzen. P o n e r e n escena, d i s p o n e r sobre la 
escena y e l espacio de las páginas o d e l t i e m p o a d j u d i c a d o , u n c o m -
puesto d e palabras encadenadas t e n d i e n t e s a evocar u n s e n t i d o q u e 
p u e d e c o n t r a p o n e r s e , c o n t r a - p o s i t i v a m e n t e , a los sent idos supuestos, 
suposit ivos. Estamos "dis-puestos" , "pre-dispuestos" a r e - c o m - p o n e r 
el s e n t i d o d e l disposi t ivo ( e n H e i d e g g e r se l l a m a r á Gestell) o de los 
disposi t ivos ( e n F o u c a u l t , D e l e u z e : dispositifs) y a separar d e el los , evi -
t a n d o la conf t i s ión i n t r o d u c i d a e n e l t e m a p o r o t r o autor , A g a m b e n , 
a los objetos de los q u e nos servimos: los servomecanismos . Esa se-
p a r a c i ó n c o n c e p t u a l es nues t r a p r i m e r a tarea. E n r e s u m e n , m e c reo 
e n c o n d i c i o n e s de d e m o s t r a r esta pro-pos ic ión : un dispositivo no es un 
servomecanismo. Es o t r a cosa, más a m p l i a , y, a su vez, só lo se e n t i e n d e 
e n el seno de u n discurso. 
R e t o r n e m o s p o r a h o r a a nuestros c r o n ó m e t r o s . A d m i t a m o s q u e 
c u a l q u i e r r e l o j c u m p l e c o n los requis i tos p a r a ser visto c o m o u n m o -
d e l o m í n i m o y t r i v i a l de s e r v o m e c a n i s m o , u n o q u e , e n los t i e m p o s 
de F r e u d y de L a c a n , a d i f e r e n c i a de h o y e n día, n o t e n í a p r o c e d i -
m i e n t o s de a u t o c o r r e c c i ó n . A h o r a b i e n , c o n u n m í n i m o esfuerzo de 
la m e m o r i a p o d e m o s r e c o r d a r tantos y tantos p r o g r a m a s de r a d i o y 
televisión e n d o n d e e l c o n d u c t o r , l l e g a d o e l m o m e n t o , d i c e : " L a t i -
r a n í a d e l r e l o j nos o b l i g a a suspender a h o r a este in te r es an te d i á l o g o 
q u e h u b i é r a m o s q u e r i d o p r o s e g u i r , etc. . . .". E l r e l o j le sirve 2i\r 
p a r a d e c r e t a r e l fin d e l p r o g r a m a , p e r o e n esa c i r c u n s t a n c i a él n o 
hace l o q u e q u i e r e s ino l o q u e e l r e l o j , r azón m a t e r i a l i z a d a y m a t e r i a 
r a c i o n a l i z a d a , ley d e l tiempo soc ia l , le i m p o n e . E l , su e n t r e v i s t a d o , e l 
p ú b l i c o , los d u e ñ o s d e l a e m p r e s a de c o m u n i c a c i o n e s , los a n u n c i a -
dores , t o d o s , s on "siervos" d e l r e l o j a l q u e d e b e n servir. E l r e l o j m a r c a 
e l t i e m p o de nuestras acciones y noso t ro s l l evamos las marcas q u e é l 
nos i m p o n e c u a n d o p a u t a nue s t r a ex i s t enc ia . E l " m e c a n i s m o " se h a 
D I S P O S I T I V O S Y S E R V O M E C A N I S M O S 
t r a n s f o r m a d o e n u n " t i r a n o " ; es u n d é s p o t a q u e i m p o n e su razón a 
nuestros deseos. E l d i spos i t iv o d e l p r o g r a m a m e d i á t i c o — e l a n u n c i a -
d o r c o m p r ó u n c i er t o t i e m p o d e "sa l i r a l a i r e " — d e b e o b e d e c e r a las 
ó r d e n e s q u e i m p a r t e e l r e l o j , s o r d o a c u a l q u i e r r e c l a m a c i ó n . ¿Y los 
actores y espectadores? Somos los servomecanismos d e nuestros apa-
ratos pres tadores de "servic ios" q u e n o s on — r e c o r d e m o s — s ino p r o -
d u c t o s i n d u s t r i a l e s , m e r c a n c í a s q u e se c o m e r c i a n , objetos a los q i i e 
hay q u e c u i d a r r e s p e t a n d o sus n o r m a s de f u n c i o n a m i e n t o , p r o t e g e r -
los d e l r o b o e v e n t u a l , darles c u e r d a o p o r t u n a m e n t e o cambiar les las 
ba ter ías c u a n d o se a g o t a n . C o m o d e c í a J u l i o C o r t á z a r en su " P r e á m -
b u l o a las i n s t r u c c i o n e s p a r a d a r c u e r d a a l re lo j "^ en u n c ap í tu lo q u e 
d e b o abrev iar p o r razones de espacio: 
Piensa en esto: cuando te regalan u n reloj te regalan un pequeño inf ierno 
florido, una cadena de rosas, u n calabozo de aire. [ . . . ] Te regalan — n o lo 
saben, lo terrible es que no lo saben-— u n nuevo pedazo frágil y precario de 
t i mismo, algo que es tuyo pero no es t u cuerpo, que hay que atar a tu cuerpo 
con su correa como u n bracito desesperado colgándose de tu muñeca. [ . . . ] 
N o te regalan u n reloj , tú eres el regalado, a t i te ofrecen para el cumpleaños 
del reloj . 
N o nos a p r e s u r e m o s a d e s p e d i r n o s de B a c h e i a r d , n u e s t r o p r i -
m e r f a r o , n u e s t r a p r i m e r a l u z , n u e s t r o p r i m e r anal is ta d e l "espír i -
t u c i e n t í f i c o " q u e s u p o o r i e n t a r n o s e n l a selva de la e p i s t e m o l o g í a . 
" R a z ó n m a t e r i a l i z a d a " y " m a t e r i a r a c i o n a l i z a d a " . ¡ Q u é b o n i t o , q u é 
exacto ! ¡Estos franceses, s i e n i p r e c o n esa e legancia e n e l decir , ese 
r e f i n a m i e n t o , esa e v o c a c i ó n d e l goce d e l e n u n c i a d o y e n el e n u n -
c i a d o q u e hace pensar e n e l goce de la e n u n c i a c i ó n ! ( A l susodicho 
a m i g o parece q u e e l goce le escuece, le i r r i t a . Poco h a se que jaba 
él e n u n a r e u n i ó n de sabios p o r q u e hay g e n t e q u e d ice "gansadas" 
— a s í las l l a m ó — c o m o la de q u e u n r e l o j está h e c h o de palabras y, 
p e o r a u n , q u e hasta hay i n g e n u o s y ped an tes dispuestos a escucharlas 
s in e n f a d a r s e ) . Pues d e l goce se t ra ta : los servomecanismos c o m o e l 
e m b l e m á t i c o y p a r a d i g m á t i c o r e l o j s o n i n s t r u m e n t o s d e l goce, d e la 
s e r v i d u m b r e v o l u n t a r i a (y a q u í r e s u m i r é la r e f e r e n c i a d e t a l l a d a q u e 
s in e m b a r g o es necesaria y r e q u e r i r í a u n análisis p o r m e n o r i z a d o a l 
^ Julio Cortázar, Historias de cronopios y de famas, en Cuentos completos, vol. 1, Madrid, 
Alfaguai-a, 1994, p. 417. 
D I S P O S I T I V O S Y S E R V O M E C A N I S M O S 
Discurso de la serviduvibre voluntaria escr i to e n 1648, p o r É t i e n n e de L a 
B o é d e , l i m i t á n d o m e t a n sólo a u n a c i ta o , si el l e c t o r se d is -pone a 
p o n e r - a t e n c i ó n , a .dos) : L a p r i m e r a : 
Apenas puede creerse la facilidad con que el vasallo olvida el d o n de la liber-
tad, su apatía para recobrarla y la naturalidad con que se sryeta a la esclavi-
tud, que se diría que no ha perdido su l ibertad sino ganado su esclavitud. 
Y vaya, a l i n e a d o c o n e l p r i m e r o , e l s e g u n d o e n t r e c o m i l l a d o : 
No es tan fácil el pájaro en dejarse coger por la red, n i el pez en caer al anzue-
lo como lo es el pueblo en dejarse seducir; maravilla ver cuan pronto se dejan 
ir al menor halago que se les dispense. Teatros, juegos, farsas, espectácu-
los, gladiadores, animales extraños, medallas, cuadros, etc., fueron para los 
pueblos antiguos los incentivos de la esclavitud, el precio de su l ibertad, los 
instrumentos de la tiranía. Alucinados los pueblos, cebados en pasatiempos 
frivolos y hechizados por vanos placeres, se acostumbraron paulatinamente 
a ser esclavos con más facilidad y aun peor: como los niños que aprenden a 
leer por el atractivo de las estampas que contiene el l ibro . 
Hay, s e g ú n la d e n u n c i a de este teenagerdéi s iglo x v i i , i n s t r u m e n t o s 
de la esc lavi tud. Y la s e r v i d u m b r e a los " m e d i o s " (disposi t ivos de d i -
vers ión) n o es a lgo novedoso . N a d a es m á s h u m a n o q u e la asp i rac ión 
a e n t r e g a r la l i b e r t a d a cualq^uier "sujeto supues to saber". 
C o m o p u e d e verse, n o nqs a le jamos d e l t e m a de los servomecanis-
mos y de los dispositivos, a los q u e agregamos la necesaria r e f e r e n c i a a 
los medios'^ de comunicación de masas c o m o se les l l a m a , s e g ú n L a c a n , 
de u n m o d o "más o m e n o s c o r r e c t o " . L a B o é t i e u b i c a e n la h i s t o r i a 
de los " p u e b l o s a n t i g u o s " esta esc lav i tud aceptada v o l u n t a r i a m e n t e y 
p r o v o c a d a p o r t o d a clase de e s p e c t á c u l o s . Y n os o t r os , los q u e mane ja -
m o s c o n nuestros d i s p o n i b l e s se rvomecanismos de " c o n t r o l r e m o t o " 
los b o t o n e s d e l m u n d o e n t e r o c o m o e s p e c t á c u l o , ¿ q u é p o d r í a m o s 
d e c i r d e l goce de la esc lavi tud m e d i á t i c a y r e l o j e r a , d e la s e i v i d u m -
bre , la nuestra , a las exigencias d e los mecanismos? ¿ N o s on el los la 
e n c a r n a c i ó n de la m a l c o m p r e n d i d a " pu ls ión de m u e r t e " , m a l c o m -
p r e n d i d a si se le p r e t e n d e buscar u n a razón b io lóg ica? 
Sigamos p e n s a n d o e n los " servomecanismos" , ob je tos t é c n i c o s q u e 
nos s i r v e n p a r a c o n d u c i r nuestras vidas e n la m e d i d a e n q u e obe-
22 D I S P O S I T I V O S y S E R V O M E C A N I S M O S 
dezcamos a su p r o g r a m a c i ó n {pro-grama: l o escr i to d e a n t e m a n o ) . L a 
n o c i ó n d e " s i e r v o " i m p l i c a desde hace m i l e n i o s q u e e l t r a b a j o pesado 
( d e l m ú s c u l o o d e l c á l c u l o ) es d e r i v a d o a las m a n o s o a l c e r e b r o de 
u n esclavo r o b u s t o q t i e t raba ja b a j o las consignas de u n a m o q u e , 
gracias a esta d e l e g a c i ó n d e f u n c i o n e s , n o t i e n e q u e h a c e r o t r a cosa 
q u e d a r las ó r d e n e s y j u z g a r de su c u m p l i m i e n t o . E l c o n t r o l c o n u n o 
o var ios d e d o s — a l g o q u e es l i t e r a l m e n t e " d i g i t a l " — de las f u n c i o n e s 
de nuestras c o m p u t a d o r a s , de nues t ros c ó r r e o s y t e l é f o n o s , y t a m b i é n 
d e la m e m o r i a u n i v e r s a l c o n c e n t r a d a e n la r e d nos sirve c o m o i lus t ra -
c i ó n o b v i a de l a s é r v o m e c a n i c i d a d , y e n e l s u s o d i c h o control se i n c l u y e 
la c o r r e c c i ó n a u t o m á t i c a (o casi) d e los e r rores d e nuestros dedos . 
¿Y n o s o n esos dedos , a su vez, los servomecanismos d e es tructuras 
i n f i n i t a m e n t e m á s p e q u e ñ a s , a u t é n t i c o s microchips, e n c e r i a d o s e n la 
caja c r a n e a n a a los q u e , desde R a m ó n y Cajal y a u n antes, l l a m a m o s 
n e u r o n a s y de las q u e s u p u e s t a m e n t e cada u n o de n o s o t r o s t i e n e ca-
t o r c e m i l m i l l o n e s — a u n q u e m u c h a s veces d u d o de q u e yo ó m u c h o s 
de m i s c o n g é n e r e s , e s p e c i a l m e n t e esos q u e g o b i e r n a n , t e n g a m o s t a n -
tas—? Vaya eso c o m o o t r a p r u e b a de q u e l o p e q u e ñ o g o b i e r n a a l o 
g r a n d e y q u e l a n a n o t e c n o l o g í a r e c i b e h o y m á s p o d e r e s q u e las m á -
q u i n a s r u d i m e n t a r i a s d e l pasado. N o p o r n a d a de c í a D e r r i d a ^ p o c o 
antes d e m o r i r q u e hay q u e revisar la e x p r e s i ó n " D i o s es g r a n d e " pues 
la o m n i p o t e n c i a parece r e c l u i r s e e n l o í n f i m o . T a l vez las n a n o t e c n o -
logías d e n c a b i d a a u n a t e o l o g í a d e l p u n t o , ese p u n t o a p a r t i r d e l c u a l 
se p r o d u j o e l e s ta l l ido q u e los c i en t í f i cos l l a m a n G r a n E x p l o s i ó n . 
L a c ienc ia , l a episteme, t r a d i c i o n a l m e n t e h a s ido vista (y se h a visto 
a sí m i s m a ) c o m o g u í a y p r e c u r s o r a d e l ar te , de la tekhné. Por l o m e -
nos ésta era la i d e a de Aris tóte les : la c i enc ia descubre leyes eternas e 
i n m a r c e s i b l e s , las re lac iones necesarias d e a q u e l l o q u e n u n c a de ja de 
escr ibirse y los h o m b r e s , a r m a d o s c o n e l c o n o c i m i e n t o de esas leyes, 
p r o d u c e n ob jetos variables , perecederos , c o r r u p t i b l e s , c o n t i n g e n t e s , 
cosas q u e sí d e j a n de escribirse y usarse, des t inados después de u n 
t i e m p o a la basura o, si c o r r e n c o n suerte , a los negoc ios de a n t i c u a -
r ios y a los museos. L a doxa c o n v e n c i o n a l h a p r i v i l e g i a d o s i e m p r e a l 
saber m a t e m a t i z a d o , t e ó r i c o , p o r e n c i m a d e l saber hacer, p r á c t i c o , 
t é c n i c o . F^n e fec to , la doxa es ¡vaya p a r a d o j a ! l a g r a n d e f e n s o r a de l a 
^ Jacques Derrida, The Beast and the Sovereign, vol., I. C-hicago, Chicago University 
Press. 2009, p. 258. 
D I S P O S I T I V O S Y S E R V O M E C A N I S M O S 23 
epistemeen u n a o p i n i ó n p ú b l i c a g o b e r n a d a p o r e l c i e n t i f i c i s m o . Se h a 
c o n s i d e r a d o q u e la c i e n c i a p r e s i d e y p r e c e d e a la e f i c i e n c i a a u n q u e 
p u e d e h a b e r e f i c i e n c i a s in c i e n c i a ( t a l e l caso de los artesanos) y c i e n -
cia s in e f i c i e n c i a ( c o m o es e l caso, p o r l o c o m ú n , de los a s t r ó n o m o s ) . 
H e m o s de r e c o n o c e r q u e el p r o p i o p r o g r e s o d e las t écn icas h a v u e l t o 
obsoleta esta c ó m o d a y t r a d i c i o n a l d i s t in c ión . H o y e n d ía la c ienc ia 
sigue e n m u c h a s o p o r t u n i d a d e s y c o n entus iasmo e l c a m i n o i n d i c a d o 
p o r e l p e r f e c c i o n a m i e n t o de t o d a clase de i n s t r u m e n t o s q u é l l e g a n 
i n c l u s o a p r o d u c i r nuevas ecuac iones y nuevas f o r m a s de l o rea l : a l -
terac iones e n l a e s t r u c t u r a de los ác idos n u c l e i c o s y, así, otras f o r m a s 
de v i d a , c r e a c i ó n d e a m b i e n t e s d o n d e n o t i e n e n val idez ciertas le-
yes físicas, so luc iones salidas d e las c o m b i n a t o r i a s c i b e r n é t i c a s p a r a 
teoremas centenar ios q u e los g e ó m e t r a s n u n c a p u d i e r o n d i l u c i d a r . 
L a t é c n i c a n o és ya la sierva d e la c i enc ia s ino q u e c o n f r e c u e n c i a 
l a r e l a c i ó n se i n v i e r t e y sucede l o contrario ."* Los servomecanismos 
p u e d e n o r g a n i z a r a la razón e i n c l u s o i m p u g n a r sus m á s labor iosos 
resul tados m o s t r a n d o q u e los c á l c u l o s real izados p o r o m n i s c i e n t e s 
c o m p u t a d o r a s n o c o n f i r m a n a las m e j o r p e r t r e c h a d a s de las teor ías . 
P o r o t r a p a r t e , e n los niveles e c o n ó m i c o y po l í t i c o , la o r g a n i z a c i ó n y 
la i n t e r a c c i ó n e n t r e los s e r v o m e c a n i s m o s es tá e n f u n c i ó n de la d i s t r i -
b u c i ó n d e l p o d e r . E l c o n t r o l d e la a c c i ó n " t é c n i c a " de esta " m a t e r i a 
r a c i o n a l i z a d a " se i n t e g r a e n u n "dispositivo" {Gestell), u n a c o m p l e j a 
a r m a z ó n de recursos {Bestelleri): discursos, t écn icas , insta lac iones , per-
sonal capac i tado , mater ias p r i m a s , invers iones de c a p i t a l , etc., q u e 
t i e n e f u n c i o n e s estratégicas re lac ionadas c o n el c o n j u n t o de la c u l t u -
r a y de la a c t i v i d a d m u n d i a l e n t o d o s los p l a n o s . L a d o m i n a c i ó n d e l 
d i spos i t ivo t e c n o c i e n t í f i c d ' (vale dec ir , d e l c o n j u n t o de los aparatos, 
teor ías y personajes q u e c u m p l e n f u n c i o n e s t é c n i c a s ) es la p r i m e r a 
pa lanca q u e p e r m i t e la d o m i n a c i ó n d é los c u e r p o s y de las c o n c i e n -
cias d e todos los seres vivientes (y n o só lo de los h u m a n o s ) así c o m o 
d e l c o n j u n t o de los recursos p l a n e t a r i o s . Q u i e n c o n t r o l a los relo jes 
c o n t r o l a e l t i e m p o ( — ¡ A t e n c i ó n ! E l ü e m p o c r o n o l ó g i c o ; n o e l t i e m -
p o l ó g i c o ) . Q u i e n c o n t r o l a los aparatos de p o s i c i o n a m i e n t o g l o b a l 
( G P S ) c o n t r o l a e l espacio y e l l u g a r q u e en él o c u p a n los organis -
m o s . ( — ¡ A t e n c i ó n ! Los o r g a n i s m o s ; n o los su jetos) . Q u i e n c o n t r o -
^ Martin Heidegger [1953] en la conferencia que comentaremos extensamente en 
las páginas siguientes de sus Vortrage und Aufsátze, " L a pregunta por la técnica" ("Die 
Frage nach der T e c h n i k " ) , Pfullingen, Vcrlag Gunther Neske, 1954, p. 22. 
24 D I S P O S I T I V O S Y S E R V O M E C A N I S M O S 
la e l m a p a g e n o m i c o c o n t r o l a la i d e n t i d a d . Q u i e n c o n t r o l a el saber 
c o n t r o l a e l hacer y q u i e n goza de la p r o p i e d a d de los aparatos q u e 
p e r m i t e n c o m p u t a r y ca l cu lar c o n t r o l a e l actuar . Q u i e n c o n t r o l a los 
arch ivos c o n t r o l a la m e m o r i a , l a f o r m a e n q u e e l s t i jeto r e c t i e r d a su 
pasado y p e r c i b e su presente . E l de t o d o s y e l d e t o d o . 
Es i m p e n s a b l e e l p o d e r s in esa c o n j u n c i ó n de c o n t r o l e s . S i n e l 
g o b i e r n o q u e e n g r i e g o se dice, cibemetes. 
2. E L D I S P O S I T I V O ( H E I D E G G E R : G E S T E L L ) 
L l e g a m o s así a l t e m a d e l dispositivo, e n s ingular , y de los i n c o n t a b l e s 
dispositivos técnicos, e n p l u r a l , q u e q u i e r o ..enlazar c o n l a p r ó p ü é s 
de los servomecanismos, r e c o n o c i e n d o u n a d i f e r e n c i a de n i v e l e n t r e 
ambas n o c i o n e s p a r a l u e g o p l a n t e a r u n tercer n i v e l , más g e n e r a l , q u e 
i n c l u y a a a m b o s : ese t e rcer n i v e l será e l de los discursos. A d e l a n t o des-
de ya u n a síntesis q u e p r o m e t o d e s a r r o l l a r p a u l a t i n a m e n t e y r e t o m a r 
al l l egar a las c o n c l u s i o n e s sobre la d i s d n c i ó n de tres niveles: u n p r i -
m e r p l a n o , a] de los servomecanismos , d e los i n s t r u m e n t o s t é c n i c o s 
q u e p r o l o n g a n la a c c i ó n d e l c u e r p o y de la i n t e l i g e n c i a "prótes is " , si 
se les q u i e r e l l a m a r así ; u n s e g u n d o p l a n o , bl de la o r g a n i z a c i ó n d e l 
uso de estos e q u i p o s y aparatos a l servic io d e l p o d e r ( e n sus d i s t in t o s 
niveles y m a n i f e s t a c i o n e s ) q u e es el de los disposi t ivos , y u n te rcer 
p l a n o , c] d e la i n t e g r a c i ó n d e l c o n j u n t o d e aparatos y disposi t ivos e n 
u n a r e d c o m p l e j a y e s t r u c t u r a l m e n t e f o r m a l i z a b l e , n o e m p í r i c a , q u e 
es la de los discursos (sólo c u a t r o ) cuyas f ó r m u l a s f u e r o n avanzadas 
p o r L a c a n a fines d e la d é c a d a de 1960 y son esenciales p a r a la c o m -
p r e n s i ó n d e l c a p i t a l i s m o c o m o sistema y la r e l a c i ó n q u e los sujetos 
g u a r d a n c o n él . 
U n o de los móvi les de m i e s c r i t u r a es la c o n f u s i ó n e n to r n o a los 
t 
"d i spos i t ivos" q u e n o surge de la entrevis ta d a d a p o r F o u c a u l t a u n a 
revista de psicoanál is is e n i j u l i o de 1977^ n i d e l p r o f u n d o y p o s t r e r o 
ensayo de Gil íes Deleuze^ q u e c o m e n t a , a m p l i f i c a y n o s i e m p r e res-
pe ta la d e f i n i c i ó n y e l c o n c e p t o p r o p u e s t o p o r F o u c a u l t . L a c o n f u -
s ión r e f e r i d a f u e s e m b r a d a p o r u n t e x t o de G i o r g i o Agamben'^ q u e 
s u p u e s t a m e n t e p r o l o n g a a l de F o u c a u l t , q u e n o m e n c i o n a el e s t u d i o 
d e D e l e u z e y q u e l leva e l m i s m o t í tulo de éste ú l t i m o : Qu*est-ce qu'un 
dispositif? E n e l p e q u e ñ o ensayo de A g a m b e n q u e se discut irá e n de-
' " L e jeu de Micliel Foucault", Omicar?, (10), París, jul io de 1977, pp. 62-93. 
^ Gilíes Deleuze [1988], ("¿Qué es un dispositivo?", en Dos regímenes de locos. Valen-
cia, Pre-Textos, 2007, pp. 305-312. Traducción de Pardo Torio. 
'* Giorgio Agamben, Qv'esl-ce qu'un dispositif?, París, Payot-Rivages (569), 2007. Tra-
ducido del italiano por Martin Rueff. 
[25] 
26 E L D I S P O S I T I V O ( H E I D E G G E R ) 
ta l le e n e l a p a r t a d o 5 de esta p r i m e r a p a r t e , e l c o n c e p t o de " d i s p o -
s i t i v o " es d i l a t a d o de m a n e r a e x o r b i t a n t e hasta e n g l o b a r a todos los 
ob je tos de uso c o t i d i a n o , desde u n c i g a r r i l l o hasta u n a c o m p u t a d o r a 
y hasta e l l e n g u a j e m i s m o , c o n l o cua l la p a l a b r a y la c o n c e p c i ó n 
p r e s u n t a m e n t e i n n o v a d o i a s de F o u c a u l t p i e r d e n p o r c o m p l e t o su 
s e n t i d o filosófico. C o m o d i j e , l o q u e m e p r o p o n g o es c o n t r a p o n e r 
a los " s e r v o m e c a n i s m o s " ( q u e L a c a n e n 1970 l l a m ó , e n u n a l ín ica 
o p o r t u n i d a d , lathouses, v o c a b l o q u e t a m b i é n d i s c u t i r e m o s ) c o n los 
" d i s p o s i t i v o s " d e F o i i c a u l t y D e l e u z e y, a su vez, a éstos , de los "discur-
sos", c u a t r o , q u e , según L a c a n , c o n s t i t u y e n las f o r m a s d e l lazo social . 
D e i n m e d i a t o p o d r e m o s captar la f e c u n d i d a d de esta d i f e r e n c i a c i ó n 
de los " s e r v o m e c a n i s m o s " p a r a ver c ó m o el los se i n t e g r a n a los d i spo-
sitivos, al Gestell de H e i d e g g e r e n t e n d i d o c o m o d ispos i t ivo de todos 
los disposi t ivos f o u c a u l t i a n o s , y m á s t a r d e , e n la segunda p a r t e d e l 
ensayo, c ó m o , e n nuestros t i e m p o s , los i n s t r u m e n t o s t e c n o c i e n t í f i c o s 
se t r a n s f o r m a n e n los agentes de u n n u e v o discurso, sus t i tuto y c o m -
p l e m e n t o d e l d iscurso capital ista , q u e es el ^'discurso de los mercados^'. 
E l t r a b a j o d e análisis c o n c e p t u a l p a r a d i f e r e n c i a r los tres p lanos debe 
(o p r e t e n d e ) d e s e m b o c a r e n ideas f ec u n d as q u e nos o r i e n t e n e n e l 
estado a c t u a l d e la civil ización t e c n o l ó g i c a . E n e l final de n u e s t r o 
t r a b a j o i n t e n t a r e m o s d e m o s t r a r q u e la i n t e r a c c i ó n e n t r e a ] ] servo-
m e c a n i s m o s , b\ dispos i t ivos y e ] ] discursos p e r m i t e d e f i n i r tres t ipos 
d e s o c i e d a d q u e se suceden a l o l a r g o d e l a h i s t o r i a : las sociedades de 
s o b e r a n í a , las sociedades d i s c i p l i n a r i a s y las d e c o n t r o l . 
E n c a m i n a r é l a r e f l e x i ó n t e ó r i c a e v o c a n d o u n a e x p e r i e n c i a perso-
n a l . " S i e m p r e " , o sea, desde q u e p u e d o r e c o r d a r , m e l l a m ó la a ten-
c i ó n u n m o d e l o a r q u e t í p i c o d e " d i s p o s i t i v o " . Ese " a r q u e t i p o " n o es 
u n p r o d u c t o t é c n i c o s i n o u n a s o m b r o s o o b j e t o n a t u r a l : l a web. Sí ; la 
t e l a r a ñ a , ese s u t i l e n t r e t e j i d o de h i l o s tenues d o n d e esos b ichos de 
o c h o patas, p o n i e n d o e n acto su saber i n s t i n t i v o , p r e p a r a n u n a t r a m -
pa , d o n d e es tá ya p r e f i j a d o , p r e d e t e r m i n a d o , as ignado (bestellt), c u i -
d a d o s a m e n t e d i s e ñ a d o , dis-puesto , e l l u g a r de la mosca o e l mosco 
q u e h a b r á de ser su a l i m e n t o . Es e n la web, a d m i r a b l e c o n s t r u c c i ó n de 
la n a t u r a l e z a , d o n d e se p lasma la i n e s p e r a d a revancha d e A r a k h n é so-
b r e la diosa artesanal q u e es M i n e r v a , p a t r o n a de las artes e i n v e n t o r a 
de l a r u e c a (cf. Las metamorfosis d e O v i d i o y " l a t e l a " d e Las hilanderas 
de V e l á z q u e z ) . Es la web — h a b l o a h o r a d e l I n t e r n e t — c o ñ i o i n m e n s a 
organización caótica (valga e l o x í m o r o n ) d e los d i s t in tos discursos (de l 
E L D I S P O S I T I V O ( H E I D E G G E R ) 27 
a m o , de la h is tér ica , de la u n i v e r s i d a d , d e l anal ista , d e l capital is ta , de 
los m e r c a d o s ) c o m o u n a e n o r m e f r a z a d a q u e envuelve al m u n d o y 
e n la q u e se p r o d u c e n — ŝe t r a m a n y e n t r e t e j e n — las subje t iv idades 
d e l presente , i n c l u s o p a r a los q u e n o t i e n e n acceso a e l la . L a tueh, e l 
i n m e n s o h i p e r t e x t o q u e t o d o l o acoge s in r e m i l g o s , s in a u t o r n i ob je-
tivos, q u e se e x t i e n d e c o m o la tela de la a r a ñ a y q u e vive e n cada h i l o , 
e n cada l í n e a de su ingrávida m a t e r i a : 
The spider's touch, how exquisitely fine! 
Feels át each thread, and Uves along the Une. 
A l e x a n d e r P o p e , An Essay on Man (1734) 
Juego c o n los dos sent idos d e web: d i s p o s i t i v o e t o l ó g i c o y o rga -
n i z a c i ó n i n f o r m á t i c a . ¿Es casua l idad q u e los a n g l ó f o n o s h a y a n l l a -
m a d o web y los f r a n c ó f o n o s toile ( t e la ) a l m á s p r o m i n e n t e , a l m á s 
rico, a l m á s p r o d i g i o s o , a l más a m e n a z a n t e , a l m á s d i v i n o y d i a b ó l i c o 
de los d ispos i t ivos o s e r v o m e c a n i s m o s (ya i n t e n t a r e m o s ac larar esta 
d i s y u n c i ó n ) q u e hasta h o y se h a n p r o d u c i d o e n la h is tor ia? ¿ Q u i é n 
se a t rever ía a pensar q u i é n e s s o n los moscos y las moscas q u e t ie -
n e n su l u g a r " a s i g n a d o " (a-s ignado, p r e - p a r a d o ) e n la I n t e r n e t ? ¿ U n 
s e r v o m e c a n i s m o o u n disposi t ivo? T o d a v í a n o h e m o s d e c i d i d o si se 
t ra ta de u n o u o t r o y, pues to q u e p o d e m o s navegar e n t r e las dos de-
n o m i n a c i o n e s , cabe t a m b i é n q u e r e c o n o z c a m o s p r o v i s i o n a l m e n t e 
c i e r t a a n a l o g í a de ambas c a t e g o r í a s . E n l a m e d i d a e n q u e " s i r v e " a 
sus usuar ios y a l m i s m o t i e m p o los p o n e a su " s e r v i c i o " , s i e n d o u n re-
curso t e c n o c i e n t í f i c o , la vj^b es u n " s e r v o m e c a n i s m o " y e l m á s avan-
zado e n t r e e l los . E n la m e d i d a e n q u e es u n c o n j u n t o d i s p a r y he te -
róc l i to d e i n f o r m a c i o n e s , r e g u l a c i o n e s , p r o p o s i c i o n e s d o c t r i n a r i a s y 
d i s t r i b u c i o n e s j e r a r q u i z a d a s d e l saber-poder , o r g a n i z a d a p a r a servir 
a discursos c o n t r a p u e s t o s y e n f r e n t a d o s e n t r e sí p o r l a d o m i n a c i ó n 
de las masas h u m a n a s a n i v e l p l a n e t a r i o , I n t e r n e t es u n " d i s p o s i t i v o " 
y n o u n o c u a l q u i e r a , s ino a q u e l q u e absorbe c o n v o r a c i d a d a la t o -
t a l i d a d d e l saber, e l q u e g u a r d a e n ac to o e n p o t e n c i a las co o r d e n a -
das t e m p o r a l e s , espaciales e i d e n t i t a r i a s de t o d o s y cada u n o de los 
usuar ios d e ese gigantesco " s e r v o m e c a n i s m o " . Esta es la n u e v a f o r m a 
h i s t ó r i c a q u e h a n t o m a d o los Uamadps "seres h u m a n o s " . E n ese c o n -
j u n t o d e las c o m p u t a d o r a s i n t e r c o n e c t a d a s se e n c a r n a la m e m o r i a 
y e l saber de la especie. Y cada u n o está i n v i t a d o — c o a c c i o n a d o — a 
28 K L D I S P O S I T I V O ( H E I D E O G E R ) 
t o m a r su l u g a r e n él . Es all í , e n ese s u c e d á n e o d e l Saber A b s o l u t o , 
d o n d e se d e f i n e e l "ser soc ia l " . 
M o s t r e m o s desde ya nuestras cartas: la web es un. d i spos i t ivo , n o 
u n o m á s , es ^¿dispositivo, e n la m e d i d a e n q u e se la cons idere c o m o 
e l g r a n d i o s o a r c h i v o de la m e m o r i a h u m a n a q u e t o d o l o c u b r e y q u e 
r e ú n e e l c o n j u n t o de las obras de la c u l t u r a , e l u n i v e r s o c o m o i n m e n -
sa a c u m u l a c i ó n de signos e n la q u e figura (o figurará) t o d o l o q u e 
p u e d e l l e g a r a saberse. Un d i spos i t ivo , el dispositivo, que se ofrece como 
si fuese un servomecanismo neutral, casi natural, a l a lcance y a las ó r d e -
nes d e c u a l q u i e r a q u e p u e d a e n c h u f a r s e . U n a t e l a r a ñ a q u e , c o m o 
t a l , hace s e m b l a n t e de n o t e n e r i n t e n c i o n e s . L a web p o d r í a ser vista 
c o m o u n s e r v o m e c a n i s m o si se la redujese a la c o n d i c i ó n de o b j e t o , 
u n o b j e t o e n t r e m u c h o s , q u e c u m p l e u n a f u n c i ó n i n s t r u m e n t a l e n e l 
d e s a r r o l l o d e l proceso de d e v e l a m i e n t o d e l o rea l e n la q u e está c o m -
p r o m e t i d a n u e s t r a especie ba jo las banderas de a l g u n a m o d a l i d a d 
h i s t ó r i c a m e n t e d e t e r m i n a d a d e l "d iscurso d e l a m o " y q u e se presenta 
h o y e n d ía c o m o "discurso d e la c ienc ia" . ¿Es la r e d — c o m o m u c h o s 
p iensan—- e l d e s t i n o (Geschick) e n c a r n a d o de la h u m a n i d a d q u e hace 
d e t o d a l a i ñ f o r n i a c i ó n a c u m u l a d a y de t o d o l o escr i to a l o l a r g o de 
las eras, s imples precursores de este c o m p e n d i o e n constante crec i -
m i e n t o y a rbor izac ión , s in autor , s in fin n i finalidades, u n p u r o " m e -
d i o " carente de objet ivos, u n " h i p e r t e x t o " servic ia l y disperso e n e l 
q u e , gracias a los eslabones (links) se cons t i tuye u n c o n j u n t o i n f i n i t o 
d é s ignos d e l q u e nada , d e l q u e n a d i e , está, e n p r i n c i p i o , e x c l u i d o y 
a l q u e c u a l q u i e r a , al q u e t o d o s , t i e n e n acceso? ¿Es " l a r e d " , " la te la" , 
u n aspecto i n d i s o c i a b l e d e l anthropos, d e l zoon politikon —-así c o m o la 
t e l a r a ñ a es u n a p r o p i e d a d i n d i s o c i a b l e d e l o c t ó p o d o q u e la segrega? 
¿Es esta prótes is d e l c e r e b r o u n s e m b l a n t e , u n equiva lente , d e l o b j e t o 
@ de L a c a n , causa d e l deseo y p r o v e e d o r de u n goce sobrante , u n 
p l u s d e goce d e l i n d i v i d u o y de l a especie? ¿ P u e d e d e f i n i r s e a cada 
ser h u m a n o c o m o u n a " t e r m i n a l " sensor ia l y m o t r i z d e l i n m e n s o 
aparato? ¿ H e m o s v i v i d o los m i l e n i o s de nues t ra h i s t o r i a p a r a acabar 
envue l tos e n esta noOsfera, aletosfera, tecnosfera i m p e r s o n a l de las 
babas segregadas p o r la escr i tura e n f o r m a de signos " i n t e r a c t i v o s " 
q u e r e s p o n d e n a go lpec i tos sobre u n mouse o sobre u n cristal? 
E n c u a l q u i e r caso, d ispos i t ivo o s e r v o m e c a n i s m o —dispos i t ivo si se 
la t o m a c o m o c o n j u n t o q u e e n s a m b l a y g o b i e r n a e l saber h u m a n o 
d e n t r o de estrategias de p o d e r , servomecanismo si se la c o n s i d e r a c o m o 
E L D I S P O S I T I V O ( H E I D E G G E R ) 29 
u n o b j e t o o i n s t r u m e n t o q u e sirve a sus usuar ios p e r o a la vez los hace 
siervos de sus p r o c e d i m i e n t o s y l i m i t a c i o n e s — r e f u l g e l a sospecha 
de q u e a lgo n o p u e d e i n c l u i r s e e n la r e d , hay a lgo q u e l a excede y 
que d i b u j a su l ími te , q u e n o p u e d e archivarse e n su e s t r u c t u r a de 
i n t e r c o n e x i o n e s , u n o b j e t o escandaloso, q u e t i e n e u n n o m b r e y u n a 
t radic ión q u e es y t e n d r á q u e ser cada d ía m á s m a l d i t a p r e c i s a m e n t e 
p o r ser ina^simil^ihlc: el inconsciente freudiano, n o c u a n t i f i c a b l e , n o cal-
culable , i m p e r m e a b l e a su i n c l u s i ó n e n u n sistema b i n a r i o d e u n o s y 
ceros. ¿ C ó m o y q u i é n p o d r í a d i g i t a l i z a r a los s u e ñ o s o a los lapsus, a 
los s ín tomas y a l s insent ido? N o s e n c o n t r a m o s ante u n p l u s de sabei 
eso q u e n o p u e d e saberse— y ante u n i n c a l c u l a b l e p l u s de gozar. 
¿Podrá d e f i n i r s e r e t r o a c t i v a m e n t e , a p a r t i r de n u e s t r a a c t u a l i d a d téc -
nica , al i n c o n s c i e n t e , e l q u e f u e p o s t u l a d o h a c i a 1900, c o m o e l O t r o 
d e l saber u n i v e r s a l m a t e r i a l i z a d o e n la red? Es u n a de mis propuestas . 
¿Un O t r o d e l O t r o cuya p o s i b i l i d a d m i s m a f u e n e g a d a p o r L a c a n : 
" n o hay O t r o d e l O t r o " ? ¿Será "eso" e l i n c o n s c i e n t e , e l O t r o d e l suje-
to supuesto saber r e p r e s e n t a d o p o r l a web, u n O t r o cuya natura leza 
sólo p u e d e develarse c u a n d o l a h u m a n i d a d toca su d e s f i n o ba jo la 
f o r m a d e la c o d i f i c a c i ó n y r e g i s t r o d e l saber universal? Es o t r a de 
mis propuestas . ¿El f u n d a m e n t o de o t r o dispositivo, e l ana l í t i co , q u e 
es la a l t e r n a t i v a al d o m i n i o d e l saber i n f o r m á t i c o , u n espacio d o n d e 
se cons t ruye otro saber? ¿ C o n s i d e r a r e m o s q u e e l todo-saber de la r e d 
de c o m p u t a d o r a s t r o p i e z a c o n e l n o - t o d o d e l inconsc iente? T a m b i é n 
eso p r o p o n g o . 
E l l u g a r d e l i n c o n s c i e n t e e n e l m u n d o de las t écn icas p o s t i n d u s -
triales, p o r l o t a n t o , e l l^^ar d e l d iscurso ps i coana l í t i co , revés d e l 
discurso d e l a m o , será e l t e m a c r u c i a l de nuestras r e f l e x i o n e s e n la 
segunda p a r t e de este ensayo c u a n d o a b o r d e m o s la r e l a c i ó n e n t r e los 
servomecanismos y los discursos s e g ú n L a c a n , t o m a n d o e n c u e n t a la 
d o m i n a n c i a i n d i c a d a p o r él d e l d iscurso capita l is ta . 
Para esclarecer la dis t inc ión e n t r e d i spos i t ivo (s) y servomecanis-
m o s es r e c o m e n d a b l e u n a e x c u r s i ó n p o r la h i s t o r i a i n c l u y e n d o los 
n o m b r e s e q u í v o c a m e n t e convocantes , c o m o si hab lasen de l o m i s m o , 
c o m o si n o hubiese d i f e r e n c i a e n t r e sus p l a n t e a m i e n t o s , de c iertos 
precursores^ y de F o u c a u l t , D e l e u z e y A g a m b e n . P e r m i t á m o n o s , des-
p u é s de seña lar la a m b i g u a y d i s c u t i b l e presenc ia de A g a m b e n , q u i t a r 
^ Insertemos desde ya sus nombres: Heidegger, M c L u h a n , Mumford, Althusser. 
E l . D I S P O S I T I V O ( k E I D E G O E R ) 
de la l is ta de qu ienes p r e c o n i z a r o n el c o n c e p t o de "d i spos i t ivos" a L a -
c a n pues é l n u n c a se p r e g u n t ó q u é es u n d i s pos i t iv o a u n q u e haya usa-
d o (si n o es q u e i n v e n t a d o ) los s intagmas " d i s p o s i t i v o a n a l í t i c o " p a r a 
re fer i r sea l c o n o c i d o y tantas veces c a r i c a t u r i z a d o a r r e g l o a s i m é t r i c o 
c o n el s i l lón y e l diván y "d ispos i t ivo d e l pase" p a r a invest igar las vic is i -
tudes de la t e r m i n a c i ó n de u n análisis y p a r a d e c i d i r d e los lugares de 
los anal izados e n su inst i tución. D e j e m o s de l a d o el r e c u e r d o d e q u e 
él n u n c a \l¿íTnó dispositivo', p o r l o m e n o s hasta d o n d e yo r e c u e r d o , 
a a q u e l i n s t r u m e n t o q u e in ic ió su f a m a , el espejo, y q u e , de n u e v o , 
si l a m e m o r i a n o m e fal la , los d e m á s ( F o u c a u l t , D e l e u z e , A g a m b e n , 
t a m p o c o H e i d e g g e r ) , hayan p e n s a d o e n ese ar te fac to t é c n i c o (ser-
v o m e c a n i s m o ) q u e h i z o la desgracia d e N a r c i s o . E l f a m o s o espejo, 
m o d e l o de t o d a re -presentac ión {Vorstellung} q u e nos s u m e r g e e n e l 
i n s o n d a b l e y m a r a v i l l o s o , a veces t e r r i b l e , r e g i s t r o de l o i m a g i n a r i o . 
A h o r a b i e n , si q u i t a m o s a L a c a n h a b r í a q u e c o l o c a r e n su l u g a r 
de b a s a m e n t o — y p o r eso le c o r r e s p o n d e u n l u g a r p r i m e r o e n e l 
o r d e n a m i e n t o de nuestras r e f l e x i o n e s a u n t e x t o m á s a n t i g u o , e l 
f a m o s o ensayo de H e i d e g g e r , la pregunta p o r la técnica,^ d o n d e la 
p a l a b r a " d i s p o s i t i v o " e n c u e n t r a su exac to l u g a r c o n c e p t u a l c o m o Ges-
tell: l o q u e es pues to y dispuesto , e l m a r c o , l a m o n t u r a , e l s o p o r t e , la 
e s t a n t e r í a . E l v e r b o a l e m á n 5¿í¿¿m s ign i f i ca , m u y p r e c i s a m e n t e , p o n e r , 
d i s p o n e r y d e r i v a d e l lat ín installare con e l s i g n i f i c a d o de " p o n e r a lgo 
e n e l l u g a r q u e le estaba i n d i c a d o " . Gestell: arraisonnement, t r a d u c e al 
f r a n c é s , escandalosamente , A n d r é P r e a u (c i t . ) q u e t i e n e a la m a n o 
p e r o p r e s c i n d e de la p a l a b r a "'dispositif, m u c h o m á s precisa . "Estruc-
t u r a de e m p l a z a m i e n t o " , trasluce al e s p a ñ o l , de m a n e r a n o m e n o s 
d i s c u t i b l e , Francisco Soler.^ Dispositivo, es, pues, l o q u e es tá pre-pa-
r a d o , dis-puesto, c o m o u n c o n j u n t o . E n su t r a b a j o H e i d e g g e r r e p i t e 
n o m e n o s de q u i n c e veces q u e e l dispositivo {Gestell) es " la esencia de 
^ Martin Heidegger [1953]. "Die Frage. . . " cit. E n francés: " L a question de la techni-
que", en Essais et conférences, París, Gallimard (Tel, 52), pp. 9-48. Traducción de André 
Preau. De esa edición tomo los números de página. Las citas que siguen en español 
han sido traducidas por mí a partir del original en alemán. Entre las distintas versiones 
en español recomiendo la de Francisco Soler: " L a pregunta por la técnica", en Filosofía, 
ciencia y técnica. Santiago de C^hile, 1997, pp. 111-148. De todos modos creo indispensa-
ble una vigilancia constante sobre los significantes heideggerianos y remitirse al texto 
original para resolver cualquier duda. 
Martín Heidegger, Filosofía, ciencia y técnica, Santiago de Chile , Editorial Univcrsi-
taria,1997, pp. 111-148. 
E L D I S P O S I T I V O ( H E I D E G G E R ) 31 
la t é c n i c a m o d e r n a " . N u n c a r e c u r r e a la p a l a b r a e n p l u r a l , Gestellen, 
cosa q u e le h u b i e r a s ido fáci l ; s i e m p r e H e i d e g g e r u t i l i z a e l s i n g u l a r : 
dispositivo. E l d i spos i t ivo n o es u n m e d i o p a r a alcanzar fines; es la 
"esencia" {Wesen) de la t é c n i c a . H a y q u e de-velar {entbergen), hacer 
que se m a n i f i e s t e , t r a e r hac ia ade lante (hervorbringen), esa "esencia" o 
" f u n d a m e n t o " (Grund) de la t é c n i c a e n a lgo q u e n o es t é c n i c o : e n e l 
d ispos i t ivo . ¿A q u é tiende la t é c n i c a ? A la p r o - d u c c i ó n (herattsfordem) 
q u e es e l d e s - c u b r i m i e n t o , la reve lac ión (a-letheia) de l o rea l i m p e r -
cept ib le . Si e l agua de l a represa le jana se t r a n s f o r m a e n i l u m i n a c i ó n 
de nuestras habi tac iones es p o r q u e lo r e a l de la luz es tá c o n t e n i d o y 
o c u l t o e n e l agua hasta q u e la a c t i v i d a d h u m a n a , g u i a d a p o r la c i e n -
cia, l o revela, l o hace surgir , e n u n a a c t i v i d a d q u e és t a n t o t é c n i c a 
c o m o p o i é t i c a ( son los dos sent idos de tekhné en g r i e g o : ar te y práct i -
ca t r a n s f o r m a d o r a ) . "Pues t o d o producirse f u n d a e n el d e v e l a m i e n t o " 
( p . 17) "y es p o r e l l o q u e la t é c n i c a n o es u n m e d i o s ino u n m o d o 
de la d e s o c u l t a c i ó n (d^letheia)". Es u n a " p r o - v o c a c i ó n " (herausfordern) 
h e c h a a l a n a t u r a l e z a q u e es p o r la t é c n i c a c o n m i n a d a a l i b e r a r u n a 
e n e r g í a q u e p u e d e , c o m o t a l , ser e x t r a í d a y a c u m u l a d a . U n a vez q u e 
sé d i s p o n e de e l la , sé\e:p\ieó.e asignar (bestellen, commettredice l a d i scu-
t ib le t r a d u c c i ó n a l f r a n c é s ) la tarea de calentar , i l u m i n a r , m a n t e n e r la 
m a r c h a de los m o t o r e s o los e q u i p o s de c o m u n i c a c i ó n . Mi les de usos 
a los q u e se presta e l " h a d a e l e c t r i c i d a d " s e g ú n el e n o r m e c u a d r o de 
R a o u l D u í y a l r e d e d o r d e l c u a l g i r a el M u s e o de A r t e M o d e r n o de l a 
c i u d a d d e París . L a técnica» i n t e r p e l a y pro-voca a la na tura leza . E l 
aparato q u e e l la p r o d u c e , p o n g a m o s c o m o caso y e j e m p l o al avión, 
n o es u n m e r o o b j e t o (Ge^nstand) s i n o q u e está as ignado a p e r m i -
t i r la p o s i b i l i d a d de u n t r a n s p o r t e , y q u e l o esté " e n t o d a su cons-
t rucc ión , e n cada u n a de sus par tes . . . L a m á q u i n a es a b s o l u t a m e n t e 
d e p e n d i e n t e pues su ser sólo l o o b t i e n e de u n a as ignac ión q u e le es 
d a d a . " ( p . 23) ¿Por q u i é n ? ¿Por e l h o m b r e ? ¡ N o ! P o r e l d ispos i t ivo , 
p o r el Gestell: t a m b i é n el h o m b r e es as ignado a real izar e l e n c a r g o 
d e n t r o de la i n m e n s a m a q u i n a r i a d e l d i spos i t ivo (e l " m o d o de p r o -
d u c c i ó n " , p o d r í a decirse e n o t r o v o c a b u l a r i o , e l m a r x i s t a ) . Por eso se 
hab la de los "recursos h u m a n o s " , de la " p o b l a c i ó n de u n h o s p i t a l " , 
etc. E l h o m b r e t a m b i é n es u n " r e c u r s o " (Bestand) ca lculable , extra í -
b le , a c u m u l a b l e . " A l entregarse a la t é c n i c a , é l t o m a p a r t e de la asig-
n a c i ó n c o m o u n m o d o d e l d e v e l a m i e n t o " ( p . 2 5 ) . " D e m o d o q u e la 
t é c n i c a m o d e r n a , e n t a n t o q u e d e - v e l a m i e n t o q u e asigna (bestellt) n o 
32 K L D i s p o s r r i v o ( H E I D E G G E R ) 
es u n acto p u r a m e n t e h u m a n o " ( p . 2 6 ) . "Esta l l a m a d a p r o v o c a d o r a 
q u e a c o m o d a a l h o m b r e ( a l r e d e d o r d e la tarea) es l o q u e l l a m a m o s 
e l D i s p o s i t i v o {das Gestell) y nos a r r iesgamos a usar esta p a l a b r a e n 
u n s e n t i d o q u e es p a r a nosot ros c o m p l e t a m e n t e i n s ó l i t o " ( i d . ) - ''En 
su significaciÓ7i (Bedeutung) habituar ( n o s o t r o s subrayamos ; n o e n la 
i n n o v a d o r a c o n c e p c i ó n de H e i d e g g e r ) , e n l a a c e p c i ó n q u e p r o p o n e 
el d i c c i o n a r i o , e l d ispos i t ivo es u n o b j e t o útil , u n i n s t r u m e n t o q u e 
sirve p a r a a lgo , p o r e j e m p l o , u n a e s t a n t e r í a p a r a l i b r o s o i n c l u s o u n 
esqueleto . P o r esta razón e l dispositivo, c